"Cuide como um filho": rachaduras nos pés podem causar amputação em diabéticos
Pacientes com a doença descontrolada correm riscos de perder o membro em caso de ferida infecciosa, diz médico
Você sabia que cuidar dos pés pode evitar amputações? Calma, não é preciso desespero. No caso, estamos falando de pacientes que têm diabetes e não controlam a doença, ou seja, não tomam os cuidados necessários. Segundo o médico Marcos Rogério Covre, cirurgião vascular e chefe de residência médica da Santa Casa de Campo Grande, é preciso cuidar dos pés como um filho mais novo. A diabetes é a segunda causa de amputações no hospital, perdendo apenas para acidentes envolvendo motocicletas.
RESUMO
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O médico Marcos Rogério Covre, cirurgião vascular da Santa Casa de Campo Grande, alerta sobre a importância de cuidar dos pés para evitar amputações em pacientes diabéticos. A diabetes é a segunda maior causa de amputações no hospital, após acidentes de moto. Covre destaca que a prevenção é essencial, especialmente para idosos, que são mais vulneráveis a complicações como o "pé diabético". Ele recomenda cuidados diários, como cortar unhas com atenção e evitar andar descalço, para prevenir infecções que podem levar a amputações. O médico ressalta que o controle da doença é crucial para evitar complicações graves.
Essa é a terceira reportagem de uma série de matérias sobre o assunto amputações. Você pode acompanhar as outras já publicadas aqui ou nesse link. O médico explicou ao Campo Grande News que acidentes envolvendo motos são o motivo principal de amputações no local. A estimativa do profissional é de 5 a 10 casos por semana. O total em um ano chega a 240 pessoas amputadas. Caso seja considerado o maior índice, 10, a quantidade é ainda mais assustadora, 480 em 12 meses.
O cenário de cirurgias por complicações da diabetes acomete mais idosos. Pacientes com a doença são vulneráveis à amputação de membros por ser metabólica crônica. Isso quer dizer que pode causar uma variedade de problemas. Entre eles, o mais preocupante é o chamado “pé diabético”, que em casos de machucados, manchas e até rachaduras graves que podem levar à amputação de dedos, pés ou perna.
Tudo está relacionado com o tempo de doença e o controle. Jovens têm mais sensibilidade à dor, portanto - teoricamente - percebem e agem de forma mais rápida a qualquer situação inesperada no corpo. Marcos ressalta que isso não acontece com os idosos, por terem uma alteração sistêmica.
“Por exemplo, dificilmente um paciente com um ano de diabetes vai ter neuropatia periférica a ponto de não sentir e perder a sensibilidade do pé. Isso acontece em pacientes com mais tempo da doença, mas se ele infeccionar e estiver descontrolada, o risco é o mesmo. Já chegou um paciente diabético aqui que foi cutucar a unha à noite e eu precisei amputar a coxa dele depois”.
Cuidado - O médico pontua que a diabetes tem dois problemas. A primeira é a questão vascular e a segunda é a infecção, que é muito mais agressiva. Segundo ele, um descuido pode custar caro. “Era uma coisa besta, uma unha. Ele não sente que tem algo errado porque tem alteração de sensibilidade por causa da doença”.
O médico enfatiza que a prevenção é a chave para evitar amputações, no caso dos diabéticos que deixam a doença descontrolada.
“A gente fala que é pra cuidar do pé igual um filho mais novo. Tem que ter cuidado para cortar a unha, para secar entre os dedos. É preciso hidratar o calcanhar que racha com facilidade, mas principalmente a secura entre os dedos e cuidado na hora de fazer a unha. Também se atentar às picadas de insetos e com a coceira excessiva que pode causar feridas”.
Marcos orienta que os pacientes diabéticos, principalmente os idosos, não andem descalço em hipótese alguma e, caso queiram ficar mais a vontade, usem meias dentro de casa. “Às vezes pisa em um prego e ele fica ali enfiado por dias, chega aqui e está preto e fedido, porque eles não sentem. A prevenção é principalmente o cuidado com os pés”.
Mas atenção, não são todas as lesões ou feridas que levam aos casos cirúrgicos para retirada de membros. Existem vários casos em que o tratamento clínico, mesmo com pequenas intervenções cirúrgicas, é capaz de fechar os ferimentos sem agravar o caso.
“Geralmente o paciente com esse problema, se não tem lesão ou ferida, a gente consegue controlá-lo clinicamente, mas se ele apresentar ferida, aí a coisa complica e dificilmente consegue controlar clinicamente, então qual objetivo? A prevenção! É evitar que ele tenha uma ferida naquele pé. Qualquer coisa pode gerar algo porque é pouca circulação".
Se engana quem acredita que a diabetes de forma mais agressiva ataca apenas idosos, o cirurgião explica que não. O cuidado tem que ser diário e para todas as idades.
“Tempo de evolução da doença é importante para outras coisas, mas para ter a complicação da diabetes, basta ela não estar controlada. Uma complicação infecciosa, por exemplo, de um furo no dedo pode levar a cenários críticos”.
Além da diabetes - Márcio Daniel da Silva Nunes, não faz parte dos pacientes diabéticos, mas perdeu aperna em um acidente de moto em 2024 aos 20 anos e sentiu a rotina mudar. O episódio transformou ações, que antes eram simples, em tarefas difíceis.
Hoje, após 8 meses da colisão com uma picape, ele agradece por estar vivo e sonha em voltar a trabalhar. O objetivo é fazer o mesmo que já exercia antes do ocorrido, ser pintor de imóveis. O jovem está entre as estatísticas do médico Marcos Rogério Covre. Leia a matéria completa aqui.
“É uma epidemia de trauma. Maior índice é de amputação de coxa, ou seja, cortes acima do joelho, e de perna, abaixo. Geralmente as vítimas são adultos, jovens em fase produtiva e motoboys. Dificilmente são idosos. A maioria não consegue trabalhar e aposenta por invalidez”, diz médico. Confira matéria completa neste link.
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