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Capital

Inocentada do assassinato de Mayara, dupla reza na cadeia para agradecer

'Cachorrão' e Anderson Pereira, antes cúmplices do assassinato, agora foram indiciados por crimes de menor potencial ofensivo

Rafael Ribeiro | 08/08/2017 10:31
Pereira (esquerda) deve ser solto ainda nesta terça-feira; 'Cachorrão' responderá por tráfico (Fotos: Marcos Ermínio)
Pereira (esquerda) deve ser solto ainda nesta terça-feira; 'Cachorrão' responderá por tráfico (Fotos: Marcos Ermínio)

Choro, alegria e corrente de oração para agradecer a Deus. Assim foi a reação de dois dos três presos pelo assassinato da musicista Mayara Amaral, 27 anos, ocorrido no final de julho, ao saberem dos novos rumos do caso após a conclusão do inquérito da Polícia Civil que aponta Luís Alberto Bastos Barbosa, 29, na manhã desta terça-feira (8), no Presídio de Trânsito da Capital, no Jardim Noroeste (zona leste).

Conforme o Campo Grande News apurou junto a agentes penitenciários do local, onde os três presos seguem detidos, a informação chegou no local logo quando os detentos acordaram. “Desde então estão rezando e chorando, agradecidos”, disse um funcionário.

Não é para menos. Da acusação de latrocínio (morte em assalto), onde ficariam até 30 anos presos, Ronaldo da Silva Olmedo, o ‘Cachorrão’, 30, e Anderson Sanches Pereira, 31, acabaram indiciados por crimes de menor potencial ofensivo.


‘Cachorrão’, que segundo a Polícia Civil estava trabalhando no momento do crime, responderá por tráfico. Pereira é acusado de receptação. E teve a soltura avalizada pela delegada que assinou o inquérito, Gabriela Stainle.


De acordo com os agentes, Pereira espera apenas a assinatura do alvará de soltura por parte do juiz corregedor de presídios da vara de Execução Penal para deixar o presídio.

Ambos os acusados ainda não tinham advogados instituídos para defendê-los e ficariam sob tutela da Defensoria Pública. O órgão ainda não foi acionado oficialmente para tratar do caso. 

Defesa – Com a conclusão do trabalho policial, a defesa de Barbosa exige que seu cliente seja ouvido novamente sobre o caso, “para esclarecer tudo.”

O advogado Conrado Passos diz que concordou com as acusações contra os outros dois suspeitos, o que favoreceria seu cliente na alegação de que foi homicídio, não latrocínio, conforme tese sustentada pela defesa.

“Ele(Barbosa) fugiu com o carro, não iria vender. Os bens que foram encontrados na casa dele seriam devolvidos, ele não precisaria ir até um motel para roubá-la. Há muita influência da comoção popular. Na verdade o caso tem de ser decidido pelo Tribunal do Júri (que julga e condena casos de assassinatos)”, disse Passos.

Mudanças – Na verdade, Passos já deu três versões diferentes do crime e de sua linha de defesa no caso, conforme mostrou na última segunda-feira (8) o Campo Grande News.

Apesar do clamor popular para que Luis Alberto fosse enquadrado por feminicídio, a polícia manteve a tese de que o baterista matou para roubar e inclusive destacou que os bens de Mayara que estavam com o assassino confesso estão avaliados em R$ 17,3 mil - um notebook, um celular, um violão, uma guitarra, um aparelho amplificador e o Gol.

Além disso, o exame feito no Imol (Instituto de Medicina e Odontologia Legal) não comprovou estupro.

Imagens divulgadas pela polícia nesta terça-feira (8) mostram Barbosa comprando álcool e cerveja ao deixar o motel onde matou Mayara a marteladas na cabeça.

Versões - O assassino confesso mudou mais de uma vez a versão dele sobre o crime.

Depois de ficar em silêncio quando foi convocado para depor pela delegada Gabriela Stainle na quarta-feira (2), ele falou à revista Veja no dia seguinte, admitindo que tinha feito tudo sozinho, num rompante de raiva após uma discussão com a vítima e depois de beber e usar cocaína.

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