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Capital

Funcionários fazem campanha nas redes sociais contra demissão em massa

Renata Volpe Haddad | 17/12/2016 17:45
Funcionários de pelo menos 10 Ceinf's em Campo Grande, protestam nas redes sociais contra demissão em massa. (Foto: Reprodução)
Funcionários de pelo menos 10 Ceinf's em Campo Grande, protestam nas redes sociais contra demissão em massa. (Foto: Reprodução)

Funcionárias e diretoras de pelo menos 10 Ceinf's (Centro de Educação Infantil) de Campo Grande, mobilizam um protesto no Facebook, contra a demissão em massa de trabalhadores da Omep (Organização Mundial para a Educação Pré-escolar) e Seleta (Sociedade Caritativa e Humanitária).

Na tarde de ontem (16), a Prefeitura de Campo Grande publicou no Diário Oficial do Município o anúncio do rompimento imediato dos convênios com as organizações que terceirizavam mão de obra e serviços para a administração municipal, mas que se afundaram em denúncias relacionadas à contratação de “fantasmas” e desvios de dinheiros dos cofres municipais. Com o rompimento, aproximadamente 4 mil terceirizados serão demitidos. 

De acordo com a diretora do Ceinf Carlos Nei da Silva, localizado no Jardim Arco Íris, Ana Cristina Dorsa Lima, através de um grupo no What's App, as diretoras combinaram as postagens no Facebook em apoio aos funcionários que não são fantasmas. "Estamos fazendo uma campanha para fortalecer e informar também para a população que essas trabalhadores não são fantasmas e que estão lá há mais de 10 anos trabalhando", alega.

Ainda segundo a diretora, com o anúncio da prefeitura, todos os trabalhadores foram colocados "no caldeirão". "Os funcionários não podem ser julgados pelos erros cometidos pelos outros. Essas pessoas têm famílias, a prefeitura tem que olhar para eles".

Com a hashtag não somos fantamas, mobilização no Facebook começou neste sábado (17). (Foto: Reprodução)
Com a hashtag não somos fantamas, mobilização no Facebook começou neste sábado (17). (Foto: Reprodução)

Em uma das postagens no Facebook, uma funcionária afirmou que os terceirizados da prefeitura são tratados como indigentes. Ela relata que todos os meses, eles precisam protestar para receberem os salários. "Não somos culpadas por esta roubalheira, trabalhamos todos os dias, de segunda a sexta-feira, somos aquelas que cuidam dos seus filhos e muitas vezes fazemos isso sem receber".

Outra funcionária divulgou que está revoltada com a situação de que 4.300 terceirizados serão mandados embora por incompetência de poucos. "Sem contar que seremos mandadas embora e até agora ninguém falou do nosso acerto. Somos trabalhadores, cumprimos com nossos deveres, cuidamos de nossas crianças com todo amor e agora somos tradadas assim, sem ao menos uma satisfação. Eu e muitas de nós dependemos desse dinheiro, essa é a nossa única fonte de renda. Como vamos viver? Como pagar nossas contas? Como vamos comer?", questiona.

Por meio do comunicado oficial, o Executivo municipal também proíbe que os terceirizados tenham “acesso a toda e qualquer repartição pública, onde desempenhavam suas funções”.

A pedido do MPE (Ministério Público Estadual), o juiz David de Oliveira Gomes Filho, da 2ª Vara de Direitos Difusos, Coletivos e Individuais Homogêneos, determinou na quinta-feira (15) o rompimento dos contratos.

A decisão foi tomada três dias depois que força-tarefa comandada pelo Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado) deflagrou a Operação Urutau e prendeu três pessoas – dentre elas a presidente da Omep, Maria Aparecida Salmaze – ligadas a suposto esquema de desvio de dinheiro dos cofres municipais por meio das entidades classificadas pelo MP como “indústria de fantasmas”.

Também foram cumpridos 14 mandados de busca e apreensão e sete de condução coercitiva.
Para substituir os 4 mil demitidos, o MPE recomendou que a prefeitura faça contratos temporários com trabalhadores que ocupem cargos em unidades que oferecem serviços essenciais. O prefeito eleito Marquinhos Trad (PSD) estuda a alternativa.

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