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Capital

Funcionárias de fábrica são demitidas por carta e cobram salário e 13°

Elci Holsback | 20/12/2016 14:33
Funcionárias foram demitidas por carta (Foto: Divulgação)
Funcionárias foram demitidas por carta (Foto: Divulgação)

Cerca de 50 funcionárias da fábrica de lingerie Universo Íntimo, localizada no Parque Industrial de Campo Grande, foram demitidas por carta e sem justa causa nesta segunda-feira (19). Elas afirmam que não receberam o salário referente a novembro e nem o 13° salário.  A fábrica está em férias coletivas.

De acordo com uma costureira de 55 anos, após trabalhar todos os dias até às 19h a pedido da administração da empresa para cumprir as demandas de entrega das mercadorias, na última sexta-feira (16) as trabalhadoras foram dispensadas mais cedo e informadas que os pagamentos seriam efetuados naquela tarde. Ontem, as cartas de demissão chegaram através dos Correios.

"Ninguém nos informa nada, mentiram que o salário seria pago na sexta e não foi. Agora está tudo fechado, ninguém lá atende e estamos desesperadas, sem dinheiro para as contas", relata a funcionária que trabalhou na empresa por 10 anos.

A costureira denuncia ainda que as horas extras não eram pagas há mais de um ano e a administração da fábrica sugeria que as trabalhadores retirassem peças da fabricação para abater do valor devido. As férias, segundo ela, também não são pagas desde 2015 "Estou muito decepcionada. Após tantos anos de trabalho sou demitida por carta e não recebi nada, a situação está horrível", comenta.

Ontem à tarde, grupo de funcionárias demitidas foi até a fábrica, mas foi impedido de entrar. Na portaria, as trabalhadoras foram informadas que a empresa está de recesso até o dia 9 de janeiro de 2017.

"Na carta diz que temos que ir lá entre 9 e 13 de janeiro para levar carteira de trabalho e devolver o crachá e uniforme. Não consigo nem dar entrada no seguro desemprego e como a empresa não depositava o FGTS (Fundo de Garantia por Tempo de Serviço) não vamos receber esse valor", conta outra funcionária de 39 anos, que atuou por sete no setor de controle de qualidade da empresa.

A trabalhadora relata ainda que vai buscar orientação jurídica para o caso e pretende ingressar com ação contra a Universo Íntimo.

Ontem, a diretoria do Sindicato dos Trabalhadores na Indústria do Vestuário de Campo Grande esteve na fábrica, onde foi informada pela administração que sete funcionárias foram demitidas, contestando o número de cartas enviadas. "Conversamos com as trabalhadoras e elas confirmaram que os salários estão atrasados ou eram pagos fracionados. A empresa não confirma o número de demissões, vamos averiguar amanhã em reunião agendada junto a um representante do MPT (Ministério Público do Trabalho)", adianta a presidente do sindicato, Alaíde Maria Santos.

Em contato com o RH (Recursos Humanos) da Universo Íntimo, a reportagem do Campo Grande News foi informada que a empresa está em férias coletivas e não há nenhum representante para comentar o assunto. A funcionária, que não quis se identificar, disse ainda que não tem autorização para informar o nome ou contato do advogado que representa a empresa.

Não foi possível contato com o MPT. 

Mais demissões - Em setembro de 2015, 82 trabalhadores da Universo Íntimo foram demitidos sem justa causa, informados sobre a dispensa das atividades em reunião coletiva no refeitório da empresa. O MPT foi acionado e durante reunião entre representantes das partes foi apresentada proposta de pagamento de todas as verbas salariais e o valor integral das verbas rescisórias, que somam em torno de R$ 1 milhão e ainda das parcelas do FGTS não depositadas.

Foram realizadas audiências em outubro de 2015 e no decorrer de 2016 e, um novo encontro está agendado para abril de 2017, segundo a presidente do sindicato patronal, Alaíde Maria Santos. 

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