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Capital

Condenado a 23 anos, ex-militar que matou esposa será novamente julgado

Em decisão unânime, MPMS apelou da sentença para considerar que caso seja enquadrado em feminicídio

Gustavo Bonotto | 22/08/2023 21:25
Tamerson durante júri, realizado em novembro de 2022. (Foto: Marcos Maluf)
Tamerson durante júri, realizado em novembro de 2022. (Foto: Marcos Maluf)

MPMS (Ministério Público de Mato Grosso do Sul) apelou da sentença que condenou o ex-militar da Aeronáutica, Tamerson Ribeiro Lima de Souza, a 23 anos e 4 meses de reclusão pela morte da esposa, Natalin Nara Garcia de Freitas Mara, em fevereiro de 2022.

De acordo com o texto publicado no Diário da Justiça Eletrônico, na edição de terça-feira (22), a anulação integral do julgamento para submissão do réu a novo júri foi levantada já que os jurados não consideraram o caso como um feminicídio durante a decisão da pena.

Na apelação, assinada pela promotora de justiça Luciana do Amaral Rabel, os jurados "afastaram a qualificadora do feminicídio contrariando todo o contexto probatório do feito, que comprovou a existência de relacionamento afetivo entre as partes, o cometimento do crime no âmbito doméstico e a relação fática-causal do delito com assuntos ligados à vida conjugal".

Os autos também apontam clara hipótese de violência doméstica e familiar contra a mulher, envolvendo situação de menosprezo e discriminação à ofendida, elementos aptos a consubstanciar a qualificadora objetiva relacionada às “razões do sexo feminino”.

Embora aceito pelo TJMS (Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul), a defesa do ex-militar ainda poderá recorrer sobre o novo julgamento.

Histórico - O corpo de Natalin foi encontrado na margem da BR-060, saída para Sidrolândia, área rural de Campo Grande. À polícia, Tamerson Souza alegou ter sido agredido pela esposa, que chegou embriagada e sob efeito de drogas. Para se defender, tentou segurá-la aplicando um golpe mata-leão e a mulher desmaiou.

O ex-militar justificou que não teve intenção de matá-la. Com medo de ser preso, colocou o corpo no porta-malas do veículo e, no outro dia, levou a filha para a escola com o corpo dentro do carro. Ele deixou a menina e depois seguiu para a rodovia, onde jogou o cadáver em meio a um matagal.

Quando a polícia chegou à casa do casal e o questionou sobre Natalin, disse que a esposa havia ido embora. Também tentou despistar as amigas dela, respondendo as mensagens no celular e se passando pela vítima. Segundo investigação, chegou a dizer para a filha, antes de o corpo ser localizado, que a mãe passou mal e morreu no hospital.

Oito meses depois, Tamerson sentou no banco dos réus e foi considerado culpado por homicídio qualificado por motivo torpe (desprezível) e emprego de asfixia. O júri também o considerou culpado por ocultação de cadáver. A vitória da defesa de Tamerson foi conseguir excluir a qualificadora de feminicídio da sentença. Os advogados João Ricardo Batista de Oliveira e Talita Dourado conseguiram convencer que a vítima provocou o réu e que ele sofria agressões em casa.

O juiz Aluízio Pereira dos Santos, da 2ª Vara do Tribunal do Júri, fixou as penas em 21 anos e 4 meses pelo assassinato e 2 anos e 40 dias por tentar se livrar do corpo.

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