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Capital

Contrato com BNDES motivou pedido de busca na casa de ex-governador

Paulo Yafusso | 14/05/2016 18:35
Na Operação Fazendas de Lama, Polícia Federal e CGU (Controladoria-Geral da União) cumpriram mandado de busca e apreensão no apartamento do ex-governador André Puccinelli (Foto: Marcos Ermínio)
Na Operação Fazendas de Lama, Polícia Federal e CGU (Controladoria-Geral da União) cumpriram mandado de busca e apreensão no apartamento do ex-governador André Puccinelli (Foto: Marcos Ermínio)

O mandado de busca e apreensão no apartamento e escritório do ex-governador André Puccinelli cumprido durante a Operação Fazendas de Lama na última terça-feira (10) tem relação com duas situações em que o nome dele aparece. Uma delas, comentado durante entrevista coletiva à imprensa no dia da ação, é com relação a compra de livros. A outra, que foi um dos argumentos usados para pedir o mandado, está relacionado ao contrato de financiamento de obra na rodovia MS-430, pelo BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social).

Conforme aponta o relatório da investigação, entre os documentos a que tiveram acesso na primeira fase da Operação Lama Asfáltica, realizada no dia 9 de julho de 2015, está a Declaração de Capacidade Administrativa Técnica e Gerencial, assinada pelo então governador André Puccinelli, sobre o financiamento da MS-430 pelo BNDES.

No documento, datado de 22 de agosto de 2012, Puccinelli diz: “Comunico que assumo inteira responsabilidade pela plena execução do objeto da referida proposta de empréstimo, em todas as suas fases, conforme exigido pela legislação vigente, principalmente quanto a realização do processo licitatório, acompanhamento e fiscalização das obras no aspecto técnico, social e ambiental e nas prestações de contas”.

No entendimento dos investigadores, o documento é um prova de que o ex-governador tem responsabilidade sobre as irregularidades verificadas nessa obra, que saiu vencedora para executar o lote 02 do projeto de pavimentação de 10 km da MS-430, entre São Gabriel do Oeste e Coxim, a empreiteira Proteco, de João Amorim. Na análise dos documentos, a investigação teria verificado que foram apresentadas planilhas superfaturadas para solicitar ao BNDES a liberação de uma parcela do financiamento, de R$ 98,5 milhões.

Outro caso é referente a compra de livros com a dispensa de licitação. As obras foram impressas pela Gráfica Alvorada, e durante a Operação Fazendas de Lama foram cumpridos mandados de busca e apreensão também na Gráfica e na casa de um dos sócios, Mirched Jafar Júnior. Os investigadores suspeitam que a contratação da Alvorada tem relação com pagamento de propina, e um dos indícios seria a liberação, para a empresa, de R$ 13 milhões. Isso no final da gestão de Puccinelli e em conversas telefônicas interceptadas com autorização da justiça, o então governador e o secretário adjunto de Fazenda à época, André Cance, falam sobre assuntos referentes a essa gráfica.

O Campo Grande News procurou falar com André Puccinelli nos telefones fixo e celular, mas não conseguiu. O advogado dele, Rene Siufi, disse que não leu o motivo do pedido de mandado de busca e apreensão. Declarou apenas que no dia da Operação Fazendas de Lama Puccinelli compareceu espontaneamente à Polícia Federal e respondeu perguntas como se viajou no avião de João Amorim e sobre os contratos do governo com a Gráfica Alvodada. Siufi disse que assim que ler o inquérito que resultou nos mandados de busca e apreensão e de prisões, vai de manifestar.

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