ACOMPANHE-NOS     Campo Grande News no Facebook Campo Grande News no X Campo Grande News no Instagram
NOVEMBRO, SEXTA  22    CAMPO GRANDE 31º

Capital

Em 3º processo, casal acusado de matar criança responderá por maltratar filhote

Casal acusado de assassinato deixou cãozinho de 4 meses defecando sangue até morrer

Por Anahi Zurutuza | 29/09/2023 16:21
Christian Leitheim (de camiseta branca) e Stephanie de Jesus (de blusa clara) durante audiência do processo por homicídio (Foto: Juliano Almeida)
Christian Leitheim (de camiseta branca) e Stephanie de Jesus (de blusa clara) durante audiência do processo por homicídio (Foto: Juliano Almeida)

Réus em duas ações penais na Justiça, Christian Campoçano Leitheim, 26, padrasto acusado de espancar a enteada até a morte, e a mãe da menina, Stephanie de Jesus da Silva, 24, responderão judicialmente a uma terceira acusação feita pelo MPMS (Ministério Público de Mato Grosso do Sul), pelo crime de maus-tratos a animais. Conforme a denúncia, oferecida pela promotora Andréia Cristina Peres da Silva, da 42ª Promotoria de Justiça, nesta quinta-feira (28), o casal deixou filhote defecando sangue até morrer.

A morte do vira-lata de 4 meses aconteceu no ano passado e foi descoberta após chamado feito à Decat (Delegacia Especializada de Repressão aos Crimes Ambientais e de Atendimento ao Turista). Depois de terem de dar explicações à polícia, o casal, que vivia em uma vila no Jardim Colúmbia – região norte da Capital – se mudou, com as crianças, para a casa na Vila Nasser, onde a garotinha de 2 anos e 7 meses morreu, em janeiro deste ano.

Conforme descrito pela acusação, denúncia anônima de que havia um cachorro sendo maltratado chegou à delegacia em 3 de maio. No dia seguinte, pela manhã, policiais foram até o endereço dado pelo informante e encontraram o cãozinho morto, amarrada a um cordão curto, na área de serviço da residência.

Foto do cachorrinho morto no quintal de residência (Foto: Reprodução do laudo da DEPCA)
Foto do cachorrinho morto no quintal de residência (Foto: Reprodução do laudo da DEPCA)

Em depoimentos dados à Decat, tanto Christian quanto Stephanie relataram que o filhote havia começado a passar mal no dia 1º daquele mês, mas que não puderam socorrê-lo até veterinário por estarem passando por dificuldades financeiras.

Para o MP, os dois cometeram crime porque “devendo e podendo agir para evitar o resultado, bem como assumindo o risco de produzi-lo, mediante omissão penalmente relevante, praticaram maus-tratos a animal doméstico, cachorro Maylon, que estava sob a tutela de ambos, ao não buscarem socorro médico veterinário após constatarem que o canino estava defecando sangue, mantendo-o amarrado com fio curto na área de serviço do imóvel em meio a local insalubre, com sujidades, repleto de fezes no pátio da casa e sem alimento conforme Laudo Pericial”.

Os dois foram denunciados nos termos do artigo 32º da Lei de Crimes Ambientais e podem pegar pena de 2 a 5 anos de reclusão.

Área onde cachorrinho morreu defecando sangue (Foto: Reprodução do laudo da DEPCA)
Área onde cachorrinho morreu defecando sangue (Foto: Reprodução do laudo da DEPCA)

Outros animais – Além de Maylon, o casal tinha um gato, chamado Banguela. Não há registros sobre qual foi o destino do animal.

Quando se mudou para a Vila Nasser, Christian e Stephanie adotaram outro cão, o Tomate, que também sofria maus-tratos segundo vizinhos. Uma das entrevistadas do Campo Grande à época da morte da menininha disse que o cachorro apanhava e chorava bastante. O vira-lata ficou preso na residência, sem água e sem comida, após a prisão dos dois por suspeita de assassinato. Mas, dias depois, ele foi adotado.

Cão Tomate, na casa em que viveu até prisão do casal (Foto: Henrique Kawaminami/Arquivo)
Cão Tomate, na casa em que viveu até prisão do casal (Foto: Henrique Kawaminami/Arquivo)

As acusações – Na tarde do dia 26 de janeiro deste ano, criança de 2 anos deu entrada na UPA (Unidade de Pronto Atendimento) do Bairro Coronel Antonino, no norte de Campo Grande, já sem vida. Inicialmente, a mãe, que foi até lá sozinha com a garota nos braços, sustentou versão de que ela havia passado mal, mas investigação médica encontrou lesões pelo corpo, além de constatar que a morte havia ocorrido cerca de quatro horas antes da chegada ao local.

Para a polícia e o MP, a garotinha foi espancada até a morte e era estuprada. O atestado de óbito apontou que a menininha morreu por sofrer trauma raquimedular na coluna cervical (nuca) e hemotórax bilateral (hemorragia e acúmulo de sangue entre os pulmões e a parede torácica). Exame necroscópico também mostrou que a criança sofria agressões há algum tempo e tinha ruptura cicatrizada do hímen – sinal de que sofreu violência sexual.

O padrasto responde por homicídio e estupro. Já Stephanie, pelo assassinato, como o Christian, mesmo que não tenha agredido a filha, mas porque, no entendimento do Ministério Público, ela se omitiu do dever de cuidar. No início deste mês, ambos foram denunciados pelo crime de tortura.

Receba as principais notícias do Estado pelo Whats. Clique aqui para entrar na lista VIP do Campo Grande News

Nos siga no Google Notícias