Consórcio confirma repasse de R$ 3 milhões e admite que não priorizou salários
Audiência no TRT-24 expõe impasse entre sindicato, prefeitura e empresa do transporte coletivo da Capital

A audiência de conciliação que está sendo realizada nesta terça-feira (16), no TRT -24 (Tribunal Regional do Trabalho da 24ª Região), colocou frente a frente representantes do sindicato dos motoristas, da prefeitura e do Consórcio Guicurus, responsável pelo transporte coletivo de Campo Grande, em meio à paralisação da categoria motivada pelo atraso no pagamento de salários.
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A audiência de conciliação no TRT-24 reuniu representantes do sindicato dos motoristas, prefeitura e Consórcio Guicurus para discutir a paralisação do transporte coletivo em Campo Grande. O presidente do sindicato, Demétrio Freitas, justificou o descumprimento da liminar que exigia 70% da frota em operação, citando as dificuldades financeiras dos trabalhadores. O presidente do consórcio, Themis Oliveira, confirmou o recebimento de R$ 3 milhões da prefeitura, mas admitiu que o valor não foi priorizado para o pagamento dos salários atrasados. Segundo ele, parte do montante foi destinada a compromissos anteriores, como diesel e peças, alegando uma situação financeira complexa da empresa.
Logo no início da sessão, o presidente do sindicato dos motoristas, Demétrio Freitas, foi questionado pelo desembargador do trabalho César Palumbo sobre o não cumprimento da liminar que determinava a manutenção de 70% da frota em circulação, mesmo sob pena de multa, que inicialmente era de R$ 20 mil e posteriormente foi elevada para R$ 100 mil.
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Em resposta, Demétrio afirmou que a decisão de não retornar ao trabalho partiu dos próprios motoristas, que, segundo ele, enfrentam graves dificuldades financeiras e emocionais, impossibilitando a volta normal ao trabalho.
“Eu levei a situação [da multa] para os trabalhadores e eles optaram por não voltar, por não ter condições psicológicas de dirigir pelas ruas de Campo Grande. Trabalhador não tem condições de transportar vidas com a conta de luz cortada e sem comida na mesa. Eles decidiram não voltar. Eu só represento, quem decide quem volta ou não são eles”, declarou o dirigente sindical durante a audiência.
Ao se manifestar, o desembargador César Palumbo reconheceu o desgaste enfrentado pela categoria, mas ponderou sobre os impactos da paralisação para a população da capital. “Não desconsidero e nem diminuo o desgaste da categoria que se vê sem receber parte do salário, mas a população também clama por uma solução”, afirmou o magistrado, destacando a necessidade de um equilíbrio entre o direito dos trabalhadores e o interesse público.
Um dos momentos mais esperados da audiência ocorreu quando o presidente do consórcio, Themis Oliveira, foi questionado sobre os recursos repassados pela prefeitura. Ele confirmou que o município efetuou um repasse de R$ 3 milhões na última sexta-feira (12), mas admitiu que o valor não foi direcionado prioritariamente para o pagamento da parcela salarial atrasada dos motoristas.
Segundo Themis, o consórcio enfrenta uma situação financeira mais ampla e complexa, e o pagamento de salários, por si só, não garantiria o retorno imediato dos ônibus às ruas. “Hoje o consórcio não tem caixa disponível para pagar essa outra parcela de 50%. Confirmo [o depósito da prefeitura], mas é preciso olhar isso de uma maneira maior. Só salário não faz a frota ir para rua. Eu tenho que pagar diesel, pagar peça e uma série de questões”, afirmou.
Ainda conforme o representante das empresas, parte dos R$ 3 milhões recebidos foi utilizada para quitar compromissos antigos. “Dentro desses 3 milhões haviam recursos que eram devidos de setembro, agosto… meses passados que tínhamos compromisso”, completou, deixando claro que o pagamento dos salários atrasados não foi tratado como prioridade naquele momento.


