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Capital

Corregedoria não viu falha em atendimento à Vanessa antes de feminicídio

Relatório está sendo finalizado e o resultado deve ser publicado na semana que vem

Por Maristela Brunetto | 20/03/2025 12:20

Corregedoria não viu falha em atendimento à Vanessa antes de feminicídio
Corregedoria conclui que Polícia não falhou no atendimento à Vanessa (Foto: Arquivo Pessoal)

RESUMO

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A Corregedoria da Polícia Civil concluiu que não houve falhas no atendimento à jornalista Vanessa Ricarte, assassinada pelo ex-noivo Caio Cesar Nascimento Pereira. Vanessa não relatou toda a violência sofrida, apenas a divulgação de foto íntima e pediu medida protetiva. Após sua morte, o governo estadual anunciou melhorias na entrega de medidas protetivas e na gestão da Casa da Mulher Brasileira. Vanessa, que não se via em risco de vida, foi morta por Caio após ir para casa. Ele foi indiciado por feminicídio e outros crimes.

A Corregedoria da Polícia Civil reviu todo o atendimento prestado à jornalista Vanessa Ricarte, assassinada em 12 de fevereiro pelo ex-noivo, Caio Cesar Nascimento Pereira, e deve oficializar o resultado publicando-o no Diário Oficial na semana que vem. A apuração não constatou falha no serviço policial nas duas vezes em que ela foi à Casa da Mulher Brasileira e nem no protocolo para o funcionamento do serviço especializado.

Depois do episódio, o Governo do Estado determinou um pente-fino nos atendimentos da Deam (Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher), cerca de seis mil, em um mutirão anunciado há um mês. Na semana passada, mais uma delegada foi nomeada para reforçar o quadro e hoje o Diário Oficial trouxe a designação de quatro escrivães.

Mesmo sem apontar erro de procedimento, o fluxo deve ser aperfeiçoado na Casa. A gestão hoje é feita pela Prefeitura de Campo Grande. Um convênio foi firmado esta semana e o Governo do Estado participará da administração de forma compartilhada, com um nome ainda a ser definido para atuar no serviço, que reúne o sistema de justiça, serviços policiais e assistência psicossocial para atender as vítimas. Um dos desafios é interligar os vários serviços prestados, acelerando a troca de informações.

No caso de Vanessa, ela não relatou a extensão da violência que vinha sofrendo, denunciando à Polícia a divulgação de foto íntima por Caio na rede social e pedindo medida protetiva contra ele, sem relatar que nos dias anteriores sofreu cárcere privado. Esse fato teria sido comunicado no atendimento psicossocial, mas não chegou à delegada que a atendia.

Vanessa esteve no prédio, na região do Aeroporto de Campo Grande, na noite anterior ao crime, para fazer a denúncia e voltou na tarde seguinte para obter informações sobre a medida protetiva. Ela foi concedida pela Justiça no meio da tarde, mas somente na manhã seguinte, dia 13, quando Vanessa já estava morta e Caio preso, houve a tentativa de intimá-lo.

Essa semana, o Executivo informou que destinará policiais militares para acelerar a entrega dos documentos aos acusados de agressão, como forma de oficializar medidas protetivas deferidas por juízes com maior agilidade. Hoje, elas são entregues somente por oficiais de justiça. Os PMs passarão por uma qualificação para iniciar o trabalho.

Em áudio enviado a uma amiga horas antes de morrer, Vanessa apontou frieza no atendimento, dizendo ter se sentido impactada com os serviços às mulheres vítimas de violência. Ela admitiu possibilidade de agressão, mas não se viu em uma situação de risco de vida, tanto que acabou indo para casa no fim da tarde, quando Caio a atacou com uma faca, causando os ferimentos que na mesma noite levaram à sua morte.

Vanessa não esperou que houvesse a entrega da notificação, avisou à amiga que iria à casa acompanhada de outro amigo e, se preciso, chamaria a polícia. Ela ainda disse à amiga que se sentia esgotada emocionalmente.

Na época do crime, o Ministério das Mulheres apontou que deveria ter havido escolta. "O percurso não poderia ter ocorrido sem a escolta da Patrulha Maria da Penha, de acordo com o protocolo de avaliação de risco para mulheres em situação de violência e que orienta o atendimento na Casa da Mulher Brasileira",  constou em nota.

A delegada que relatou o inquérito e enviou para a Justiça, Analu Lacerda Ferraz, descreveu o drama que Vanessa vivia como um ciclo completo da violência doméstica, com variações de situações de amor e horror, que a deixou impotente e sem consciência da gravidade.

Caio acabou indiciado e foi denunciado à Justiça pela morte de Vanessa- feminicídio, violência psicológica e cárcere privado e ainda a tentativa de homicídio do amigo que a acompanhou até à casa.

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