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Capital

Com cruzes fincadas em canteiro de avenida, mulheres pedem fim do feminicídio

Nas estacas, fotos das vítimas que perderam a vida para o crime, entre elas a da jornalista Vanessa Ricarte

Por Natália Olliver e Clara Farias | 08/03/2025 10:59
Com cruzes fincadas em canteiro de avenida, mulheres pedem fim do feminicídio
Em protesto, mulheres pediram pelo fim do feminicídio e pelo direito de existir (Foto: Clara Farias)

Com cruzes fincadas em canteiro da avenida Afonso Pena, mulheres se juntaram para pedir o fim do feminicídio e o direito de existir, trabalhar e amar sem opressão ou medo. Ao todo, 35 pessoas participaram do ato no cruzamento da avenida com a Rua 25 de Dezembro.

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Mulheres protestaram em Campo Grande com cruzes fincadas em canteiro de avenida, simbolizando vítimas de feminicídio, incluindo a jornalista Vanessa Ricarte e a empresária Mirieli Santos. O ato, realizado no Dia da Mulher, destaca a luta diária contra a opressão e o medo. A antropóloga Priscila Anzoategui enfatizou a necessidade de transformar a angústia em força, mencionando o assassinato de oito mulheres em menos de três meses, incluindo três indígenas. Maria Cristina Ataide, do Fórum Permanente Pela Vida das Mulheres e Crianças de MS, criticou a ineficácia das políticas públicas e a falta de voz para as vítimas e suas famílias. Adriane Quilombola, sobrevivente da violência doméstica, ressaltou a importância de lutar pela existência e valorização das mulheres, denunciando o descaso e o machismo estrutural presentes no país.

Nas cruzes, fotos das mulheres que perderam a vida em 2025, vítimas da violência, entre elas, a da jornalista Vanessa Ricarte e da empresária Mirieli Santos, assassinadas em fevereiro deste ano.

A ação, feita no Dia Internacional da Mulher, é um lembrete da luta que o gênero trava diariamente e os direitos que são esquecidos. A antropóloga Priscila Anzoategui destaca que o objetivo é transformar a  angústia em força.

“Vamos marchar em repúdio a todas as mulheres vítimas do feminicídio. Em menos de  três meses 8 mulheres já foram assassinadas.Entre elas três eram indígenas e essa pauta também tem que ter visibilidade”.

Com cruzes fincadas em canteiro de avenida, mulheres pedem fim do feminicídio
Fotógrafa Elis Regina ressalta a luta contra o feminícido é diária (Foto: Clara Farias)

Segundo ela, a Casa da Mulher Indígena que será construída em Dourados não pode ficar com a administração exclusiva da gestão municipal. “O relatório que elaboramos sobre a Casa da Mulher Brasileira em Campo Grande com várias recomendações tem que ser utilizado como alerta para outras casas”.

O Relatório de 300 páginas foi feito em 2020 e já apontava falhas e a necessidade de melhorias na rede de atendimento às mulheres no local. O documento foi elaborado por cinco pesquisadoras. Saiba mais sobre o assunto aqui.

A produtora de audiovisual, Elis Regina acha importante que as mulheres saibam que a luta é constante contra o feminicídio e que isso tem ainda ainda peso no Dia das Mulheres.

“Esse dia é importante, mas acho que a gente tem que ter a consciência e a clareza de que todos os dias são dias de luta. Vivemos em um País que mata mulheres todos os dias. Não é fácil ser mulher nesse aqui, é muito machismo e descaso mesmo com todas as leis, vemos o que está acontecendo em Mato Grosso do Sul. É uma data de comemoração mas a luta é diária dessas mulheres que sofrem caladas, que têm medo do machismo estrutural que vivemos”

Com cruzes fincadas em canteiro de avenida, mulheres pedem fim do feminicídio
Além de Vanessa Ricarte, mulheres pedem justiça pela morte de mais 7 vítimas (Foto: Clara Farias)

Maria Cristina Ataide, membro do MCRIA (Fórum Permanente Pela Vida das Mulheres e Crianças de Mato Grosso do Sul) ressalta que as cruzes e ver como as mulheres tiveram a vida ceifada entristece demais.

“Você fica assim indignada é uma rede e um monte de gente ganhando dinheiro dizendo que estão aprimorando as políticas para as mulheres. Até quando? É preciso que todas as mulheres digam chega e se juntem, se fortaleçam e cobrem das instituições  para que elas funcionem”, disse. Maria acrescenta que as vítimas e as famílias têm que ter voz.

Ela frisa que durante a inauguração da 4ª Vara de Violência Doméstica contra a Mulher, realizada nesta sexta-feira (7), em Campo Grande,  mulheres foram impedidas de entrar no prédio por estarem com cartazes de protesto.

Além da jornalista Vanessa Ricarte e da empresária Mirieli Santos, as cruzes pediam justiça por Juliana Dominguez, que faleceu no dia 18 de fevereiro; Emiliana Mendes, morta no dia dia 24 de de fevereiro; Karina Corim, em 4 de fevereiro;  Aline Rodrigues, dia 1º de fevereiro, Gabriela Araújo Barbosa, 10 de fevereiro; e Gisele Cristina, dia 1º de março.

Pelos dados da Polícia Civil, Aline Rodrigues, amiga de Karina e que morreu em Caarapó, vítima do ex da amiga, não foi enquadrado como feminicídio, mas como homicídio doloso. Mesmo assim, foi lembrada no protesto.

Com cruzes fincadas em canteiro de avenida, mulheres pedem fim do feminicídio
Maria Cristina Ataide, membro do Fórum Permanente Pela Vida das Mulheres e Crianças de MS (Foto: Clara Farias)

Adriane Quilombola é  uma das sobreviventes da violência doméstica. Ela estava presente no ato na Avenida e ressalta que os homens precisam deixar as mulheres existirem.

“Aprendi que a gente tem que lutar para sobreviver. É muito difícil quando você vê as políticas para as mulheres sendo destruídas e desmontadas a cada ano que passa", afirmou. Adriane diz que a resistência encontrada pelas mulheres na delegacia desestimulam a vítima a denunciar a violência. "Questionam 'quem vai pagar a pensão?' ou 'você tem certeza que quer seu marido preso?'", exemplificou.

Com cruzes fincadas em canteiro de avenida, mulheres pedem fim do feminicídio
Adriane Quilombola (turbante) diz que ato é pela vida das mulheres que precisam ser valorizadas (Foto: Clara Farias)

Para ela isso mostra que é  necessário atos de protesto que mostrem que a vida das mulheres têm valor.

“É um ato de vida e pela vida das mulheres. É necessário dizer que queremos viver, trabalhar e existir porque quem carrega as finanças de nossas casas somos nós, nós que educamos e carregamos a economia. Para isso nós servimos mas quando precisamos não somos atendidas”.

Com cruzes fincadas em canteiro de avenida, mulheres pedem fim do feminicídio
Cruzes com fotos das vítimas de feminicídios em Mato Grosso do Sul em 2025 (Foto: Clara Farias)

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