Cartões postais da cidade, relógios param e moradores reclamam
Dois relógios considerados ícones turísticos de Campo Grande estão desativados e a população cobra uma resposta por parte da administração municipal sobre o funcionamento dos mesmos. Um deles é o antigo e tradicional Relógio da 14, atualmente localizado na avenida Afonso Pena com a Calógeras. O outro é o Relógio das Flores, que fica na avenida Duque de Caxias com a Lúdio Martins Coelho.
O Relógio da 14, inaugurado em 1933, foi demolido na década de 1970, mas reerguido como réplica em 1999 na avenida Afonsa Pena com a Calógeras. O relógio foi retirado em julho deste ano para ajustes e apenas a estrutura de tijolos ainda permanece no lugar. O fato revolta as pessoas que passam pelo local, olham para cima e não encontram o relógio que simboliza a democracia e a emancipação política da Capital.
Para a dona de casa Ana Maria da Silva Rodrigues, 53 anos, que mora em Campo Grande há 16 anos, a desativação do relógio é um descaso do Poder Público com a população campo-grandense que prioriza o patrimônio cultural da cidade. “Quando cheguei aqui o relógio era bem mais bonito. Eles não podem deixar de cuidar de um monumento que faz parte da história da cidade”, comentou.
O empresário Edemir Sebastião Carneiro, 74, se revolta ao falar que a gestão municipal deveria encontrar uma forma de fazer o relógio funcionar. “Isso é uma pouca vergonha e um relaxismo por parte da prefeitura. Para mim esse relógio do jeito em que está só simboliza vergonha e a corrupção feita pelos governantes”, mencionou.
Segundo a secretária Brígida Guimarães, 33, os governantes "pecam" quando o assunto é resolver os problemas da cidade. “Desativar o relógio revela o descaso dos políticos com a sociedade e com a cultura da cidade. Se eles não arrumam nem um relógio que é uma coisa simples, imagina se irão arrumar o resto”, destacou.
Outro cartão postal da cidade, inaugurado em dezembro de 2012, mas que hoje também está desativado, é o Relógio das Flores, construído para fazer parte do paisagismo do Parque Linear Lagoa, em Campo Grande. O monumento que custou aos cofres públicos R$ 44,6 mil, já foi alvo de vândalos, passou por diversas reformas e hoje está “parado”.
O estudante Tales Duarte, 24, que passa pelo local todos os dias para ir ao trabalho, afirmou que não havia necessidade da construção do Relógio das Flores. “Se for para o relógio ficar parado como está, nem precisava ter sido feito. Para mim isso é dinheiro jogado fora”, apontou.
O argumento de Tales foi defendido pelo vendedor Sebastião Fernandes, 26. “O dinheiro gasto com o relógio poderia ter sido usado na saúde e na segurança da Capital, que estão precárias e ninguém faz absolutamente nada”, finalizou.
A prefeitura informou que o Relógio da 14 não foi desativado, apenas retirado para manutenção. Segundo o secretário de Administração Valtemir de Brito, ele não está funcionando porque ainda está passando por reparos. Para a conclusão da manutenção, a prefeitura ainda aguarda uma peça vinda do Estado de São Paulo, e o relógio deve voltar a funcionar em 15 a 20 dias. Sobre o Relógio das Flores, a prefeitura disse que ele está desativado porque foi depredado. O órgão só não soube informar qual é a previsão de funcionamento do relógio.