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Capital

Com “traje sereia”, policial diz que esqueceu como foi à PM após crime

Aline dos Santos | 15/02/2017 08:57
PRF dentro da viatura da Polícia Militar no dia do crime. (Foto: Simão Nogueira)
PRF dentro da viatura da Polícia Militar no dia do crime. (Foto: Simão Nogueira)

O policial rodoviário federal Ricardo Hyun Su Moon, que matou um comerciante após briga de trânsito no dia 31 de dezembro em Campo Grande, prestou novo depoimento à Polícia Civil ontem (dia 14), disse não se recordar em qual veículo de deslocou do local do crime para batalhão da PM (Polícia Militar) e deu detalhes sobre o “traje sereia”.

O juiz da 1ª Vara do Tribunal do Júri, Carlos Alberto Garcete de Almeida, determinou novo depoimento após divergências acerca da vestimenta do policial, desde o momento dos disparos até sua apresentação na delegacia, e sobre os detalhes de como foi feito o trajeto.

No local, os vídeos mostram que Ricardo estava com uma camiseta listrada, enquanto que compareceu à Depac Centro (Delegacia de Pronto Atendimento Comunitário) com o uniforme completo. Na denúncia, o MPE (Ministério Público Estadual) pede que o policial seja responsabilizado por fraude processual.

Conforme o promotor Eduardo José Rizkallah, para legitimar seus atos, o PRF tentou transparecer que trajava uniforme completo da instituição em que é lotado, no momento da abordagem ao comerciante Adriano Correia do Nascimento, 32 anos.

No novo depoimento, Ricardo disse que saiu de casa trajando uniforme completo: calça bege, camiseta azul da PRF (Polícia Rodoviária Federal) e coturno. Mas, como ia para a rodoviária de Campo Grande para prosseguir de ônibus até Anastácio, optou por colocar uma camiseta “normal” por cima da roupa.

Segundo ele, o uso da peça descaracterizada é um habito e que os policiais definem como “traje sereia”. Ou seja, o policial veste o uniforme quase completo, mas com camiseta sem identificação como medida de segurança.

Sobre os deslocamentos, Ricado relatou que primeiro, diante dos ânimos exaltados, ficou na viatura da PM . Depois, foi para um batalhão da polícia acompanhado de policiais militares e, também, por policiais rodoviários federais descaracterizados.

No depoimento, ele contou que estava muito nervoso e não se recorda ao certo em que veículo e com quantas pessoas foi para o batalhão. Depois, foi informado que iria para a delegacia e dito, não se lembra por quem, que colocasse seu equipamento.

O policial afirmou que tirou a camiseta listrada e vestiu o resto do uniforme. Segundo ele, faltavam cinturão, colete balístico e boné. Em seguida, foi para a delegacia em viatura caracterizada da PRF, acompanhado por viatura da Polícia Militar.

Crime - Adriano, que conduzia uma caminhonete Toyota Hilux, foi morto na madrugada de 31 de dezembro de 2016, um sábado, na avenida Ernesto Geisel. Na versão do policial, que era lotado em Corumbá e seguia em um Mitsubishi Pajero para a rodoviária, o condutor da Hilux provocou suspeita pela forma que dirigia e fez a abordagem após ter sido fechado. Nos depoimentos, ele reforçou que sempre se identificou como policial.

Ricardo Moon, 47 anos, foi denunciado por homicídio doloso contra Adriano e tentativa de homicídio contra Agnaldo Espinosa da Silva e o enteado de 17 anos, passageiros da caminhonete. A denúncia do MPE chegou dia 23 de janeiro à 1ª Vara do Tribunal do Júri .

O PRF foi preso em 31 de dezembro e solto no dia seguinte. No dia 5 de janeiro, voltou a ser preso e deixou a prisão no dia primeiro de fevereiro.

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