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Capital

Campanha tenta mudar nomes das ruas Costa e Silva e Ernesto Geisel

Ângela Kempfer | 16/06/2013 13:59

O Comitê Memória Verdade e Justiça de Mato Grosso do Sul lança campanha para mudar os nomes de duas das principais vias de Campo Grande, as avenidas Costa e Silva e Ernesto Geisel, em Campo Grande. A ideia faz parte de um movimento nacional para apagar homenagens feitas aos membros da ditadura militar.

O marechal Artur da Costa e Silva foi o segundo presidente do regime militar instaurado em 1964. Considerado linha dura, foi responsável pela promulgação do AI-5, instrumento que deu ao governo poder de caçar políticos e institucionalizar a repressão e a tortura no Brasil. Já Ernesto Geisel deu início à abertura política e assinou o ato de criação de Mato Grosso do Sul, mesmo assim entrou para a história como homem do regime.

Os detalhes sobre a campanha serão anunciados amanhã, durante reunião do comitê no DCE (Diretório Central dos Estudantes) da Universidade Federal.

O grupo pretende reunir 9 mil assinaturas para assim apresentar projeto de iniciativa popular para a mudança das duas avenidas por nomes de personalidades perseguidas aqui no Estado durante a Ditadura Militar.

“É uma iniciativa que partiu do DCE. Em alguns lugares do Brasil já conseguiram esse tipo de mudança, como em Porto Alegre”, diz o coordenador estadual do Comitê, Lairson Palermo.

Em São Paulo o mesmo ocorreu, foi a primeira capital brasileira a rebatizar o nome de vias que homenageavam autoridades ligadas à ditadura. Uma delas é a rua Sérgio Paranhos Fleury, delegado chefe do esquadrão da morte. Tramita na Câmara dos Vereadores a proposta do PCdoB de trocar o nome para Rua Frei Tito, que se matou, aos 28 anos depois de 40 dias sob tortura amando de Fleury.

Antes, o prefeito Fernando Haddad teve de promulgar uma lei que permite a troca de nomes dos logradouros que prestem homenagem a “autoridade que tenha cometido crime de lesa-humanidade ou graves violações de direitos humanos”.

Atualmente, em Campo Grande, a mudança só pode ser feita quando existe algum logradouro com o mesmo nome, no caso de ser homenagem à pessoa viva ou se expõe os moradores ao ridículo.

O Comitê sul-mato-grossense auxilia a Comissão Nacional da Verdade. Desde maio do ano passado, quando foi criado, já foram realizadas duas audiências para ouvir relatos de vítimas da ditadura militar nesta região do País. Outros dois depoimentos serão ouvidos em julho.

O grupo também passa a investigar de forma detalhada o caso conhecido por “Navio Prisão”, em Corumbá.
Relatos à comissão nacional da verdade indicaram que um dia depois do o golpe militar de 31 de março de 1964, militantes, políticos e religiosos acusados de subversão foram capturados e levados para a embarcação no meio do Pantanal, onde sofreram tortura.

Segundo o comitê, Corumbá era um dos alvos do regime militar porque reunia militantes comunistas argentinos, paraguaios e bolivianos.

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