ACOMPANHE-NOS     Campo Grande News no Facebook Campo Grande News no X Campo Grande News no Instagram Campo Grande News no TikTok Campo Grande News no Youtube
DEZEMBRO, TERÇA  23    CAMPO GRANDE 27º

Capital

Funcionários da Santa Casa entram no 2º dia de protestos por 13º salário

Metade da equipe participa do ato enquanto serviços seguem; sindicatos não descartam greve

Por Maristela Brunetto e Dayene Paz | 23/12/2025 06:48
Funcionários da Santa Casa entram no 2º dia de protestos por 13º salário
Funcionários se aglomeravam hoje em frente ao hospital, em mais um dia de cobrança pelo pagamento do 13º ( Foto: Marcos Maluf)

Pelo segundo dia consecutivo, funcionários da Santa Casa de Campo Grande mantêm protesto na entrada do hospital para cobrar o pagamento do décimo-terceiro salário. Desde as primeiras horas da manhã desta terça-feira, trabalhadores de diferentes áreas, da limpeza à enfermagem, se concentram no local e, à medida que novos servidores chegam para o início do turno, muitos deixam de assumir os postos e se juntam ao grupo. Os empregados rejeitam a proposta de parcelamento e afirmam que esperam receber o benefício integralmente.

RESUMO

Nossa ferramenta de IA resume a notícia para você!

Funcionários da Santa Casa de Campo Grande realizam protestos pelo segundo dia consecutivo, exigindo o pagamento integral do 13º salário. Com cerca de cem trabalhadores presentes, a paralisação parcial afeta a limpeza e pode impactar outros setores. A direção do hospital admite dificuldades financeiras e busca um empréstimo para quitar os valores devidos. A situação se agrava com a falta de renovação contratual com a prefeitura e a Justiça já foi acionada por médicos que rejeitaram a proposta de parcelamento do pagamento. O secretário estadual de Saúde apresentou um plano de negociação, defendendo mudanças na gestão do hospital e a criação de um novo contrato para o atendimento pelo SUS.

O presidente do Siems (Sindicato dos Trabalhadores na Área de Enfermagem de MS), Lázaro Santana, informou que cerca de cem pessoas já estavam reunidas logo cedo, com apoio de representantes de outros sindicatos. Sem avanço nas negociações com a direção, o movimento decidiu manter a paralisação parcial e pode realizar assembleia para analisar a possibilidade de entrar em greve. Metade dos trabalhadores aderiu ao protesto e a outra parte segue nos atendimentos e serviços essenciais, para evitar prejuízos imediatos aos pacientes.

Diferente de ontem, hoje o grupo bateu panelas e levou apitos ao protesto no principal acesso ao hospital. Os funcionários também gritavam palavras de ordem, cobrando o pagamento dos valores.

A direção da Santa Casa afirma que, até o momento, não houve impacto significativo, mas admite que setores como a limpeza do centro cirúrgico podem ser afetados se o quadro se agravar. A presidente da instituição, Alir Terra, que está à frente da gestão desde o início de 2023, diz que o problema é crônico e decorre do desequilíbrio econômico do contrato e dos repasses para atendimento público. Segundo ela, o hospital não dispõe de recursos no momento e aposta na possibilidade de obter um empréstimo bancário para quitar os valores. Ontem, foi ventilada a adesão a um empréstimo para quitação da folha, alternativa que pode levar dias para se concretizar.

Quando chegava esta manhã ao hospital, Alir foi alvo de vaias por parte dos manifestantes.



Na segunda-feira, as visitas a pacientes chegaram a ser limitadas, com autorização para apenas um familiar no período da manhã, às 11h. Os horários da tarde e da noite foram suspensos. Na semana passada, a diretoria informou que aguardava repasse do governo estadual para usar a verba no pagamento do décimo-terceiro. O Estado, porém, respondeu que está em dia com os repasses da contratualização, feitos regularmente ao município de Campo Grande até o quinto dia útil. Em novembro, houve acréscimo de R$ 516,5 mil, elevando o repasse mensal para R$ 9,59 milhões.

A situação contratual também segue no centro da crise. A Santa Casa não renova a contratualização com a prefeitura, que tem gestão plena do SUS (Sistema Único de Saúde), há anos, operando com dezenas de aditivos. O total devido a funcionários e contratados com o bônus de fim de ano, segundo estimativas apresentadas nas negociações, chega a cerca de R$ 13 milhões.

Médicos vão à Justiça -  Em assembleia realizada no Simmed (Sindicato dos Médicos de Mato Grosso do Sul), na noite de segunda-feira, os médicos optaram por não entrar em greve, apesar do atraso do décimo-terceiro. Eles decidiram acionar a Justiça para cobrar os valores e rejeitaram a proposta de pagamento em três parcelas, previstas para janeiro, fevereiro e março de 2026.

A crise chegou ao Judiciário. A Justiça determinou que Estado e Município apresentem uma proposta para enfrentar a situação do hospital. Na semana passada, o secretário estadual de Saúde, Maurício Simões, afirmou que já apresentou um plano à prefeitura e à Santa Casa no âmbito de negociações conduzidas no MPMS (Ministério Público de Mato Grosso do Sul).

Ele disse que não podia adiantar a proposta porque aguardava a avaliação dos outros interessados, mas adiantou que defende mudanças na gestão, incluindo maior participação de médicos. Anteriormente, ele havia criticado a manutenção de sucessivos aditivos contratuais. Segundo o secretário, a saída seria começar praticamente do zero um novo contrato, com Estado e Município apontando suas necessidades de pactuação de serviços de atendimento a pacientes do SUS.

* Texto editado para acréscimo de informações.