TJ cria 4ª Vara de Violência Doméstica e quer intimação por WhatsApp
Morte de Vanessa Ricarte pressiounou o Tribunal, que havia suspendido a abertura da vara 6 dias antes do crime

Criada, revogada e recriada: após este caminho, finalmente, a 4ª Vara de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher foi inaugurada nesta nesta sexta-feira (7), véspera do Dia Internacional da Mulher, na Casa da Mulher Brasileira, em Campo Grande. A nova unidade, que vem para reforçar o atendimento às vítimas, no entanto, começa a funcionar de fato nesta segunda-feira (10)
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A 4ª Vara de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher foi inaugurada na Casa da Mulher Brasileira, em Campo Grande, após um processo conturbado de criação, revogação e recriação. A nova unidade, que começa a funcionar na segunda-feira (10), surge um mês após o assassinato da jornalista Vanessa Ricarte, de 39 anos, que havia relatado dificuldades no atendimento judicial contra seu agressor. A vara será responsável por cerca de 2,7 mil processos e, junto com a 3ª Vara já existente, dobrará a capacidade de processamento de medidas protetivas na Capital. Entre as inovações, o TJMS implementará intimações via WhatsApp e uso do sistema Sigo para consulta de antecedentes criminais. A juíza Tatiana Dias de Oliveira Said, titular da nova vara, enfatizou que cada caso será analisado individualmente para garantir proteção adequada às vítimas.
No dia 6 de fevereiro, a Portaria nº 3001/2025 do Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul revogou a resolução que criava a 4ª Vara, sob o argumento de necessidade de mais estudos sobre sua viabilidade. Apenas seis dias depois, a jornalista Vanessa Ricarte, de 39 anos, foi assassinada a facadas pelo ex-noivo, Caio Nascimento. Em um áudio divulgado após o crime, Vanessa relatava dificuldades no atendimento e reclamava que o agressor sequer havia sido intimado.
A repercussão da morte, que chocou o Estado, pressionou por uma resposta mais rápida do Judiciário. Pouco mais de um mês depois, a instalação da nova vara foi oficializada.
Com a nova vara, o TJMS dobra a capacidade de processamento de medidas protetivas na Capital. A unidade terá a mesma função da 3ª Vara, já existente na Casa da Mulher Brasileira, e ficará responsável por cerca de 2,7 mil processos. A expectativa é que a divisão acelere a tramitação de casos urgentes e amplie a proteção às vítimas.
“Nós podemos entregar o melhor trabalho ao jurisdicionado, à vítima de violência doméstica e familiar. São processos que nós nunca chamamos de processos, são vidas. Eu não queria estar fazendo esta ampliação, mas foi necessário”, afirmou a juíza Tatiana Dias de Oliveira Said, que foi designada titular temporária da 4ª Vara.
A magistrada ressaltou ainda que cada caso será analisado individualmente, para garantir que as medidas protetivas sejam adequadas às necessidades das mulheres que buscam ajuda.
O presidente do TJMS, desembargador Dorival Pavan, destacou que a instalação da nova vara vem acompanhada de mudanças tecnológicas para aprimorar a atuação da Justiça no combate à violência doméstica.
“Estamos fazendo o que precisa ser feito com a vara. Também estamos em tratativas para que o sistema Sigo seja acessado pelos juízes das varas de violência doméstica, para facilitar decisões nos casos de autores com antecedentes criminais, permitindo medidas mais agressivas contra eles”, afirmou Pavan.

Outro avanço será a intimação via WhatsApp, que passará a ter a mesma validade da intimação presencial. Em casos específicos, a triangulação do sinal de celular por torres de telefonia permitirá localizar o agressor para que a intimação seja feita pessoalmente.
Além do aumento no número de processos julgados, a nova vara contará com estrutura voltada para a assistência social e psicológica das vítimas, incluindo cartório, gabinete para juiz, sala de apoio e espaço para atendimento humanizado.
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