Com totem e biometria facial, Capital inova em posto de saúde inteligente
Campo Grande ainda tem prontuário eletrônico que traz histórico dos pacientes
Campo Grande terá em agosto, mês comemorativo do aniversário de 125 anos, projeto inovador na área da saúde. A partir de segunda-feira (dia 12), totem de autoatendimento e reconhecimento facial será instalado na UBS (Unidade Básica de Saúde) 26 de Agosto, no Bairro São Francisco.
Até o próximo dia 26, aniversário da Capital, o serviço vai operar para ajustes e levantamento de dados. Depois, entra em funcionamento para período de teste por até 60 dias. O equipamento é oferecido sem custo para que a Prefeitura de Campo Grande avalie a tecnologia.
“A unidade inteligente é a cereja do bolo. Esse eu tenho orgulho de dizer que é o meu filho. Porque sou engenheiro mecatrônico de formação e tenho mestrado em Inteligência Artificial. A gente modelou uma unidade para ela conseguir ser mais eficiente. Fizemos um estudo e identificamos alguns gargalos. Sempre buscamos melhorias para o cidadão”, afirma o diretor-presidente da Agetec (Agência Municipal de Tecnologia da Informação e Inovação), Leandro Basmage.
No levantamento, a primeira questão problemática era a chegada do paciente. “A gente criou um totem que você vai ‘entrar’ com seu CPF. Na sequência, ele vai fazer a autenticação biofacial, por meio de uma câmera. Por que a gente faz uma proteção tão grande? Porque imagina se você erra o seu CPF, aparece outro nome, mas você dá prosseguimento ao atendimento, vai acabar tomando vacina em nome de outra pessoa”, diz Leandro, sobre o controle rigoroso na identificação dos usuários.
Após a verificação da identidade, utilizando a tecnologia mais segura disponível, o paciente seleciona o atendimento. Por exemplo, se procurou a unidade para se vacinar, vai escolher essa opção no serviço de autoatendimento. A partir dessa etapa, ele já entra na fila.
Depois, o nome será chamado pelo telão. Com a vacina aplicada, o servidor finaliza o atendimento no sistema. Ou seja, o enfermeiro não vai precisar sair da sala para chamar o paciente pelo nome. “É totalmente automatizado. Faz a fila automática, faz o chamamento automático. E quando finalizou o procedimento, o servidor dá baixa no sistema. Não vai ter mais ficha para entrar”, destaca Leandro.
O totem fornecido para teste por até 60 dias é da empresa Next Med. De acordo com o diretor-presidente da Agetec, a nova Lei de Licitações trouxe dispositivo chamado de “análise da solução”. “Quando nós da tecnologia vamos implantar algum projeto, mas queremos saber se é bom ou não. Faz essa análise, que não tem ônus financeiro para o município. A gente deixa lá dois meses e um comitê avalia. Se tiver ok, damos prosseguimento para as outras unidades".
Se a tecnologia for aprovada, a prefeitura abre pregão para contratar o serviço, por meio de locação dos equipamentos. O totem será integrado com o PEC (Prontuário Eletrônico do Cidadão). “Isso é o mais importante de tudo. Quando a pessoa loga no totem, ela estará logando no prontuário do Ministério da Saúde. A gente desenvolveu uma ferramenta que se você fosse comprar custaria milhões”. O totem conta com acessibilidade e é fácil de ser utilizado.
Numa outra frente, a UBS 26 de Agosto recebeu câmeras para o monitoramento inteligente.
Foi feito mapeamento da unidade, com instalação de 26 câmeras a fim de que todos os pontos sejam monitorados. Quando você chega e faz o check-in de reconhecimento facial, a câmera começa a te seguir pela unidade inteira. Então, ela vai saber quanto tempo você ficou esperando no saguão, quanto tempo para ser atendido. Todos os indicadores que a gestão precisa serão repassados”, afirma Leandro.
O monitoramento também aumenta a segurança. Se uma pessoa entrar no local quando estiver fechado, a câmera envia alerta e vídeo para o responsável. Por meio de Inteligência Artificial, o sistema sabe diferenciar pessoas de animais como gatos e cachorros. “Tudo isso compõe a unidade inteligente”.
Ainda não há estimativa do custo para levar a tecnologia de forma permanente para as 74 UBS. “O comitê ainda vai avaliar. Depois, a gente faz estudo técnico preliminar e o termo de referência, com a cotação de preço. Mas a parte mais cara a gente já fez, que é o prontuário”, diz o diretor da Agetec. Toda essa etapa deve levar seis meses.
Integração do prontuário – A Agência Municipal de Tecnologia da Informação e Inovação também desenvolveu ferramenta para ampliar o uso do prontuário eletrônico, desenvolvido pelo Ministério de Saúde e utilizado desde 2020 no setor de Atenção Básica em Saúde.
“O diferencial é que nós somos hoje a única capital que conseguiu colocar o prontuário em outras ‘atenções’. Por exemplo, no Caps, que é o Centro de Atenção Psicossocial. Antigamente, a pessoa saía da unidade básica e ia para outro tipo de atendimento, onde não tinha o histórico do paciente. Então, começava tudo de novo na triagem. Hoje, como está tudo integrado, aonde você for em Campo Grande você tem acesso ao prontuário. É a única cidade do Brasil que utiliza prontuário eletrônico integrado. O que nos dá muito orgulho. Inclusive, São Paulo nos liga, Recife nos liga para saber como a gente conseguiu tornar isso possível”.
A integração com os Caps começou em 2023 e foi concluída neste ano. Até dezembro, o prontuário eletrônico integrado também vai chegar às UPAs (Unidades de Pronto Atendimento). Os servidores estão passando por treinamento na Sesau (Secretaria Municipal de Saúde). O prontuário eletrônico já está em funcionamento em 84 unidades.
Neste ano, também foi disponibilizado o Horus, um programa de assistência farmacêutica. “Além de conseguir fazer o rastreio do medicamento, eu consigo saber se tem em estoque. O médico que passa o medicamento já sabe se tem na farmácia local ou em outra unidade”.
O Horus também controla a quantidade. Se o paciente que retirou remédio para 30 dias voltar após 20 dias, o sistema não libera. Evitando que se faça a popular, mas perigosa, farmacinha em casa. O programa foi adotado na rede de Caps e em 26 postos de saúde.
Parque tecnológico – Em Campo Grande, todas as unidades básicas de saúde tiveram o parque tecnológico renovado, com aquisição de 3.800 equipamentos de informática. A prefeitura apresentou o projeto para o governo federal, que repassou R$ 15 milhões. Foram substituídos computadores, rede, nobreaks, leitores.
“Por exemplo, você vai ser atendido, mas o computador não é trocado desde 2010. Imagina qual era a configuração. Muitas vezes o computador travava, a pessoa ficava na fila, esperava o computador ligar de novo. Isso tudo é uma morosidade desnecessária. Com certeza, melhorou muito a eficiência no atendimento com a troca desses equipamentos”.
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