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Capital

Guarda agiu após ser desacatado, diz secretário sobre tumulto em evento natalino

Chamado por vereadores, chefe da Segurança de Campo Grande foi à Câmara para prestar esclarecimentos

Por Dayene Paz e Mylena Fraiha | 04/12/2025 11:45


RESUMO

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Durante evento natalino em Campo Grande, a Guarda Civil Metropolitana entrou em confronto com manifestantes na Rua 14 de Julho. O secretário Anderson Gonzaga prestou esclarecimentos à Câmara Municipal sobre o incidente, que resultou na prisão de duas pessoas por desacato. O protesto foi realizado por mães de crianças com deficiência que reivindicavam melhorias no atendimento especializado. Segundo o secretário, os manifestantes teriam invadido o evento infantil com cornetas e faixas. A prefeita Adriane Lopes defendeu a ação da Guarda, afirmando que a corporação estava no local para proteger as famílias.

Convocado por ofício dos vereadores, o titular da Sesdes (Secretaria Especial de Segurança e Defesa Social) de Campo Grande, Anderson Gonzaga, compareceu à Câmara Municipal nesta quinta-feira (4) para prestar esclarecimentos sobre a atuação da Guarda Civil Metropolitana durante a confusão registrada no último sábado (29), durante o evento “Natal dos Sonhos”, na Rua 14 de Julho.

A confusão foi registrada em vídeos e, segundo a vereadora Luíza Ribeiro (PT), uma das manifestantes foi "brutalmente agredida".

Diante da situação e repercussão do caso, os vereadores chamaram o secretário da Sesdes, pasta responsável pela Guarda Civil Metropolitana de Campo Grande, para dar esclarecimentos sobre o ocorrido. A sessão foi marcada pela presença de quase todos os parlamentares - exceto o presidente Epaminondas Neto, o Papy (PSDB) - e foi presidida pelo vereador Rafael Tavares (PL).

Guarda agiu após ser desacatado, diz secretário sobre tumulto em evento natalino
Luíza Ribeiro durante esclarecimentos de secretário. (Foto: Mylena Fraiha)

Gonzaga começou falando que os manifestantes “estavam atrapalhando o evento” e a Guarda tentou dialogar, mas “eles reagiram mal”, chegando a chamar os guardas de “vagabundos” e “pau-mandado da prefeita”. Duas pessoas foram presas por desacato, uma delas portando um canivete. O secretário afirmou que não houve ordem da prefeita para as prisões e que os guardas agiram por flagrante de ofensa aos agentes públicos.

Ele também ressaltou que os vídeos que circularam nas redes sociais são “cortes” e que as imagens completas foram reunidas e encaminhadas ao Ministério Público. Anderson levou fotos impressas do evento para apresentar aos vereadores.

Luíza Ribeiro e Marquinhos Trad (PDT) foram incisivos nos questionamentos. Gonzaga negou que as medidas tenham sido orientadas pela prefeita e fez extensa defesa da atuação da Guarda, citando a Constituição Federal para justificar a ação. “Vivemos para o democrático, livre à manifestação. Porém, a Constituição é clara: todos podem se reunir pacificamente, sem armas, desde que não frustrem outra reunião previamente convocada. Aquela manifestação estava ocorrendo de forma legal na 14 com Afonso Pena, e nós estávamos com um evento da Prefeitura na Marechal Mariano com a 14 de Julho”.

Gonzaga destacou que a Guarda apoiou inicialmente o protesto e que isso sempre foi a conduta da corporação: “Estávamos dando total apoio, como a Guarda sempre fez". O problema, segundo ele, ocorreu quando o grupo de manifestantes se deslocou ao evento infantil: “Eles invadiram esse evento. Chegaram com corneta, faixas, pedaços de pau, onde estavam crianças especiais, cadeirantes, idosos, mulheres”.

Guarda agiu após ser desacatado, diz secretário sobre tumulto em evento natalino
Anderson Gonzaga na Câmara Municipal de Campo Grande. (Foto: Mylena Fraiha)

Segundo o secretário, a prisão ocorreu em flagrante. "Um desacato a servidor público é prisão. Atacaram, xingaram, ofenderam todos os agentes da Guarda." Ele reiterou que tudo será apurado. "A ação vai ser apurada com transparência total pelo Ministério Público e pela Polícia Civil. A Corregedoria já abriu procedimento. Vamos entregar todas as provas."

A vereadora Luíza Ribeiro reagiu quando Anderson mencionou que manifestantes tinham passagens policiais. “Mesmo que ele tenha ficha, ele tem direito à participação. É perigoso começar a dizer que quem tem anotação não pode participar de manifestação porque é indiciado.” Ela reforçou: “Não podemos criminalizar as pessoas. Manifestação é um direito do cidadão.”

Já o vereador Sílvio Pitu (PSDB) destacou que é preciso identificar quem são os manifestantes. “Ninguém está dizendo que não pode se manifestar. Mas a Guarda também precisa saber quem são os manifestantes, porque ultrapassou o limite da tranquilidade”.

O vereador Rafael Tavares, autor do ofício ao secretário, disse que os esclarecimentos são necessários para a transparência do que ocorreu naquela noite. "Muitas informações chegam pela imprensa ou por meio de vídeos editados, e isso acaba causando desinformação. Então, o nosso objetivo foi trazer o secretário aqui, que é o responsável pela segurança de Campo Grande. As apurações devem ser feitas. Afinal de contas, o nosso papel como vereador é dar o máximo de transparência ao serviço público."

Na terça-feira (2), a prefeita Adriane Lopes (PP) defendeu a atuação da Guarda Civil durante o evento natalino que reuniu mais de 10 mil pessoas. Ela afirmou que a corporação estava no local para “proteger as famílias e as crianças” e criticou o comportamento de um grupo de 12 a 15 pessoas que, segundo ela, “se organizou para atrapalhar o evento”.

A prefeita também destacou investimentos feitos na Guarda desde o início de sua gestão e classificou a corporação como a “terceira melhor do país”. Reforçou, ainda, que as duas pessoas detidas tinham “50 passagens pela polícia” e criticou o fato de um dos envolvidos ser professor: “Um professor que vai para um evento infantil e movimenta criminosos para estar em um evento pacífico”.

O protesto - A manifestação no sábado (29) foi realizada por mães de crianças com deficiência e transtornos do neurodesenvolvimento, como TEA  (Transtorno do Espectro Autista) e síndrome de Down, que cobravam melhores condições de atendimento especializado e insumos.

Vídeo mostra a confusão. A Guarda orientou que o grupo se afastasse, mas, após o tumulto, duas pessoas foram detidas por desacato. Uma delas estava com um canivete.

A vereadora Luíza Ribeiro relatou nas redes sociais que uma das mães teria sido agredida enquanto gravava a ação da Guarda.

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