"Ainda nem tinha escurecido", dizem alunos assaltados dentro de campus da UFMS

Estudantes assaltados dentro do campus da UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul), em Campo Grande, relatam que o sentimento de insegurança deve persistir e lamentam a perda de equipamentos essenciais para as aulas de Engenharia de software. Quase 24 horas depois do susto, a rotina, a partir desta terça-feira (24), será direta: da aula para casa.

Segundo o boletim de ocorrência e os relatos das vítimas, por volta das 16h, três jovens estavam usando aparelhos eletrônicos em uma mesa de estudos no corredor próximo ao bloco conhecido como "Multiuso 2". Foi quando dois homens, armados com facões de açougue, se aproximaram e levaram tudo de valor.

Os universitários, com idades entre 19 e 24 anos, contaram que os assaltantes encostaram as facas na barriga de dois deles e fizeram ameaças de morte para exigir celulares, um tablet e uma mochila com documentos pessoais, agenda e provas da faculdade. Também foram levados outros equipamentos eletrônicos usados nas aulas.

Ainda na tarde de ontem, policiais do 10º Batalhão localizaram os suspeitos: André Henrique de Oliveira Lima, de 33 anos, e Allan Vilhalba Ferreira, de 24. Os dois foram presos e encaminhados para a Depac (Delegacia de Pronto Atendimento Comunitário) do Cepol, algemados por apresentarem resistência e risco de fuga.

Segundo um dos estudantes, de 19 anos, tudo aconteceu muito rápido. Eles estavam em uma área considerada segura, mas o movimento diminuiu quando começaram as aulas, o que deixou o grupo vulnerável.

"Fico inseguro porque não tenho como vir sem esse material. A gente trabalha com tecnologia e precisa desses equipamentos para estudar e trabalhar. Sou de Roraima, estudava em um instituto federal e nunca aconteceu esse tipo de situação. Estudamos para construir algo melhor e não pensamos que vai acontecer isso com a gente", disse o calouro ao Campo Grande News.

Outro estudante relatou a sensação de descaso com a segurança, já que os criminosos armados conseguiram acessar o campus sem serem percebidos.

"Depois que eles pegaram as coisas, saímos correndo pedindo ajuda. A Polícia Militar chegou junto com a guarda do campus e conseguiram prender os caras. É um descaso! Agora é da casa para a aula e da aula para casa. No máximo vamos estudar nas áreas comuns, espaços internos, mas para chegar até lá é preciso passar pelos corredores. Justamente onde encontramos dois caras armados com facões", desabafou.

Outras duas alunas da Engenharia da Computação contaram que a situação é ainda mais preocupante para mulheres que circulam sozinhas no campus.

"Com essa notícia, fiquei um pouco receosa, principalmente pra andar pelo corredor. Eu ando direto aqui à noite, então bate uma preocupação. Só de saber que alguém entrou com arma branca dentro da faculdade, num lugar que teoricamente é seguro, já assusta. Meu maior medo, na real, é na hora de sair da faculdade", relatou uma estudante de 21 anos.

A colega, de 20 anos, reforçou: "Eu acho que falta segurança, principalmente no corredor central. É um lugar que à noite é muito escuro. Eu, por exemplo, não me sinto segura de andar sozinha por ali. E foi justamente ali que aconteceu tudo isso. E o pior: durante a tarde, quando tem um monte de gente passando."

Resposta da UFMS - Por meio de nota oficial, a UFMS informou que conta com estrutura permanente de segurança, com equipe contratada de vigilância armada 24 horas, rondas motorizadas, central de videomonitoramento e botões de alerta instalados em pontos estratégicos, integrados ao aplicativo “Sou UFMS”.

"A Universidade realiza planejamento contínuo para garantir que o efetivo de segurança acompanhe a dinâmica das atividades acadêmicas e administrativas, com base em avaliações técnicas e conforme as normas internas da Instituição. A UFMS também presta atendimento e realiza os encaminhamentos necessários junto às autoridades competentes. Além disso, a comunidade universitária conta com os canais oficiais da Ouvidoria e da Corregedoria, que garantem acolhimento, apuração e providências institucionais cabíveis", finaliza a nota.

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