Em prédio sem reforma há 15 anos, Casa do Artesão expõe cultura de MS
Entre peças de cerâmica, argila, rendas e bordados, cds e livros, a Casa do Artesão, na região central de Campo Grande, oferece 4 mil peças de artesanato que representam a cultura sul-mato-grossense. O local tem como objetivo valorizar a cultura do Estado, mas sofre com uma série de problemas em sua estrutura, segurança e acessibilidade.
A última reforma no prédio, construído entre 1918 a 1923, foi realizada em 2002. Desde então o patrimônio histórico de Mato Grosso do Sul apresenta infiltrações e danos em sua estrutura, além de problemas de segurança e falta de acessibilidade. Além disso, a parte externa do prédio se tornou ponto de abrigo para moradores de rua da cidade.
Em 2015, problemas estruturais deixaram o local parcialmente fechado por nove dias e causaram prejuízo de R$ 2 mil. O teto do edifício foi danificado por galhos de uma árvore centenária após fortes chuvas e as telhas precisaram ser trocadas.
O Governo do Estado autorizou em julho do ano passado, a reforma no valor de R$ 600 mil. Nesta sexta-feira (07) a ordem de reinício da elaboração dos projetos para a restauração e acessibilidade da Casa do Artesão foi publicada no DOE/MS (Diário Oficial de Mato Grosso do Sul).
“O estudo já começou para ver o que será aprovado, mas não tenho a data em que ficará pronto. São pequenos reparos de manutenção e estamos com uma posição positiva”, avaliou Eliane Torres, coordenadora da casa.
As obras devem ser feitas no telhado e banheiros, além da instalação de um elevador. “O ponto é o melhor que tem, o que falta é a reforma que já está em andamento”.
Artesanatos - Nas prateleiras, o preço das peças podem custar de R$ 3,60 até R$ 450. De acordo com Eliane, 700 artesãos expõem materiais com frequência no espaço, que funciona desde 1975 no mesmo prédio e é reconhecido como patrimônio histórico e cultural da cidade.
“Para expor os artesanatos é necessário ter a carteirinha do artesão, que fica pronta no mesmo dia e deve ser feita na Fundação de Cultura. Os produtos passam por uma seleção e precisam ter referência cultural”, explicou.
São seis funcionários no local e cerca de 300 pessoas passam diariamente pelo espaço. Eliane afirma que 90% dos clientes são turistas que levam lembranças para diversas partes do país e do mundo. A arrecadação mensal fica entre R$ 25 a 30 mil, e desse total 20% é destinado aos profissionais que produzem os produtos.
“O artista deixa o preço e a casa acrescenta a porcentagem referente as despesas, como o custo com embalagem, porque não visamos o lucro e sim expor os trabalhos”, afirmou Eliane.
Grande parte dos produtos fazem referência a cultura indígena e ao pantanal sul-mato-grossense. Entre as peças está a arte produzida pelo artesão Mariano Antunes, neto da conceituada artesã Conceição dos Bugres, que recentemente teve um exemplar enviado ao presidente Michel Temer como presente. Os produtos do artista custam de R$ 48 até R$ 360.