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Capital

Bernal fica proibido de advogar por “calote” em ex-catadora de recicláveis

A denúncia veio à tona em 2013; a ex-catadora, Dilá Dirce, foi até a OAB relatando que Bernal, seu advogado à época, ficou com dinheiro de indenização que ela ganhou na Justiça

Anahi Zurutuza | 28/01/2019 15:17
Prefeito Alcides Bernal (PP), registrando sua candidatura à reeleição em 2016 (Foto: Alcides Neto/Arquivo)
Prefeito Alcides Bernal (PP), registrando sua candidatura à reeleição em 2016 (Foto: Alcides Neto/Arquivo)

Denunciado por “dar calote” em ex-catadora de materiais recicláveis, o ex-prefeito de Campo Grande Alcides Bernal (PP) foi julgado e proibido pela da OAB-MS (Ordem dos Advogados do Brasil) de advogar por 30 dias, ou até prestar contas sobre o serviço prestado à cliente. A suspensão do registro foi decisão de uma das turmas do Tribunal de Ética e Disciplina sob a relatoria da advogada Jisele Porto Nogueira Braga.

A denúncia veio à tona em 2013. A ex-catadora, Dilá Dirce, foi até a OAB relatando que Bernal, seu advogado à época, ficou com dinheiro de indenização que ela ganhou da Vega Engenharia Ambiental, antiga concessionária do serviço de coleta de lixo em Campo Grande, por ter sido atropelada no lixão.

Dilám Dirce em entrevista à TV Record em 2013  (Foto: Reprodução TV Record)
Dilám Dirce em entrevista à TV Record em 2013 (Foto: Reprodução TV Record)

O escândalo teve repercussão nacional, já que Bernal virou tema de nota na revista Veja, no dia 4 de setembro de 2013, acusando-o de ter “se apropriado do dinheiro de indenização” da cliente. Depois, o Domingo Espetacular, da Rede Record, veiculou ampla reportagem sobre o tema.

Dilá ganhou indenização 106 salários mínimos (cerca de R$ 108 mil à época). Depósitos foram feitos em uma conta judicial aberta no nome dela, mas Bernal, conforme a denúncia, teria feito ao menos dois saques. A ex-catadora alega não ter recebido parte do dinheiro.

Decisão – Presidente da Comissão de Ética da OAB-MS, a advogada Marta Taques, explica que o advogado de Bernal foi informado em novembro da decisão e que não houve recurso. Por isso, a partir desta terça-feira (29) a punição será aplicada. “A OAB não pune por quantias retidas [pelo advogado], não interessa se é R$ 1 milhão ou R$ 500 –, pune a conduta do advogado. Ele [Bernal] não prestou contar completas e foi punido”.

Marta destacou que Bernal só poderá continuar advogando em processos de 1º grau e de pequenas causas, “casos que qualquer um pode atuar em causa própria”. “Já informamos o CNA (Conselho Nacional de Advocacia) e a suspensão vale a partir de amanhã”.

Outro lado – Bernal se defende lembrando que as acusações apareceram em 2013, primeiro ano do turbulento mandato dele – que teve direito a cassação e “dois prefeitos”. “Essa é uma situação que foi ligada à campanha política”, disse e completou que para ele, a denúncia e agora, a decisão da OAB são “tentativas claras de difamação” dos “interessados em manchar a reputação constantemente e sem medidas” dele.

Bernal disse ainda que foi surpreendido com a decisão, uma vez que como tem um advogado acompanhando o processo, não estava a par do andamento. Ele afirmou que vai recorrer ao Conselho Federal da OAB. “A OAB como todo e qualquer órgão podem cometer erros. É por isso que existem recursos”.

O ex-prefeito aproveitou a entrevista para dizer que vai tomar providências contra quem quer difamá-lo. “Fico indignado, mas estou tranquilo. Esta é uma questão muito simples de ser resolvida, é só verificar os depósitos foram feitos [para a ex-catadora]. Ela foi por mim defendida, eu ganhei a ação, ela recebeu a indenização e tratamento, recebe pensão até hora. O duro é que uma mentira espalhada é difícil de desmentir”.

Dilá não mora mais em Campo Grande e a defesa informou apenas que faz questão de mantê-la protegida.

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