Escolas recebem alunos com viaturas, polícia e "termômetro de sentimento"
Polícia Militar e seguranças amanheceram nas escolas para tranquilizar famílias diante de mensagens de ameaça
Como previsto, as escolas da rede estadual recepcionaram os alunos de forma diferente nesta quinta-feira (20), diante de mensagens de ameaças com referência à data do ataque em Columbine, nos Estados Unidos há 23 anos. Em algumas escolas estaduais, a acolhida tem música, balões, mensagens, "termômetro de sentimentos" e até chocolates, além de policiais militares e civis. Entre as particulares, algumas escolas contrataram reforço na segurança e também contam com a Polícia Militar na porta.
Na Escola Estadual Thereza Noronha de Carvalho, no Parque do Lageado, muitos alunos faltaram. Uma viatura da PM (Polícia Militar) está estacionada dentro da escola e um policial militar acompanha a acolhida. Na frente, outro veículo da Polícia Civil.
Na chegada, um arco de balão e músicas animadas. Toda a coordenação está recepcionando e distribuindo chocolates. Eles já sabem que hoje terá uma gincana. Um a um, os estudantes escolhem entre bolinhas coloridas aquelas que fazem referência a um sentimento que têm hoje.
Cursando o 9º ano, uma adolescente de 14 anos conta que nos últimos dias não teve viatura na escola, mas a presença da PM hoje dá a sensação de segurança.
Quando o pessoal começou a comentar e pichar o banheiro, não fiquei tão preocupada. Pensei que era mentira e se fosse acontecer algo não iam avisar, mas hoje estou preocupada sim. Tomara que o policial fique o dia todo aqui. Alguns dias me sinto mais segura e outros não. Várias amigas faltaram, porque os pais ficaram com medo, mas vim porque acho que não vai acontecer nada”, diz a menina.
Na Escola Estadual Henrique Ciryllo, na Vila Rica, a viatura da ronda escolar da PM chegou por volta das 6h com seis policiais militares. Aos poucos, os alunos vão chegando. Hoje, a direção abriu as duas partes do portão ao invés de uma só, como é de costume.
Na entrada, um mural com o "termômetro do sentimento" serve para os alunos escreverem mensagens de paz e colar, além de pintar com lápis de cor os espaços dos sentimentos predominantes hoje. Enquanto isso, funcionários entregam mensagens e alguns estudantes seguram plaquinhas com mensagens.
Apesar de ser dia normal em boa parte das escolas, nem todas terão aulas. A Escola Municipal Padre Tomaz Giraldeli, no Bairro Los Angeles, não tem aulas hoje, porque fará reunião de Conselho de Classe.
No Bairro Chácara Cachoeira, o Colégio Oswaldo Tognini tem, desde ontem, seguranças fazendo rondas dentro da escola. Às 7h15, chegou a viatura da PM com dois policiais que entraram no prédio.
O tenente Carlo Alexandre da PM explica que os policiais agem de maneira natural, intensificando as rondas e orienta os pais a confiar no trabalho dos militares e agentes da GCM (Guarda Civil Metropolitana), que também estão nas rondas escolares.
Todas as escolas tiveram reforço na ronda, tanto as públicas quanto as particulares. A gente chega, conversa com os diretores, que já estão orientados em como lidar com uma possível situação de emergência. Eles têm todos os contatos, da GCM, bombeiros e polícia. Nossa função é tranquilizar os pais”, diz o tenente.
A diretora da Escola Oswaldo Tognini, Maria Rita Araújo de Lima, conta que a ideia é cortar o clima de tensão das últimas semanas. Ela se preocupa com a saúde mental dos alunos e lembra que já enfrentaram dois anos de pandemia.
“Hoje, teremos ações do Proerd (Programa Educacional de Resistência às Drogas e à Violência). Vamos plantar feijões e eles poderão levar para casa e temos ainda o "dia do carinho". Cada um traz uma mensagem, um abraço, flor ou bombom. É uma ação entre os alunos e também dos alunos com os professores e funcionários. O conteúdo hoje será voltado para a conscientização de um mundo melhor”, comenta Maria Rita.
A Escola Estadual Joaquim Murtinho também tem dois policiais militares de prontidão na hora da chegada. Os alunos contam que se sentem seguros com a presença policial e também por causa das câmeras de monitoramento, além da região central ser mais movimentada.
Estudantes de 15 e 18 anos que cursam o Ensino Médio comentam que acham que o feriado motivou as ameaças para que os alunos pudessem faltar, outras falam em medo, mesmo acreditando que uma situação de ataque seja improvável.
Colaboraram Bruna Marques, Ana Beatriz Rodrigues e Idaicy Solano.