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Capital

Invasores relatam temor de despejo e negam influência de políticos

Paula Maciulevicius e Luciana Brazil | 25/01/2013 11:47
Claudineia da Silva Costa questiona o fato de não conseguir uma casa enquanto outros chegam a vender. (Foto: Luciano Muta)
Claudineia da Silva Costa questiona o fato de não conseguir uma casa enquanto outros chegam a vender. (Foto: Luciano Muta)

Com a notícia do cumprimento do mandado de reintegração de posse na área invadida próximo ao shopping Norte Sul Plaza, no bairro Taquarussu, os ocupantes de outro terreno da prefeitura na região do Jardim das Hortênsias passaram a manhã aflitos. Eles rebatem a declaração dada pelo prefeito Alcides Bernal (PP), de que as invasões têm motivação política, e afirmam que não tem político nenhum por trás da ocupação.

Receosos, a maioria fala que não sabe como vai ser e que havendo o despejo, não tem para onde ir. “Dizem que a gente é desocupado, mas tem cadeirante aqui e muita gente com criança que realmente não tem para onde ir. Alguns deixaram as casas porque não conseguiam mais pagar aluguel”, diz uma das ocupantes Claudineia da Silva Costa, 28 anos.

Os ocupantes, que já estão em cerca de 400, informaram que a demolição dos barracos deve acontecer ainda hoje, próximo do meio-dia. A maioria das famílias é do Aero Rancho, Parati, Moreninhas, Nova Esperança e Vila Nhá-nhá e a invasão teve início no sábado passado.

A manicure Deise Santana, 31 anos, é uma das moradoras que entregou a casa que morava por não conseguir pagar o aluguel. Ela alega que espera há 10 anos por uma casa dos programas sociais.

Eles já estão em 400 na área desde sábado. Hoje, receosos, a maioria fala que não sabe como vai ser e que havendo o despejo, não tem para onde ir. (Foto: Luciano Muta)
Eles já estão em 400 na área desde sábado. Hoje, receosos, a maioria fala que não sabe como vai ser e que havendo o despejo, não tem para onde ir. (Foto: Luciano Muta)

“Porque não me chama? É o mesmo telefone, eu sempre renovo a inscrição”, disse. Deise falou ainda que deve passar por uma cirurgia de vesícula dentro de um mês e que por isso não tinha mais como pagar o aluguel de casa.

Na região, o que se ouve são as explicações de que a invasão é uma forma de protesto para que as casas, tanto da Emha (Empresa Municipal de Habitação) quanto da Agehab (Agência Estadual de Habitação), sejam distribuídas de forma mais justa.

“Tem gente que não precisa e consegue casa para depois vender e porque quem precisa não consegue”, questiona Michele Santana, 27 anos. Ela se refere a uma lista de endereços de casas que estão ou já foram vendidas nos residenciais Ronaldo Tenuta e Fernanda, no bairro Caiobá II.

Na manhã desta sexta-feira, foi cumprido o mandado de reintegração de posse, ordem de arrombamento e desfazimento de construção na área pública da avenida Ernesto Geisel com a rua Abolição, no bairro Taquarussu. O terreno não estava com barracos, apenas uma casa que servia de depósito e um muro que começou a ser erguido no dia 26 de dezembro.

Do final de 2012 para o início deste ano foram cinco áreas invadidas em Campo Grande. Em frente ao lixão, no bairro Dom Antônio Barbosa, cerca de 400 pessoas estão acampadas desde a véspera do Natal.

Na região do bairro Roselândia, ocupantes ficaram por menos de 10 dias em uma área pública, mas foram retirados pela prefeitura. No bairro Panorama, no início da ocupação mais de 20 famílias estavam na área e construíram até uma igreja.

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