Empresa que prometia redução de 70% em dívidas é fechada em Campo Grande
Reclamações de clientes aumentaram nos últimos meses e equipes da Decon e Procon estiveram no local
Na manhã desta quinta-feira (15), a empresa OFX Assessoria Contratual Eireli, conhecida como “O Facilitador”, teve suas atividades temporariamente suspensas pelo Procon (Secretaria- Executiva de Orientação e Defesa do Consumidor), após diversas reclamações. Uma mulher chegou a ser levada para a Decon (Delegacia Especializada de Repressão aos Crimes Contra as Relações de Consumo).
RESUMO
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A empresa OFX Assessoria Contratual Eireli, conhecida como "O Facilitador", teve suas atividades suspensas pelo Procon após diversas denúncias de práticas abusivas contra consumidores. A empresa, que prometia redução de até 70% em dívidas, acumula processos no Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul. O Ministério Público investiga denúncias de pelo menos 70 pessoas, e o Procon já aplicou multas que somam mais de R$ 1 milhão. A empresa orientava clientes a suspenderem pagamentos de parcelas, resultando em apreensão de bens e aumento de dívidas. Após demitir funcionários recentemente, o estabelecimento foi encontrado fechado durante fiscalização.
As equipes estiveram nesta manhã no prédio onde a empresa funciona na Rua Padre João Crippa, Bairro Jardim dos Estados, em Campo Grande, no entanto, o local estava fechado. No local, era oferecida redução de juros de até 70% em dívidas. As vítimas passavam por uma entrevista gravada e isso servia como prova caso eles fossem denunciados.
Ao Campo Grande News, o delegado Reginaldo Salomão informou que a empresa havia demitido todos os funcionários, mas havia agendado com uma mulher de 38 anos. No local, estava apenas uma pessoa que dava treinamentos. Ela foi encaminhada para a delegacia e optou por ficar em silêncio.
Ela foi liberada e o caso ainda é investigado. De acordo com o titular da Decon, as reclamações de clientes voltaram a subir nos últimos meses.
Segundo apuração da reportagem OFX acumula processos no TJMS (Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul), sendo os dois mais recentes registrados em 12 e 13 de maio. No último deles, aposentado procurou a justiça e relatou ter sido atraído através de uma propaganda da empresa em programa de televisão. Com isso, no dia 20 de janeiro deste ano, foi até o prédio e fez algumas simulações.
Ele então foi informado de que no contrato bancário havia juros abusivos e que ele deveria suspender o pagamento das parcelas para conseguir readequação do documento. O homem relatou que a funcionária da empresa afirmou que a negociação seria feita diretamente com o Banco Central.
Com isso, ele confiou na empresa e acabou assinando um contrato de prestação de serviço no valor de R$ 5.200,00 parcelado em cinco vezes de R$ 1.040,00. No entanto, após dois meses ele foi surpreendido com uma notificação de busca e apreensão emitida pelo banco que ele devia e ao tentar contato com O Facilitador, não teve qualquer retorno.
O outro caso recente é uma petição registrada em 12 de maio também para rescisão do contrato por propaganda enganosa. A vítima, motorista firmou contrato com a empresa para redução de juros por conta do financiamento de uma motocicleta e também foi atraído por propaganda veiculada em programa de televisão.
Ele esteve na sede da empresa no dia 30 de janeiro deste ano e assinou contrato no valor de R$ 10 mil parcelado em 7 vezes. Depois ajustou um novo documento no valor de R$ 11,9 mil e não quitou nenhum dos boletos por notar alguns problemas.
O motorista ainda alega que não teve acesso a nenhum dos contratos e também foi orientado a suspender os pagamentos do financiamento o que acarretou em risco de busca e apreensão do veículo. Em nenhum dos casos houve decisão judicial ainda.
Histórico - Em 2022, o MPMS (Ministério Público de Mato Grosso do Sul) abriu um inquérito para investigar a OFX Assessoria Contratual EIRELI por supostas práticas abusivas contra o consumidor. A investigação foi conduzida pela 25ª Promotoria de Justiça, que recebeu denúncias de pelo menos 70 pessoas.
Os relatos indicavam que a empresa fazia promessas de renegociação, mas, após o pagamento dos valores, os clientes se viam sem qualquer resposta ou solução. Em muitos casos, a situação financeira dos consumidores piorava, com aumento da dívida e apreensão de bens financiados.
O Procon-MS também aplicou multas à empresa, que somam mais de R$ 1 milhão. Apenas em 2022, foram 16 processos administrativos resultando em penalizações que totalizaram R$ 292,9 mil. No ano anterior, 2021, as multas chegaram a R$ 492,9 mil.
Além disso, a empresa foi alvo de protestos organizados por clientes lesados. Em maio de 2023, um grupo de consumidores se reuniu na Praça dos Imigrantes, em Campo Grande, exigindo a devolução dos valores pagos e o encerramento das atividades da OFX no estado.
O que "O Facilitador" promete - A empresa "O Facilitador" se apresenta como uma solução para consumidores endividados. Ela promete reduzir significativamente valores de financiamentos de veículos, cartões de crédito e empréstimos bancários, afirmando negociar descontos de até 70%.
As promessas incluem: renegociação de dívidas diretamente com bancos e instituições financeiras e garantia de segurança e eficiência, usando supostos casos de sucesso para atrair clientes.
Na prática, no entanto, clientes relatam que a empresa apenas intermediava a quitação antecipada dos contratos – algo que o próprio consumidor pode fazer diretamente com o banco, sem intermediários. Além disso, há registros de que a OFX orientava clientes a deixarem de pagar as parcelas do financiamento, o que, em muitos casos, resultou na apreensão de veículos e negativação do nome.
A reportagem procurou a empresa através do telefone que consta em um dos processos e aguarda o retorno. O Procon também foi procurado para saber o motivo da suspensão das atividades, mas ainda não houve retorno. O espaço segue aberto para posicionamento.

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