Desavisados dão “de cara” no portão em dia de paralisação dos professores
Docentes vão fazer passeata nesta quarta-feira, pedindo revogação do Novo Ensino Médio
Em dia de paralisação nacional dos professores, realizada nesta quarta-feira (26), teve pais e alunos que deram “de cara” no portão. O motivo de não ter aula se deve ao pedido de revogação do Novo Ensino Médio.
A Escola Estadual Manoel Bonifácio Nunes da Cunha, no Jardim Tarumã, estava fechada, sem nenhum bilhete de aviso. Até às 7h, ao menos cinco pessoas desavisadas passaram por lá.
O trabalhador de serviços gerais Adriano Augusto, de 41 anos, estava levando o filho Adriano Júnior, de 12 anos, que está no 6° ano.
Devem ter avisado no grupo dos pais da escola, mas eu não estou nesse grupo, então, não estava sabendo. Isso prejudica os alunos porque eles precisam de matéria para poder aprender e se não tem aula fica complicado”, reclamou Adriano.
Adriano lembra ainda que o filho reprovou no ápice da pandemia, quando as aulas presenciais foram suspensas.
Já Júnior pulou de alegria quando soube que não teria aula. “Estou caindo de sono e quero mexer no celular”, disse sorrindo.
Guilherme da Silva, de 14 anos, aluno do 7° ano, conta que acorda às 5h para pegar o ônibus no Portal Caiobá e ir estudar. Ele chegou às 6h38 e viu a escola sem movimento algum.
“Eu fiquei sabendo ontem que ia ter a greve dos professores, mas achei que seria na quinta-feira. Agora eu vou embora”, comentou.
Da mesma forma, Marcos Paulo Santos, de 13 anos, aluno do 8° ano, chegou de bicicleta e não conseguiu entrar.
De acordo com ele, não foi enviado nenhum bilhete e nem avisado em sala de aula. Ele acredita que a paralisação atrapalha, pois quando as aulas são repostas no sábado, quase ninguém participa.
Contrariando a resposta, a diretora do colégio, que preferiu não se identificar, disse que todos foram comunicados, foi enviado bilhete e avisado no grupo dos pais.
Na Escola Municipal Carlos Vilhalva Cristaldo, no Jardim Aeroporto, a situação não foi diferente. Na parede, havia um bilhete com o aviso.
O mecânico Marcelo Lemes, de 42 anos, chegou 7h para levar a filha, Manoela, de 10 anos, do 5° ano. Sua maior preocupação é ter com quem deixar a filha para trabalhar.
“Não estava sabendo ainda. Eu até tinha visto que ia ter paralisação dos professores, mas não sabia que era hoje. A questão é para os pais que trabalham o dia todo. Vou levá-la para minha mãe”.
A autônoma Miriam Bruno de Almeida, de 30 anos, mora em frente à escola. Ela é mãe da Isis, de 7 anos, e Miguel, de 8 anos.
Para ela, a situação está tranquila e tem como ficar com as crianças. Miriam também acredita que o aprendizado pode ficar prejudicado e que muitos alunos optam por não ir aos sábados.
“Eles sempre falam: ‘não vai ninguém, o que vou fazer lá?’. E os professores acabam fazendo brincadeiras ou outra dinâmica, porque vai pouca gente e não compensa passar o conteúdo”, ressaltou.
Apesar de professores da rede estadual terem aderido à paralisação, as aulas não foram suspensas na Escola Estadual Joaquim Murtinho, na Avenida Afonso Pena, região central de Campo Grande.
Segundo informações obtidas pela reportagem com funcionários do colégio, as aulas devem ocorrer normalmente, sem previsão de serem suspensas por conta da manifestação.
Entenda – Professores da rede estadual e municipal de Campo Grande aderiram à paralisação nacional. Está na pauta a revogação do Novo Ensino Médio, além de reajuste do piso salarial de 40,57% para os docentes da Reme (Rede Municipal de Ensino).
Todos os que aderiram vão fazer passeata com início na Praça Ary Coelho e tendo como destino final a Prefeitura de Campo Grande.
A concentração da REE (Rede Estadual de Ensino) terá início na praça, às 9h, e a passeata da Reme na ACP (Sindicato Campo-Grandense dos Profissionais da Educação Pública), às 8h.
Novo Ensino Médio – O novo modelo propõe que em parte das aulas os próprios alunos escolham uma área específica de conhecimento. Ao final do Ensino Médio, ele vai receber, além do certificado da conclusão do ano, um certificado da área escolhida que cursou.
Em março deste ano, grupo de estudantes e professores realizaram manifestação pacífica pedindo mudanças na estrutura curricular do Novo Ensino Médio, na região central de Campo Grande. Em abril, eles também voltaram às ruas da Capital para pedir pela revogação do novo modelo de ensino.
Colaborou Idaicy Solano