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Capital

Gaeco aponta ex-deputado como sócio oculto de empresa de informática

Para MPE, a expressão “louco de saudade”, usada em ligações telefônicas, era para cobrar valores

Aline dos Santos | 30/08/2017 12:53
Gaeco fez operação ontem e investiga contratos do Detran. (Foto: Marcos Ermínio)
Gaeco fez operação ontem e investiga contratos do Detran. (Foto: Marcos Ermínio)

A operação Antivírus, realizada ontem (dia 29) pelo Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado), aponta que o ex-deputado Ary Rigo é sócio oculto da Digix, novo nome da empresa Digitho Brasil, que recebeu R$ 128,4 milhões do governo do Estado entre janeiro de 2013 e março de 2015.

A investigação também tem fotografias de visita do ex-parlamentar à prefeitura de Campo Grande, numa suposta ação de lobby da empresa.

Para estabelecer a relação entre o político e a empresa, o MPE (Ministério Público Estadual) aponta os seguintes fatos. O endereço da Digix, no Jardim TV Morena, é o mesmo onde funcionou por anos o escritório político de Ary Rigo.

Também é citada movimentação financeira entre Jonas Schimidt das Neves (dono da Digix), Claudinei Martins Rômulo (secretário de Jonas) e a família de Ary Rigo. Com valores de R$ 3 mil a R$ 43.500.

Para o Ministério Público, a expressão “louco de saudade”, usada por Rigo em ligações telefônicas com Claudinei era para cobrança de valores. O relatório traz essa expressão, com a variação “morrendo de saudades”, em ligações nos dias 12 de maio de 2017 e primeiro de junho de 2017.

No dia 20 de abril deste ano, o MPE tem fotos e áudios que indicam que o ex-deputado participou de audiência na prefeitura de Campo Grande. Para o Gaeco, o fato sinaliza que Rigo foi representar interesse da empresa junto à administração municipal.

“Remanesce evidente que o empresário [Jonas] mantém um compromisso mensal com o ex-deputado Ary Rigo, determinando que lhe sejam repassados valores mensais. Rigo age como sócio oculto da Digitho Brasil, inclusive intercedendo pela empresa junto aos políticos”.

Conforme o relatório do Gaeco, a Digitho Brasil Soluções movimentou R$ 345 milhões em crédito e R$ 343 milhões em débitos entre março de 2013 e 2015.

Gado - Ex-deputado estadual por seis vezes, Ary Rigo segue preso nesta quarta-feira. A prisão temporária tem validade de cinco dias e a defesa vai tentar reverter a decisão.

A defesa aponta que a prisão de Rigo foi pedida por ele ter tido escritório há sete anos na mesma sede da Digix e por ter recebido na conta bancária dinheiro declarado de Jonas.

Segundo o advogado Carlos Marques, são pequenos valores relativos a compra e venda de gado. “Mas o Ministério Público concluiu que é irregular”, afirma o advogado.

Liberdade - Ainda ontem, o TJ/MS (Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul) concedeu liberdade para Jonas e Claudinei. Segundo o advogado Ronaldo Franco, a empresa não fez nenhum repasse para Rigo.

Ele afirma que Jonas e Rigo se conhecem desde 1979 e o empresário foi casado com a sobrinha de Rigo. A defesa reforça que o ex-parlamentar não tem cargo público desde 31 de dezembro de 2010 e que as transações são de relação privada comercial.

Detran - Durante a operação, a polícia cumpriu nove mandados de prisão preventiva, três mandados de prisão temporária e 29 mandados de busca e apreensão. Vinte endereços foram vasculhados e mais de R$ 95 mil em dinheiro apreendidos. 

A ação mira corrupção no Detran/MS (Departamento Estadual de Trânsito). Conforme relatório, a Pirâmide Central Informática recebeu valores da Digix antes de firmar um contrato, classificado como "negócio da China", com o órgão de trânsito. 

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