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Capital

Pai fica pela 2ª vez cara a cara com réus por morte de filha e espera confissão

Nesta quinta, última testemunha, padrasto acusado de espancar enteada até a morte e mãe serão ouvidos em juízo

Por Anahi Zurutuza e Ana Beatriz Rodrigues | 28/09/2023 16:12
Christian Campoçano Leitheim, 26, e Stephanie de Jesus da Silva, 24, réus pela morte de criança de 2 anos durante audiência (Foto: Juliano Almeida)
Christian Campoçano Leitheim, 26, e Stephanie de Jesus da Silva, 24, réus pela morte de criança de 2 anos durante audiência (Foto: Juliano Almeida)

Cara a cara com os réus pela morte da filha de 2 anos, o técnico de enfermagem, Jean Carlos Ocampo, 28, espera confissão dos acusados de assassinato. A mãe da menina, Stephanie de Jesus da Silva, 24, chegou a dar versão para a polícia, negando ter testemunha a filha ser espancada. Quem está há 8 meses em silêncio é Christian Campoçano Leitheim, 26, padrasto da criança, acusado de praticar as agressões que levaram a garotinha à morte.

“Nós estamos vivemos de novo tudo o que aconteceu conosco no dia 26 de janeiro, a perda da minha filha, a falta dela. Mas, estamos aqui hoje representando ela. A única coisa que eu peço para Deus é a verdade. Que eles sejam homem e mulher de ter feito o que fizeram com a minha filha e assumam o que fizeram. Que tenham a responsabilidade de carregar a culpa de ter assassinado uma criança de 2 anos e 7 meses que não tinha como se defender”, afirmou ao chegar ao Fórum de Campo Grande, na tarde desta quinta-feira (28), para acompanhar a fase final das audiências, quando os réus serão interrogados.

De camiseta verde, o pai da garotinha, Jean Ocampo acompanha audiência ao lado do marido, Igor de Andrade (Foto: Juliano Almeida)
De camiseta verde, o pai da garotinha, Jean Ocampo acompanha audiência ao lado do marido, Igor de Andrade (Foto: Juliano Almeida)

Jean Ocampo participou da primeira audiência do caso, quando foram ouvidas testemunhas da acusação e ele prestou depoimento, em 17 de abril deste ano. Nas duas convocações seguintes para oitivas em juízo, preferiu não ficar no mesmo ambiente que Christian e Stephanie. O casal tem o direito de acompanhar todos os depoimentos.

De volta ao prédio da Justiça em Campo Grande, o pai da criança está acompanhado do marido, Igor de Andrade, e do psicólogo que tem dado suporte emocional a Jean depois que a filha morreu.

Na frente do juiz Aluízio Pereira dos Santos, da 2ª Vara do Tribunal do Júri, nesta tarde, o padrasto terá a chance de dar sua versão sobre o que aconteceu em janeiro deste ano, antes de a enteada ser levada morta até uma UPA (Unidade de Pronto Atendimento) de Campo Grande. Ele e a mãe da criança responderão perguntas de advogados, promotores e o magistrado. Devem ter de explicar não só o que aconteceu no 26º dia de 2023, mas responder a perguntas sobre a violência praticada em vida contra a criança.

Com pelúcia da fillha na mão, pai assiste da plateia movimentação no plenário (Foto: Juliano Almeida)
Com pelúcia da fillha na mão, pai assiste da plateia movimentação no plenário (Foto: Juliano Almeida)

As acusações – Na tarde do dia 26 de janeiro deste ano, a menina deu entrada na UPA do Bairro Coronel Antonino, no norte de Campo Grande, já sem vida. Inicialmente, a mãe, que foi até lá sozinha com a garota nos braços, sustentou versão de que ela havia passado mal, mas investigação médica encontrou lesões pelo corpo, além de constatar que a morte havia ocorrido cerca de quatro horas antes da chegada ao local.

O atestado de óbito apontou que a menininha morreu por sofrer trauma raquimedular na coluna cervical (nuca) e hemotórax bilateral (hemorragia e acúmulo de sangue entre os pulmões e a parede torácica). Exame necroscópico também mostrou que a criança sofria agressões há algum tempo e tinha ruptura cicatrizada do hímen – sinal de que sofreu violência sexual.

O padrasto responde pelo homicídio e pelo estupro. Já a mãe da menina, pelo assassinato, como o Christian, mesmo que não tenha agredido a filha, mas porque, no entendimento do Ministério Público, ela se omitiu do dever de cuidar. No início deste mês, ambos foram denunciados pelo crime de tortura.

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