Desmascarada: falsa estudante de Medicina participou até de parto no HU
Mulher se passou por acadêmica do curso mais concorrido da UFMS e até fez plantões na última semana

Digna de filme, a denúncia que chegou ao Campo Grande News revela história inacreditável. Uma mulher de 29 anos se passou por estudante de Medicina da UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul) e chegou a participar de plantões no Humap (Hospital Universitário Maria Aparecida Pedrossian).
RESUMO
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Uma mulher, identificada como L.M.P., fingiu ser estudante de Medicina da UFMS e participou de plantões no Hospital Universitário Maria Aparecida Pedrossian, em Campo Grande. A farsa foi descoberta após a mulher publicar fotos em suas redes sociais com jaleco bordado e relatando a participação em um parto. A instituição tentou abafar o caso, mas a história vazou em grupos de WhatsApp de estudantes. L.M.P. participou do trote dos calouros, frequentou aulas e utilizava a cartola, símbolo dos estudantes novatos. Uma investigação estudantil revelou que ela já havia se passado por aluna de Odontologia na mesma universidade, sem nunca ter sido aprovada no vestibular. Após a descoberta, L.M.P. desapareceu do ambiente acadêmico, mas reapareceu no hospital, atuando em plantões. A entrada dela no hospital, que possui sistema de reconhecimento facial, ainda é investigada. A mulher alegou estar sob efeito de ansiolíticos e que seus advogados se manifestariam. O Humap e a UFMS não se pronunciaram sobre o caso.
A farsa só foi descoberta ontem (22), e a instituição tentou abafar o caso, orientando os acadêmicos a não comentarem sobre o assunto, que estaria sendo resolvido. Apesar da orientação de silêncio, a mulher, apelidada de “caloura fake” pelos estudantes, virou tema de grupos de WhatsApp, e a história acabou vazando.
Mesmo sem nunca ter passado no vestibular da UFMS, a jovem participou ativamente do trote dos calouros de Medicina e chegou a frequentar algumas aulas. Também foi vista usando uma cartola, um ritual interno entre os estudantes para identificar os novatos.
“Quando começaram as aulas em março, essa menina se apresentou como caloura, frequentou algumas aulas, participou do grupo de tutoria e estava presente na rotina da faculdade. Eu a conheci no bar com a cartola, assinei a cartola dela e tudo mais. Eventualmente, descobriram que ela não era matriculada”, contou uma aluna que preferiu não se identificar.
Desconfiada, uma acadêmica resolveu investigar a jovem e confirmou que ela já havia se passado por estudante de Odontologia da UFMS, apesar de não aparecer em nenhuma lista de aprovados em processo seletivo da instituição. O nome dela não consta em nenhuma relação oficial da universidade, conforme também apurou a reportagem.

Após a descoberta, ela desapareceu do convívio acadêmico, mesmo dizendo aos colegas que teria ingressado como portadora de diploma.
Segundo estudantes, no primeiro ano do curso é comum aparecer estudantes falsos frequentando aulas. “Quando esses casos são descobertos, normalmente os acadêmicos fakes somem. Mas desta vez, ela foi além. Foi descoberta e desapareceu. Só que reapareceu no HU, e ainda por cima durante plantões, o que é algo bem mais grave”, ressaltou uma estudante, confirmando que a “caloura fake” atuou no plantão do feriado da última quinta-feira (19) e também ontem (22).
A jovem chegou a publicar em suas redes sociais fotos com jaleco (também chamado de privativo), bordado com seu nome, e compartilhou a felicidade de ter participado de um parto no CO (Centro Obstétrico), durante as 12 horas em que permaneceu na UMUL (Unidade de Saúde da Mulher) do Humap.
Foi justamente a publicação das imagens do plantão que levou à descoberta. “Comentaram que havia uma acadêmica do segundo ano fazendo plantão na sala de parto. Mas no segundo ano não se faz plantão na sala de parto. Então começaram a buscar informações e perceberam que várias características batiam com a da caloura fake que tinha desaparecido. Quando ela postou a foto, ficou óbvio que era ela. A coordenação foi avisada, a direção do hospital e os médicos se organizaram. Todos ficaram atentos para impedir o acesso dela ao hospital”, relatou a estudante.

Ela explicou que, para entrar no Humap, é necessário passar por um sistema de reconhecimento facial. “Teoricamente, é preciso estar cadastrado corretamente. Uma das possibilidades é que ela estivesse entrando pelo PAN (Pronto Atendimento), que é um setor aberto. Ninguém sabe ao certo. Disseram que iriam checar as câmeras de segurança do local.”
Procurada pela reportagem, a mulher. afirmou que não poderia se manifestar por estar sob efeito de remédios ansiolíticos. Disse também que seus advogados entrariam em contato com a imprensa no momento oportuno. No grupo de WhatsApp dos estudantes, chegou a comentar que tem diagnóstico de transtorno de personalidade borderline.
As assessorias de imprensa do Humap e da UFMS também foram procuradas na tarde de hoje. Por nota, o hospital informou que "abriu investigação interna e já foram adotadas medidas administrativas visando proibir a entrada da mulher citada". Já a UFMS ainda não respondeu dentro do prazo. O espaço segue aberto.
*Matéria edita às 17h33 para acréscimo de resposta.
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