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Capital

Julgamento antecipado de um bom policial, dizem colegas sobre 'Coreia'

Policiais civis de SP e colegas da PRF em Corumbá acreditam em versão dada por Moon sobre assassinato e relatam que ele nunca viram ele atirar em suspeitos de crime nas ocorrências que atendeu

Rafael Ribeiro e Aline Santos | 04/01/2017 11:10
Na PRF desde junho, Moon também tentou integrar GCM paulistana e PM de SP (Foto: Simão Nogueira)
Na PRF desde junho, Moon também tentou integrar GCM paulistana e PM de SP (Foto: Simão Nogueira)

Ex-companheiros e atuais colegas de trabalho do policial rodoviário federal Ricardo Hyun Su Moon, 47 anos, que matou a tiros o empresário Adriano Correia do Nascimento, 33, no sábado (31), o descrevem como uma pessoa “tranqüila, centrada e responsável” e acreditam que ele não agiu de forma intencional.

“Não é um assassino. É um bom policial, que certamente reagiu a uma agressão sofrida. O ‘Coreia’ (apelido dado) jamais mataria alguém por diversão ou motivo banal como uma briga de trânsito”, disse um policial civil do DIG (Delegacia de Investigações Gerais) de Mogi Guaçu, no interior de São Paulo, onde ele trabalhou de meados de 2015 ao início do ano passado, antes de ser chamado pela PRF.

“Acho que a mídia está tomando partido. Não sabe o contexto em que tudo aconteceu. É um julgamento antecipado”, afirmou um policial rodoviário federal que trabalha com Moon em Corumbá (a 419km de Campo Grande).


O policial atua na área de fronteira desde junho de 2016, após passar em concurso em 2013. Nesse período de seis meses no Mato Grosso do Sul, Moon, segundo colegas, participou de ocorrências de destaque, como perseguições a suspeitos em fuga e apreensões de drogas.


Em São Paulo, Moon iniciou os trabalhos em Guarulhos, cidade da Grande SP, antes de se transferir para o interior, onde chegou a receber elogios dos superiores pelo trabalho na apreensão de drogas.


Tanto em Corumbá quando em Mogi Guaçu, um detalhe é idêntico no relato dado pelos colegas: o policial nunca chegou a trocar tiros com acusados que prendeu. Mesmo sendo colecionador de armas e participante de competições de tiros organizadas pela CBTE (Confederação Brasileira de Tiro Esportivo).


“A prova de que não foi algo intencional está nesse fato, como um cara que coleciona armas atira com a de trabalho? Sinal de que foi resistência mesmo”, disse o policial civil paulista. “Sete disparos são possíveis até em menos de dois minutos com o tipo de armamento (pistola calibre ponto 40) que usamos”, completou o colega da PRF.


Nascido na Coréia do Sul, Moon é naturalizado brasileiro desde 2010. Além da Polícia Civil e PRF, também passou em concursos na Prefeitura de São Paulo para a Guarda Civil Metropolitana e Polícia Militar paulista, mas não chegou a ser convocado.

Em entrevista ao Campo Grande News na última segunda-feira, o advogado do policial, Márcio Messias Oliveira, disse que seu cliente está abalado com o ocorrido e não tem condições psicológicas de falar. "Foi uma fatalidade e mexeu com ele. Ele poderia muito bem ter fugido e se apresentado depois, que não ficaria preso", disse. 

Crime - Ricardo Hyun Su Moon conduzia sua Mitsubishi Pajero prata naquela manhã em sentido à rodoviária, onde embarcaria para Corumbá, seu posto de trabalho na PRF. Após uma suposta briga de trânsito, ele atirou sete vezes contra a Hilux branca do empresário.

Nascimento, dono de dois restaurantes japoneses na cidade, morreu na hora, perdeu o controle do veículo e bateu em um poste. Um jovem de 17 anos que o acompanha foi baleado nas pernas. Outro acompanhante no veículo, um supervisor comercial, de 48, quebrou o braço esquerdo e sofreu escoriações com a batida. Ambos foram socorridos conscientes.

O policial ficou no local do crime e chegou até a discutir com uma das vítimas, mas não foi preso na ocasião, mesmo havendo policiais militares no local. Posteriormente, ele acabou sendo indiciado em flagrante ao comparecer na delegacia com um advogado e representante da PRF.

Em seu depoimento, Moon disse que agiu em legítima defesa. Afirmou que as vítimas não o obedeceram mesmo após ele se identificar como policial, que tentaram lhe atropelar ao fugir dele e que viu um objeto escuro que poderia ser uma arma na mão de uma das vítimas.

Liberdade - Apesar de indiciado pela Polícia Civil, Moon responderá o processo em liberdade após a Justiça negar neste domingo (1) o pedido de prisão preventiva por 30 dias. O policial está proibido de viajar e portar armas, além de ser obrigado a passar as noites em casa.

A Corregedoria da PRF também investiga o caso. Afastou Moon de suas atividades, apreendeu sua arma de trabalho e fará uma perícia complementar própria dos fatos.

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