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Capital

Familiares se despedem de Leocádia no ano em que terminaria outra faculdade

Ex-secretária dedicou vida à educação de Mato Grosso do Sul e deixou "legado" a familiares, amigos e ao Estado

Guilherme Correia e Cleber Gellio | 22/02/2022 09:22
Leocádia durante seminário na UEMS - professora e ex-secretária dedicou vida à educação sul-mato-grossense. (Foto: Arquivo Pessoal)
Leocádia durante seminário na UEMS - professora e ex-secretária dedicou vida à educação sul-mato-grossense. (Foto: Arquivo Pessoal)

Familiares e amigos prestaram homenagem nesta terça-feira (22) à Leocádia Aglaé Petry Leme, vítima aos 73 anos de um acidente na Capital. Ela dedicou sua vida à educação e, segundo um amigo próximo, completaria neste ano, mais uma graduação.

Leocádia prestou serviço ao Estado de Mato Grosso do Sul, quando foi secretária de Educação, na década de 1990, mas atuou em diversos cargos relacionados ao assunto, mesmo antes da nomeação.

O filho, Marco Petry, se emocionou ao relatar a história da mãe. (Foto: Marcos Maluf)
O filho, Marco Petry, se emocionou ao relatar a história da mãe. (Foto: Marcos Maluf)

Ela deixou dois filhos, netos e bisnetos. Ao Campo Grande News, o filho Marco Petry, de 50 anos, lembra dos momentos de felicidade que a mãe proporcionou à família, mas também ressalta o trabalho educacional.

“O que nos acalenta é o reconhecimento que ela teve de todos. A gente percebe o quanto ela era querida, admirada e o quanto ela foi importante. Para nossa família, nem se fala, mas para todo o Estado também. Em especial, na educação. Isso, para a gente, é muito relevante. Este legado que ela deixa.

No lado pessoal, familiar, ela foi a melhor mãe, a melhor avó e a melhor bisavó. Uma pessoa que sempre mostrou coisas boas. Uma pessoa que se importava com as outras.”

Emocionado, o viúvo Nilo Leme, 76 anos, relembra a parceria do matrimônio e ressalta: “Foram 52 anos de casados”.

De máscara branca, o viúvo, Nilo Leme, relembra a história que construiu ao lado de Leocádia. (Foto: Marcos Maluf)
De máscara branca, o viúvo, Nilo Leme, relembra a história que construiu ao lado de Leocádia. (Foto: Marcos Maluf)

O cirurgião-dentista João Paulo Barcellos Esteves, de 63 anos, foi amigo íntimo de Leocádia e de toda família. Ele foi secretário de Saúde do governo de José Orcírio dos Santos (PT) e conheceu o casal há 35 anos.

Inicialmente, quando ela era titular da SED (Secretaria Estadual de Educação), ele era servidor do município de Nova Andradina e, por isso, mantinha contato com ela. Desde então, nunca mais pararam de se falar e as famílias se tornaram amigas.

“A gente não sabe o que acontece em outro plano, diz que daqui, a gente não leva nada, mas se ela levou algo, foi muito conhecimento. Tinha uma sabedoria que poucas pessoas tem. Era uma pessoa extraordinária e fazia o que gostava.”

João também revela um aspecto importante do currículo de Leocádia - aos 73 anos, ela cursava Direito, na Anhanguera, e iria se formar em julho.

O amigo também comenta que ela foi a primeira mulher reitora da Uniderp e da UEMS (Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul). “Era exemplo de profissional, ela nunca parava. Era muito proativa e além de adquirir muito conhecimento, ela dividia com todos. Deixou um legado fantástico.”

Na extensa trajetória, foi professora de História, Filosofia e Políticas da Educação, na UFSCar (Universidade Federal de São Carlos), era pós-doutora em História da Educação no Instituto de Educação da Universidade de Londres, onde também foi professora visitante em 2014.

Também coordenou PPGE/UFSCar, entre 2007 e 2010, e recebeu o Prêmio CAPES 2008 pela melhor tese orientada na área da Educação. Em 2007, foi professora de História da Educação na UFSCar.

Velório foi realizado nesta terça-feira, em Campo Grande. (Foto: Marcos Maluf)
Velório foi realizado nesta terça-feira, em Campo Grande. (Foto: Marcos Maluf)

Legado - Leocádia foi secretária estadual de Educação entre 1991 a 1994, durante o segundo mandato do ex-governador Pedro Pedrossian, então pelo PTB, além de ter sido reitora da UEMS e uma das fundadoras do PDT (Partido Democrático Trabalhista) em Mato Grosso do Sul.

Uma das principais medidas implementadas por ela na vida pública, foi a eleição direta pela comunidade a diretores das escolas estaduais.

A UEMS - instituição a qual ela mantinha relações estreitas até hoje - lamentou a morte de Leocádia e determinou luto de três dias.

Ela manteve importante influência política no Estado e chegou a concorrer como deputada federal e ao Senado.

"A morte dela abre grande lacuna na política e na educação do nosso estado, entristecendo sobretudo os pedetistas que conviveram com ela partilhando suas ações e pensamentos finais, razão pela qual o PDT de Campo Grande, do Mato Grosso do Sul e Nacional declaram-se em luto externando condolências à família", disse o PDT, em nota.

Ela também atuou no Consed (Conselho Nacional dos Secretários de Estado de Educação), foi consultora na Fundação Roberto Marinho e estava como reitora da Anhanguera -Uniderp desde 2012.

Ocorrência - Leocádia foi atropelada por um motociclista no fim da tarde de domingo (20), em Campo Grande, após atravessar a rua. O acidente aconteceu na Rua 25 de Dezembro, no Centro da Capital.

“Sobre o ocorrido, a gente ainda está muito abalado, porque é uma coisa que ninguém espera. Está sendo muito difícil, acredito que foi uma fatalidade e isso deve ficar sob responsabilidade das autoridades”, comenta o filho, Marco Nery.

O Corpo de Bombeiros Militar socorreu a vítima, que deu entrada na Santa Casa de Campo Grande, em estado gravíssimo e com traumatismo cranioencefálico. Leocádia foi vítima às 20h35, depois de sofrer parada cardiorrespiratória devido à gravidade dos ferimentos.

O suspeito pilotava sem CNH (Carteira Nacional de Habilitação) e foi conduzido à delegacia.

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