Ex-agentes penitenciários afirmam que foram interceptados pela Polícia Federal
Detidos após uma tumultuada entrevista coletiva na Justiça Federal, os dois ex-agentes do presídio federal de Campo Grande relatam que foram interceptados pela PF (Polícia Federal) quando estavam a caminho do escritório do advogado, nas imediações do Parque dos Poderes.
Yuri Mattos Carvalho relata que ele e Valdemir Ribeiro Albuquerque estavam em um Corsa Sedan, quando uma caminhonete prata descaracterizada, mas com sirene, fez sinal para que eles parassem.
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Segundo Yuri, as pessoas se identificaram como policiais federais e estavam com colete com brasão da PF. Em seguida, os dois foram revistados. Um agente assumiu a direção do Corsa, levando Yuri como passageiro, e Waldemir foi levado na caminhonete até a superintendência da PF.
No local, ambos afirmam que se recusaram a entrar. Segundo Yuri, o grupo afirmou que se tratava de averiguação, sem detalhar o motivo da ação. A PF ainda não se manifestou sobre o fato relatado pelos ex-agentes penitenciários.
O episódio ocorreu minutos depois da entrevista com a corregedora do TRF 3 (Tribunal Regional Federal), Suzana Camargo. Três dos quatros agentes demitidos sob acusação de retirar documentos de dentro do presídio foram ao local e o clima ficou tenso.
Enquanto a desembargadora saiu em defesa do juiz federal Odilon de Oliveira, acusado pelos agentes demitidos de tentar extorquir um preso e permitir monitoramento de visitas intimas dos presos e conversas com advogados, os ex-agentes alegavam que a corregedora estava sendo enganada. A entrevista foi entrecortada por bate-boca acalorado.
Histórico - Há 3 anos, o Campo Grande News divulgou com exclusividade as denúncias dos agentes penitenciários. Em dezembro de 2008, vídeos foram apreendidos em casas de agentes. Os servidores fizeram a denúncia porque consideravam não haver justificativa oficial para a gravação realizada em ambiente não permitido pela legislação brasileira.
De início, o Depen (Departamento Penitenciário Nacional) negou a existência de qualquer gravação, alegando que os agentes criaram o fato para tentar barganhar reajuste salarial. Depois, o órgão confirmou que escutas foram feitas, mas a pedido do Ministério Público Federal.
A OAB/MS (Ordem dos Advogados do Brasil) denunciou o assunto ao CNJ (Conselho Nacional de Justiça) e ao CNMP (Conselho Nacional do Ministério Público). Os dois órgãos arquivaram os pedidos de providências. Os agentes federais respondem a processo na justiça federal, o procedimento está sob sigilo.


