Com salário na conta, clientes encaram fila enorme para entrar em supermercados
Apesar de higienização na entrada, glomeração e pessoas sem máscara continuam sendo rotina em estabelecimentos da cidade
Isolamento social que nada. Após o quinto dia útil, supermercados e atacadistas da Capital ficaram lotados na tarde deste sábado (6). Teve quem encarou fila de mais de 20 minutos só para entrar em um dos estabelecimentos. Dentro, apesar das medidas de segurança serem respeitadas em boa parte dos comércios, a lotação nos corredores chama atenção, assim como pessoas que ainda insistem em sair de casa sem máscara.
As maiores lotações foram registradas em supermercados e atacadistas da região norte da cidade. Três deles ficam localizados na Avenida Coronel Antônio, onde apesar de funcionários higienizarem carrinhos e as mãos de clientes, na porta, a aglomeração dentro não foi evitada.
Para encarar um cenário desses, somente pela necessidade. Pelo menos é o que garante o advogado Carlos Ângelo, de 57 anos. Apesar de ser do grupo de risco, por ter diabetes, ele não conseguiu escapar de uma tarde de compras.
“Há 60 dias eu não fazia compras para minha casa e hoje precisei muito vir”, revelou. Apesar disso, o advogado tomou todos os cuidados e demonstrou preocupação com a atitude de outras pessoas. “Meu maior medo é morrer. As pessoas tinham que, no mínimo, usar máscara”, opinou.
Quem também passou dois meses ser fazer compras foi o mecânico Sidnei Correa Mesquita, de 46 anos. “Evitei ao máximo, mas não teve jeito. Espero que essa compra dure outros dois meses”, afirmou.
Assim como Carlos, ele também demonstra preocupação com o surto do novo coronavírus. “Tenho medo sim, você não sabe como esse ‘trem’ vai ficar. As pessoas precisam ter consciência da gravidade do problema. Eu pego ônibus para ir trabalhar e tem gente lá dentro que nem precisa e isso deveria ser controlado”, sugere.
Andréia e o marido vieram do interior, são de São Gabriel do Oeste, a 140 quilômetros da Capital. Por acreditarem que aqui os produtos são mais baratos, pelo menos uma vez ao mês se deslocam para Campo Grande. Mas, há dois meses a viagem não acontecia. Hoje, para aproveitar o deslocamento, a compra foi maior, uma tentativa de evitar a ida ao supermercado por pelo menos mais 60 dias.
"Fizemos uma compra grande para evitar ficar vindo à cidade”, garante a autônoma Andréia Aparecida Wessler, de 37 anos.
Já o técnico em TI Cesar Augusto Pinho, de 32 anos, ficou no carro, com o filho. A esposa, de 32 anos, foi quem desceu para comprar o necessário. A atitude foi a medida encontrado pelo casal para evitar que todos tenham acesso ao supermercado e também para não precisar circular com a criança pelo espaço.
“Às vezes podemos ser assintomáticos e não sabemos e, com isso, podemos passar para outras pessoas, meu sogro, minha sogra, que também são do grupo de risco. Viemos comprar só o necessário. Quando chegar em casa, vamos deixar os sapatos para fora, tomar banho e higienizar nossas roupas”, garante.