Em protesto, moradores cobram asfalto que virou promessa no Santa Emília

“Estamos cansados de tanta promessa. As autoridades vão embora e a poeira fica.” Sob esse e outros gritos de ordem, moradores do Bairro Jardim Santa Emília realizaram protesto na tarde deste sábado (28) reivindicando asfalto no bairro que, em 52 anos de existência, tem apenas as linhas de ônibus pavimentadas.

O grupo, com pelo menos 40 pessoas, se reuniu em frente à Emei localizada na Rua Boanerges Lopes, esquina com a Rua Engenheiro Edno Machado, em um ato que declararam ser o primeiro em conjunto para cobrar asfalto.

Ana Pereira Barbosa, de 65 anos, vive desde 1991 no Bairro Jardim Santa Emília. A agente de saúde aposentada comenta o que hoje é uma das principais dificuldades que os moradores enfrentam. “Nós não temos segurança, não temos asfalto, precisamos de atenção das autoridades. O corredor de ônibus foi feito na época do Puccinelli, saindo do corredor não temos asfalto, não temos sensibilidade para os deficientes”, diz.

Apesar dos serviços de patrola que já foram executados, a moradora enfatiza que a medida resolve temporariamente problemas que voltam e se agravam, principalmente no período de chuvas. “Nós não queremos só que passem patrola, não queremos pedras. Quando está cheio de buracos, resolve, mas é momentâneo”, pontua.

Durante o protesto, adultos, crianças e idosos seguravam cartazes que refletiam uma indignação que se arrasta, para alguns deles, há mais de cinco décadas. Com direito a nariz de palhaço no rosto, o grupo se dividiu entre palavras de ordem pedindo asfalto, respeito pelas crianças que precisam ir à escola, enquanto outros até gritaram: “Quem vive no buraco é tatu.”

Alguns cartazes também traziam frases como: “Asfalto já! Nossas crianças merecem respeito” e “As bodas de ouro já passaram. São 52 anos sem asfalto.”

Nilvania dos Santos, de 39 anos, foi uma das responsáveis por mobilizar o grupo neste sábado. Moradora da Rua Coronel Adauto Barbosa, próxima à única escola municipal do bairro, ela explica que a via é uma das mais críticas do Jardim Santa Emília e fica como um “rio” nos períodos de chuva mais intensa.

“A água chega no portão de casa porque vira uma enxurrada. As crianças não têm por onde passar. Já presenciei a cena de uma tentando ir pela grama para chegar à escola, mas tendo que voltar para casa. Teve mãe que até perdeu o serviço por não conseguir atravessar”, relata.

A maioria dos moradores que aderiram à mobilização é categórica em dizer que a promessa de asfalto no bairro é antiga, mas nunca se cumpre. Segundo eles, o presidente do bairro já levou a demanda à prefeitura mais de uma vez, porém a ordem de serviço nunca se concretizou.

Mais um à frente da mobilização, Carlos Henrique, de 42 anos, fala sobre esse sentimento de indignação e esquecimento por parte do poder municipal compartilhado entre os moradores. “Estamos cansados. Tem 52 anos que ficam nessa promessa e nós só ficamos comendo poeira. Nós não queremos mais promessas, queremos uma resposta concreta da prefeitura”, destaca.

A reportagem procurou a Prefeitura de Campo Grande e solicitou um posicionamento sobre as reclamações dos moradores, em especial a cobrança por asfalto no bairro. Em resposta, a Sisep (Secretaria Municipal de Infraestutura e Serviços Públicos) manifestou que vem trabalhando na realização de estudos e projetos executivos para pavimentar o maior número de vias dos bairros da Capital.

"O bairro Santa Emília está entre os que a administração municipal está trabalhando para conseguir verbas para pavimentação. Enquanto isso, a Sisep vem trabalhando na manutenção das vias não pavimentadas. A Secretaria ressalta a preocupação com a questão da acessibilidade, tanto que a maioria dos projetos em execução contemplam a construção de calçadas com acessibilidade".

A pasta também informou que a administração municipal está em busca para a execução desses projetos.

Confira a galeria de imagens:

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