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Capital

Bombeiros apontaram 6 irregularidades no autódromo

Espaço foi alvo de fiscalização dos militares na manhã de segunda-feira, após um acidente com morte em evento

Por Ana Paula Chuva | 04/06/2024 13:09
Estacionamento na entrada do Autódromo Internacional de Campo Grande (Foto: Henrique Kawaminami | Arquivo)
Estacionamento na entrada do Autódromo Internacional de Campo Grande (Foto: Henrique Kawaminami | Arquivo)

Relatório do Corpo de Bombeiros apontou seis irregularidades no Autódromo Internacional de Campo Grande. O local foi alvo de fiscalização na manhã de segunda-feira (3), um dia depois do acidente que matou Nicholas Yann dos Santos Jesus, 20 anos, e teve o alvará cassado, além de ser multado em R$ 48.770,00.

Conforme o levantamento, enviado ao Campo Grande News nesta terça-feira (4), mostra que os problemas encontrados foram: falta de manutenção no sistema de alarme e no sustentável de bomba de incêndio. Além de falta de iluminação e sinalização de emergência, conforme o projeto apresentado à corporação.

O local também não tinha atestado de Responsabilidade Técnica de conformidade das instalações elétricas e com laudos dos vasos de pressão, bem como atestado de brigada de incêndio.

“O autódromo possuía certificado válido por declaração, após a vistoria foram constatadas as irregularidades no que é exigido para a concessão do documento. Devido a isso o autódromo teve seu certificado de vistoria cassado e tem sete dias para se adequar, não podendo realizar qualquer evento enquanto não houver novo certificado”, disse em nota.

Festa clandestina – O evento realizado no autódromo na noite deste sábado (1º) e que terminou com a morte de Nicholas, na madrugada de domingo (3), não tinha alvará para acontecer, de acordo com a Semadur (Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Desenvolvimento Urbano).

Em nota, a Semadur informou que não recebeu nenhum pedido de autorização para a realização do Motor Sound Brasil, o que seria obrigatório para a categoria da festa. “Portanto não foi emitido nenhum alvará”, diz a pasta, deixando claro se tratar de encontro clandestino.

Policiais que foram ao local da festa para registrar o acidente fatal também já haviam dito que o evento aconteceu de forma ilegal. Para se ter uma ideia, uma caminhonete Volkswagen Amarok fez papel de ambulância para atender Nicholas por “socorristas particulares”, contratados pela organização.

Conforme boletim de ocorrência, o evento foi organizado pelo influencer Rodolfo Manolo Batistote Morro, 40, e por homem identificado como “dono do autódromo”, de nome João Pedro. A festa reuniu cerca de 2 mil pessoas, que pagaram R$ 20 para entrar no local. A entrada de carros e motos também foi cobrada (R$ 20 por veículo), segundo material de divulgação. Ainda de acordo com o registro policiais, motociclistas faziam manobras perigosas nas pistas sem usar capacetes.

Outro lado – Ao Campo Grande News, João Pedro diz ser “neto do proprietário do local”. “A gente aluga o espaço para o pessoal fazer o evento”, afirmou, embora o boletim de ocorrência o aponte como um dos organizadores e banners da divulgação do evento também.

Ele afirmou ainda que “nenhum evento no autódromo é feito ilegalmente”. “A gente paga aí mais de R$ 50 mil de licença de bombeiro, de polícia anual. Tem contrato, tem tudo, tudo, tudo. A gente nunca teve um evento ilegal lá dentro, tá?”, disse à reportagem por áudio de WhatsApp neste domingo.

Procurado pela Polícia Civil Manolo, segue ativo nas redes sociais, embora não tenha aparecido para dar esclarecimentos. Ainda ontem, ele apagou as postagens que chamavam para a festa, e hoje, por volta das 11h30, postou foto nos stories do Instagram com a legenda: “Que Deus ilumina e conforta todos nós [sic]”.

Dono de página com 100 mil seguidores, Manolo também se manifestou, na tarde deste domingo, com frase que não sai da boca de quem ganha a vida como criador de conteúdo digital. “Vou falar nada hoje a respeito. Quem mi conhece sabe do meu coração [sic]”, afirmou nos stories. Ele ignorou todas as tentativas de contato da reportagem até agora.

Manolo responderá por homicídio com dolo eventual (quando alguém assume o risco de matar). Ele também será investigado por descaracterização da cena do crime, já que mandou retirar do local a motocicleta que Nicholas usava quando sofreu acidente.

Latas de cerveja e outros resíduos deixados no autódromo após evento com morte (Foto: Divulgação | PCMS)
Latas de cerveja e outros resíduos deixados no autódromo após evento com morte (Foto: Divulgação | PCMS)

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