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Capital

"Deus te pega na curva": pai denuncia terror psicológico de mãe contra filho

Em um dos 52 áudios enviados à criança, mulher promete deixar menino na UTI para ensinar o que é respeito

Por Geniffer Valeriano | 19/03/2025 17:04

RESUMO

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Uma mãe foi denunciada por maus-tratos ao usar a religião para ameaçar e fazer terror psicológico contra seu filho de 8 anos. Em 52 áudios, ela utiliza passagens bíblicas para intimidar a criança, que agora está sob a guarda do pai. A denúncia foi feita após a descoberta das mensagens, que incluem ameaças de morte e agressões físicas. O caso foi registrado na Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente, e medidas de proteção foram solicitadas. O pai teme pela segurança do filho e decidiu denunciar para evitar que o menino se torne mais uma vítima de violência infantil.



Não estou ameaçando você de morte, não. Estou falando sobre Deus”. Assim começa um dos 52 áudios enviados por uma mãe ao filho de 8 anos. Em outra mensagem, a mulher continua: “É um mandamento o filho honrar o pai e a mãe. É mandamento do Senhor. E nesse mandamento você está falhando, mas fica tranquilo que Deus te pega na curva. Mas antes de te pegar na curva, ele te destrói.”

Denunciada por maus-tratos nesta quarta-feira (19), a mãe tem usado passagens bíblicas para ameaçar e fazer terror psicológico contra a criança. Para preservar a identidade do menino, os nomes de todos os envolvidos não serão divulgados, e a voz da mãe será alterada.

Ao Campo Grande News, o comerciante, de 29 anos, contou que, desde dezembro, o filho está sob sua guarda. A criança passou a morar com o pai após a mãe ligar pedindo para que ele o buscasse. Foi somente depois da mudança que as agressões e os áudios com ameaças foram descobertos.

“São 52 áudios que encaminhei do celular dele, porque ela não conversa comigo. Deixei ele visitar a mãe uma vez, porque eu não sabia da gravidade, e ele voltou chorando. Ele só tenta se aproximar dela. Já procuramos um motivo para isso, mas não encontramos nenhum”, contou.

O comerciante relata que, durante os dois anos de relacionamento com a mulher, ela frequentava uma igreja evangélica. “Nunca vi um nível de loucura como esse. Isso é algo fora do normal [...] é bizarro. Mistura religião com loucura, e em nenhuma religião eu vi esse tipo de coisa”, comentou.

Enquanto a criança é descrita pelo pai como “mega inteligente”, “adorada por todos”, “doce” e “linda”, a mãe o descreve nos áudios como “cheio de demônios”, “ímpio”, “sujo” e “corrompido”.

A sua essência de criança foi perdida. Foi dado lado para demônio, para a sujeira do mundo. Você mudou, garoto. Eu não tenho vontade nenhuma de conviver com você, nenhuma, nenhuma, nenhuma. E digo mais: enquanto você escolher ser essa criança ímpia, suja e corrompida [...] não vai entrar na minha casa, porque eu não aceito isso”, diz a mulher em um dos áudios.

Na manhã desta quarta-feira (19), pai e filho foram até a DEPCA (Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente) para registrar um boletim de ocorrência e pedir medidas de proteção para a criança. O menino passou por escuta especializada.

No boletim de ocorrência, está descrito que o menino apanhava com fios de energia e chineladas. Também foi relatado que dormia em um colchão no chão e, por diversas vezes, ouviu a mãe e o atual companheiro mantendo relações sexuais. Em um dos áudios, a mulher chega a ameaçar o filho por ter exposto a intimidade do casal.

“Eu vou caçar você nem que seja no inferno. Eu vou pegar você *** e vai ser o pior dia da sua vida. Eu vou te arrebentar, vou te deixar em uma UTI para te ensinar o que é respeito. Nunca mais na sua vida você vai abrir a boca para faltar com respeito comigo [....]. Você não abre a sua boca para falar da minha intimidade”, diz a mãe em outro áudio.

Em outra mensagem, recebida na noite desta terça-feira (18), a criança é ameaçada de ter os dentes arrancados e de ser decapitada.

Eu quero que você bote o pé aqui dentro ***. Eu arranco a sua cabeça e eu mesma te enterro”, esbraveja a mãe.

O comerciante conta que, por medo, o filho tem faltado à escola. Para sair de casa, a criança é sempre acompanhada pelo pai ou pela avó.

A decisão de denunciar a mulher veio pelo receio de que o menino se tornasse mais um nome em passeatas e manifestações pedindo o fim da violência infantil. “Eu nunca vi algo assim perto de mim e jamais imaginei que passaria por isso. [...] Eu denunciei porque não queria ter que fazer passeata para o caso ****. [...] Se meu filho estiver bem e vivo, eu não tenho medo de nada do que ela possa fazer contra mim”, finaliza o pai.

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