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Capital

Em reunião tensa, Santa Casa promete resolver falta de respiradores

Ana Paula Carvalho | 26/05/2011 19:21

Dez aparelhos serão trazidos de Nova Andradina

Reunião para resolver falta de respiradores na Santa Casa teve clima tenso. (Foto: João Garrigó)
Reunião para resolver falta de respiradores na Santa Casa teve clima tenso. (Foto: João Garrigó)

Após denúncias de mortes na Santa Casa em decorrência da falta de respiradores, o Ministério Público do Trabalho convocou para a tarde desta quinta-feira (26) na sede da Procuradoria Regional do Trabalho, uma reunião entre representantes da Santa Casa, Siems (Sindicato dos Trabalhadores da área de Enfermagem de Mato grosso do Sul), Secretária Estadual e Coren (Conselho Regional de Enfermagem, para definir um plano estratégico para solucionar o problema.

A reunião foi marcada por discussões e ânimos exaltados.

Ficou definido que em até cinco dias a Santa Casa receberá dez aparelhos respiratórios vindos de Nova Andradina, município que fica a 300 quilômetros da Capital. Segundo o Secretário Adjunto da Secretaria Estadual de Saúde, Eugênio de Barros, os aparelhos não farão falta para a população daquele município, porque estão sem utilização.

Para manusear esses equipamentos, a Santa Casa abrirá um processo seletivo imediato. Segundo o diretor-presidente da Junta Administrativa, Jorge Oliveira Martins, será necessário contratar 16 técnicos em enfermagem, quatro enfermeiros, quatro fisioterapeutas e dois médicos.

Ainda de acordo com ele, seis dos dez aparelhos serão colocados no Centro de Terapia Intensiva 1, que estava fechado por falta de equipamentos. Os outros quatro ficarão guardados enquanto o CTI 3 não é reaberto. “O CTI 3 está ocupado pela cirurgia cardíaca, ele estará liberado daqui há 20 dias”, afirma. Outros aparelhos serão adquiridos. Ao todo, a Santa Casa terá 22 novos aparelhos respiratórios.

Com a reabertura dos dois Centros de Terapia Intensiva, serão 12 novos leitos. “Nós pedimos um prazo de 45 dias para reabrir os dois CTIs, com isso, vai esvaziar a área de emergência do hospital. Hoje as pessoas chegam e nós não temos onde colocá-las”, diz.

Diretor-presidente da Junta Administrativa da Santa Casa, Jorge Oliveira Martins, afirmou que uma sindicância será aberta. (Foto: João Garrigó)
Diretor-presidente da Junta Administrativa da Santa Casa, Jorge Oliveira Martins, afirmou que uma sindicância será aberta. (Foto: João Garrigó)

Jorge afirmou que nessa sexta-feira (27) será aberta uma sindicância para apurar as denúncias feitas pelo Siems, de que teriam acontecido mortes em decorrência da falta de respiradores. “É muito grave dizer que uma pessoa morreu porque estava no Ambú, nós vamos apurar o fato”, afirma o diretor-presidente da Junta Administrativa do maior hospital do Estado.

Para a presidente do Siems, Helena Delgado, a reunião foi produtiva. “A denúncia partiu do sindicato, nós tivemos que entrar com uma câmera escondida para conseguir mostrar o problema. Agora, por meio do MP a carga será retirada da emergência e será transferida para o CTI que estava parado por falta de equipamentos”, diz.

Um Termo de Compromisso de Ajuste de Conduta (TAC) foi assinado pelos interessados na solução do problema dos aparelhos respiratórios. A Santa Casa se comprometeu a cumprir os prazos estipulados.

“Estamos dando uma atenção especial para o caso do Ambú, porque é o que está vitimando pessoas no momento”, relata o procurador do Trabalho, Paulo Douglas Almeida de Moraes.

Durante a reunião foi relatado que quatro dos cinco pacientes que estavam “ambusados” morreram.

Ontem, o MPT (Ministério Público do Trabalho) foi ao maior hospital público do Estado conferir as denúncias do Siems.

Devido à falta de aparelhos respiratórios, enfermeira tem que bombear "ambú" para garantir que paciente receba oxigênio.
Devido à falta de aparelhos respiratórios, enfermeira tem que bombear "ambú" para garantir que paciente receba oxigênio.

Segundo o procurador, a direção do hospital não conseguiu dar explicação razoável sobre os seis respiradores adultos e três infantis ociosos. “Também é curioso que a sala de emergência tenha 12 pontos de saída de ar comprimido, mas suporta apenas seis equipamentos funcionando simultaneamente”, relata o procurador.

A dez metros da sala de emergência, uma outra sala, que já foi UTI, tem 16 pontos de saída de ar. “Estamos buscando resolver esse problema do ambú. O problema na Santa Casa é muito mais complexo. Não estamos simplificando o que é complexo, mas resolvendo a questão mais urgente”, enfatiza.

Ambú- Na teoria, o ambú é ligado ao balão de oxigênio e deve ser usado por poucos minutos para estabilizar os pacientes em estado grave. Neste curto período, o respirador hospitalar é calibrado para fornecer oxigênio.

Já na realidade do hospital, a respiração manual é feita por horas e exige fôlego dos profissionais, são 60 bombeadas de ar por minuto. “Não é a ventilação adequada. O ambú não oferece 100% de oxigenação ao paciente”, afirma o secretário-geral do Siems, Lázaro Antônio Santana.

A Santa Casa está sob intervenção do poder público desde janeiro de 2005. Na ocasião, o Pronto Socorro fechou as portas. Nos últimos anos, o hospital aparece de forma recorrente no centro de denúncias de caos e sucateamento.

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