"Era um casal muito discreto", diz vizinha sobre feminicídio no São Conrado
Vanessa Eugênia Medeiros e a filha, de dez meses, foram mortas e carbonizadas por João Augusto Borges ontem
Duplo feminicídio de mãe e bebê, de dez meses, chocou vizinhos do casal, no Bairro São Conrado, na Capital. O caso aconteceu nesta segunda-feira (26), por volta das 16h. Conforme o delegado da DHPP (Delegacia Especializada de Homicídios e Proteção à Pessoa), Rodolfo Daltro, o autor do crime, João Augusto Borges, de 21 anos, matou a companheira e a filha na casa do casal e levou os corpos para uma área de mata, horas depois.
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O Campo Grande News esteve no local onde o crime aconteceu, na Rua Livino Godoi, onde estão sendo realizadas as perícias, e encontrou diversos vizinhos observando o trabalho da Polícia Civil. Conforme relatos, o casal era discreto e quase não era visto pela vizinhança.
Para uma das fundadoras do São Conrado, Maria das Neves, de 68 anos, a situação é apavorante. “Nós nunca achamos que vai acontecer perto da gente. Assisti no jornal a notícia e, de repente, a polícia está aqui na rua da minha casa. Isso impressiona”, disse ela.
“A gente não ouvia a criança. Eles eram bem silenciosos. Não tinha nem movimento, era um casal muito discreto”, diz uma vizinha que não quis se identificar.
A versão é corroborada por outro vizinho, servente de pedreiro, que pediu para não ser identificado, de 26 anos. Segundo ele, a mãe mora muito próxima da casa do casal. “Não vimos nada de diferente ontem. Me indigna muito a falta de humanidade dessa história. Um homem desses tinha que ser colocado na rua para a população resolver”, reclamou.
Durante coletiva de imprensa, o delegado da DHPP contou que João Borges saiu para trabalhar na manhã de ontem e voltou às 15h30 para casa já com a intenção de matá-las. “Ele as matou às 16h, voltou ao trabalho, cumpriu normalmente o expediente, saiu do trabalho, passou no posto, comprou 16 reais de combustível e voltou pra casa”, disse Daltro.
Segundo ele, os corpos da mãe e da filha permaneceram na casa onde moravam, no Jardim São Conrado, por cerca de quatro horas, até João voltar do trabalho e decidir ocultá-los. “Elas ficaram mortas, então, das 16h às 21h, dentro de um cômodo. Ele as embrulhou em cobertores, colocou os corpos no porta-malas do carro e os levou até o local onde foram queimados”, relatou o delegado.
No carro de João, os brinquedos de Sophie estavam no banco traseiro, assim como a cadeirinha de transporte da criança.
Chocou família - A poucos dias de celebrar o primeiro aniversário da filha, Sophie Eugênia Borges, a jovem Vanessa Eugênia Medeiros, de 21 anos, foi morta de forma cruel junto com a bebê, em Campo Grande. Os corpos foram encontrados carbonizados em uma área de vegetação na noite de segunda-feira (26), e o companheiro de Vanessa, João Augusto Borges, também de 21 anos, foi preso em flagrante. O caso é investigado como duplo feminicídio.
A irmã da vítima, Wesla Kênia Lima Eugênia, de 27 anos, que mora em Chapadão do Sul e é madrinha da bebê, conversou com o Campo Grande News e revelou que a família está em choque. “É difícil de acreditar. Faltava dois meses para o aniversário da Sophie. Estávamos planejando uma festa com o tema Branca de Neve. A Vanessa ia usar meu vestido de casamento, para combinar com a roupinha da neném. Estava tudo encaminhado”, contou, emocionada.
Caso - Era por volta das 23h, quando equipes da Polícia Militar, foram acionadas para atender um incêndio em área de vegetação na Rua Desembargador Ernesto Borges. No local, encontraram os corpos das vítimas em chamas.
De acordo com o delegado Mateus Crovador, que atendeu a ocorrência, os corpos estavam em uma área isolada no fim de uma rua sem saída. “Ao chegarmos, nos deparamos com a vegetação em chamas. Os corpos estavam visíveis, uma mulher e uma criança carbonizados. Já temos uma linha de investigação e estamos analisando imagens da região”, afirmou.
João foi preso enquanto registrava o desaparecimento das vítimas na 6ª Delegacia de Polícia Civil. Equipe da DHPP (Delegacia Especializada de Repressão a Homicídios e de Proteção à Pessoa) foi ao local e fez a captura. Na gravação, o rapaz diz que estava cansado e não existia mais “química” entre ele e a companheira. Com isso, ele não queria pagar pensão. “Eu cansei, sinceramente eu cansei do relacionamento e não queria pagar pensão”, diz João.
Um policial interrompe e pergunta: “você matou sua filha para não pagar pensão?” e João rebate: “não foi para não pagar pensão, foi causa de influência de uma mulher do trabalho”. Novamente o servidor questiona se essa pessoa pediu para ele matar a criança, mas o autor nega. O vídeo termina aos 39 segundos.
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