“Dama do Crime”, liderança feminina do PCC é presa na Vila Nhanhá
Valkíria é apontada como traficante ativa, responsável por guardar, vender e distribuir drogas
Preso nesta quinta-feira (11), durante diligências da Polícia Civil na Vila Nhanhá, em Campo Grande, um dos nomes apontados como integrante do núcleo feminino do PCC (Primeiro Comando da Capital). Valkíria Silva Honorato, de 36 anos, investigada há anos e citada em uma das dez denúncias oferecidas pelo MPMS (Ministério Público de Mato Grosso do Sul) contra 86 integrantes do PCC
RESUMO
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O Ministério Público de Mato Grosso do Sul denunciou 24 mulheres por envolvimento com o Primeiro Comando da Capital (PCC). Entre elas está Valkíria Silva Honorato, 36 anos, presa na Vila Nhanhá, em Campo Grande. A maioria das denunciadas são companheiras de líderes presos da facção criminosa. As investigações, iniciadas em 2018 pelo Gaeco, revelaram que as mulheres assumiram posições estratégicas após a prisão de seus companheiros, atuando principalmente no tráfico de drogas e controle de armamentos. Valkíria, que tem cinco filhos menores de 12 anos, aguarda decisão judicial sobre pedido de prisão domiciliar.
O mandado de prisão foi expedido para cumprimento de pena definitiva. A defesa já tenta a liberdade e apresentou pedido para que ela fique em regime domiciliar. Nos autos, o advogado afirma que a detenta tem cinco filhos com menos de 12 anos, reside em Campo Grande e é a única responsável pelas crianças. O caçula, de apenas sete meses, ainda está em fase de amamentação, conforme documento anexado ao processo.
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Segundo o Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado) ela era traficante ativa dentro do grupo, responsável por guardar, vender e distribuir drogas, operando a partir da Vila Nhanhá e usando uma linha telefônica registrada em seu nome para apoiar diretamente o cunhado, André Luiz Elias, o “Kapetinha”, liderança do setor conhecido como Geral do Progresso.
Em uma das conversas interceptadas, Valkíria é ouvida alertando a filha sobre a seriedade de “fechar com a família” e afirmando que isso “não é brincadeira”. Esse vínculo, segundo o MP, representava seu compromisso com a facção, da qual fazia parte havia pelo menos uma década.
Valkíria integra o grupo de 24 mulheres denunciadas por crimes como associação criminosa e tráfico de drogas. As denúncias foram divididas conforme área de atuação e proximidade operacional. O protagonismo feminino chama atenção e é, segundo o MP, consequência direta da prisão dos companheiros que ocupavam postos de liderança no PCC - espaço que acabou sendo assumido por esposas, namoradas e até ex-companheiras.
A Operação Regresso, que deu origem às denúncias, foi deflagrada entre os dias 10 e 14 de setembro de 2020, cumprindo 35 mandados de prisão em Campo Grande, Dourados, Corumbá e Três Lagoas. A investigação começou em fevereiro de 2018 pelo Gaeco, a partir de escutas telefônicas, vigilância e trabalho de campo. Os grupos identificados atuavam em bairros como Vila Nhanhá, Aero Rancho, Tijuca, Caiobá, Coophasul, Vila Nasser e Moreninhas.
O fenômeno das mulheres assumindo posições relevantes na facção já havia sido registrado em outros estados. Em julho de 2020, o setor de Inteligência de Alagoas deflagrou a operação “Damas do Crime”, revelando um núcleo feminino extremamente ativo na tomada de decisões e em execuções internas, especialmente contra traidores e integrantes do Comando Vermelho.
Em Mato Grosso do Sul, embora não desempenhem o mesmo grau de liderança das “irmãs” do Nordeste, as mulheres denunciadas ocupam funções consideradas essenciais dentro do Geral do Progresso, núcleo responsável pelo tráfico de drogas e pelo controle de armamentos - o chamado “paiol”.
As 24 denunciadas são, em sua maioria, companheiras de membros do PCC que exercem funções de grande influência na facção. Quando eles são presos, elas “metem um 16”, como dizem nas próprias conversas telefônicas: assumem responsabilidades, movimentam a venda de drogas e mantêm o funcionamento das atividades, demonstrando autonomia e segurança.
As denúncias seguem tramitando na 5ª Vara Criminal de Campo Grande. A Justiça deve analisar nos próximos dias o pedido da defesa pela conversão da pena de Valkíria para prisão domiciliar.
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