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Capital

De 11 espaços culturais e históricos, só 1 é seguro contra fogo na Capital

Em Campo Grande, só o Armazém Cultural funciona com vistoria em dia, segundo o Corpo de Bombeiros

Anahi Zurutuza | 03/09/2018 15:54
Fachada do Armazém Cultural, o único prédio em situação legal, segundo o Corpo de Bombeiros (Foto: Marina Pacheco)
Fachada do Armazém Cultural, o único prédio em situação legal, segundo o Corpo de Bombeiros (Foto: Marina Pacheco)

De 11 prédios que abrigam acervo histórico e cultural em Campo Grande, só o Armazém Cultural, que chegou a ser interditado, tem o certificado de vistoria do Corpo Bombeiros dentro do prazo de validade. O documento serve como garantia de que o imóvel tem condições de funcionar sem risco iminente de pegar fogo e ainda de que em caso de incêndio, os bombeiros tenham condições para trabalhar no combate às chamas.

“O único que o Corpo de Bombeiros pode garantir que há segurança é o Armazém Cultural”, explicou o coronel Marcos Meza, da assessoria de comunicação da corporação e fez o levantamento a pedido do Campo Grande News.

O alerta sobre a situação preocupante foi feito depois que o Museu Nacional do Rio de Janeiro teve toneladas de história consumidas pelo fogo na noite deste domingo (2).

Ainda segundo o coronel, para um prédio de livre acesso ao público funcionar, seja ele mantido pela administração pública ou privada, uma série de documentos é exigido pelas gestões municipais e em alguns casos, também estaduais. Um destes documentos é o certificado emitido pelo Corpo de Bombeiros.

A corporação, contudo, só faz a vistoria em um imóvel quando provocada, ou por denúncia de más condições estruturais ou a pedido do responsável pelo imóvel, que pode solicitar fiscalização preventiva ou para a renovação de alvarás, também explica Meza.

O Armazém Cultural está com o certificado em dia, mas chegou a ser interditado pelos bombeiros em 2016. À época, ao menos 10 irregularidades foram encontradas no local.

“Fizemos a adequações necessárias que possibilitou a liberação do prédio”, afirma a gerente de Patrimônio da Sectur (Secretaria Municipal de Cultura e Turismo), Lenilde Ramos.

Museu José Antônio Pereira (Foto: Henrique Kawaminami/Arquivo)
Museu José Antônio Pereira (Foto: Henrique Kawaminami/Arquivo)

Ela explica que, no entanto, a estrutura do Museu José Antônio Pereira e o imóvel onde funciona o Arca (Arquivo Histórico de Campo Grande) necessitam de mais cuidado. “Estamos trabalhando em projeto para melhorar a manutenção do museu e a medida emergencial para o Arca será alugar outro imóvel. O acervo da história de Campo Grande está espremido ali”.

O arquivo funciona atualmente em imóvel na Rua Pedro Celestino, no Centro, e só ganhará sede definitiva após a reforma da Rotunda, estrutura em ruínas no Conjunto Ferroviário de Campo Grande.

Entrada do Centro Cultural José Otávio Guizzo (Foto: Marcos Ermínio/Arquivo)
Entrada do Centro Cultural José Otávio Guizzo (Foto: Marcos Ermínio/Arquivo)

Gestão estadual - Espaços mantidos pelo governo do Estado, como o Centro Cultural Apolônio de Carvalho, que abriga o MIS (Museu da Imagem e do Som) e o Museu de Arqueologia da UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, também estão sem certificação.

“Nenhum prédio nosso está num nível grande de deterioração”, afirma Athayde Nery, presidente da FCMS (Fundação de Cultura de Mato Grosso do Sul).

Ele admite, entretanto, que muitos dos imóveis mantidos pela administração estaduai precisavam de reformas. “Temos agora um orçamento destinado à manutenção e aos poucos estamos recuperando tudo o que é necessário”.

Sobre o Teatro Aracy Balabanian, que está fechado desde 2016 por causa de uma infestação de cupins, Nery explica que projeto de reforma está em fase final de elaboração para ser enviado ao governo federal. “Estamos em busca de financiamento. A obra do Centro Cultural José Otávio Guizzo [onde fica o teatro] está orçada em quase R$ 3 milhões”.

Confira a lista de prédios com acervo histórico e cultural sem certificação:


- Sob a administração do Governo de Mato Grosso do Sul:

Marco (Museu de Arte Contemporânea de Mato Grosso Sul)
Centro Cultural Apolônio de Carvalho (onde funcionam o Museu de Arqueologia da UFMS e MIS)
Casa do Artesão
Centro Cultural José Otavio Guizzo/Teatro Aracy Balabanian

- Sob a responsabilidade da Prefeitura de Campo Grande:

Museu José Antônio Pereira
Armazém Cultural
Arca (Arquivo Histórico de Campo Grande)

- Sob outras gestões:

Morada dos Baís (Sesc)
Casa de Ciência e Cultura de Campo Grande (UFMS)
Museu da História da Medicina de MS (Academia de Medicina de MS)
Museu das Culturas Dom Bosco (UCDB)

Morada dos Baís, casarão histórico na Capital (Foto: Marcelo Calazans/Arquivo)
Morada dos Baís, casarão histórico na Capital (Foto: Marcelo Calazans/Arquivo)

Mais locais – Por meio da assessoria de imprensa, o Sesc (Serviço Social do Comércio) MS, que administra a Morada dos Baís, informou que “ possui os projetos de segurança solicitados pelo Corpo de Bombeiros, já protocolados, aguardando o laudo de vistoria”.

A UCDB (Universidade Católica Dom Bosco), que administra o museu de mesmo nome, também se manifestou por nota. A instituição informou que “o prédio conta com todos os equipamentos de segurança em dia e testados e já iniciamos o processo de vistoria para garantir vivo nosso patrimônio”.

A reportagem também fez contato com a UFMS e com a administração do Museu da Medicina de Mato Grosso do Sul, mas não obteve retorno até o fechamento da matéria.

Em ruínas - O Museu Nacional, localizado na Zona Norte do Rio de Janeiro (RJ), teve seu acervo de mais de 200 anos e 20 milhões de itens destruídos, no domingo (2), por incêndio. Houve interdição do prédio pela Defesa Civil e a Polícia Federal investiga o caso.

Vinculada a UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro), a instituição convivia com más condições de conservação e era impactada por recorrentes cortes de orçamento.

 

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