Mãe e filho participam de reconstituição de "tribunal do crime" e são liberados
Ex-mulher da vítima teria pedido ajuda do PCC. Homem foi encontrado morto em terreno ao lado da casa da ex.
Ugnelma Aparecida Britez da Silva e o filho Adjaderson Britez da Silva foram presos temporariamente nesta terça-feira como suspeitos do assassinato do servente Aguinaldo Rodrigues Silva. Eles já foram soltos, depois da realização de reconstituição da cena do "tribunal do crime" a que a vítima teria sido submetida.
Aguinaldo foi achado morto um ano atrás, em terreno baldio ao lado da casa de Ugnelma, sua ex-esposa.
A prisão foi concedida pela Justiça, por cinco dias, com o objetivo de resguardar digilências de investigação. Uma delas foi a reprodução simulada do crime, feita hoje. Agora, o inquérito prossegue e, dependendo da análise dos indícios, pode ser solicitada a prisão de mãe e filho.
A remontagem do passo a passo do assassinato foi coordenada pelo delegado Mikail Faria, da 6ª Delegacia de Polícia Civil. Durou cerca de 50 minutos e reuniu policiais civis, além de curiosos pela rua. O objetivo é deixar claro a como Aguinaldo morreu e qual foi a participação de cada um no crime.
Nos depoimentos colhidos há controversas nos relatos de mãe e filho.
Porém o principal autor que teria consumado o assassinato no chamado “tribunal do crime” do PCC (Primeiro Comando da Capital), não participou. Segundo apurado, Leonel Ricardo Gonçalves Francisco, vulgo “Cruel”, que seria o disciplina da facção no bairro, cumpria pena domiciliar por pensão alimentícia, mas fugiu antes de ser encontrado para participar do processo nesta tarde.
Conforme a polícia, Ugnelma tinha relacionamento abusivo com a vítima, que não aceitava o fim do relacionamento e passou a atormentá-la. Ambos moravam em São Paulo, porém mesmo vindo a morar em Campo Grande, a mulher passou a ser seguida por Aguinaldo.
Ela foi morar com o pai e o filho Adjaderson, apontados como testemunhas de que o ex não a deixava em paz. Por conta disso Ugnelma procurou quem seria o disciplina e informou a “Cruel” a situação com Aguinaldo.
Cruel teria conversado com Aguinaldo, que confirmou que deixaria a mulher em paz, porém desobedeceu a ordem, danificou e pulou a cerca elétrica da residência. Ele chegou a cravar a bolsa da mulher com uma faca em um armário, como ameaça. Ninguém ouviu barulho porque todos tomavam remédio, conforme foi relatado.
No dia 27 de fevereiro de 2020 a vítima teria retornado a casa da mulher que enviou uma mensagem à Cruel avisando sobre a invasão. O suspeito então teria chegado no local com um pedaço de madeira e encontrou a vítima no terreno ao lado, acabou desferido golpes contra ela que morreu no local. Cruel teria afirmado ainda que não era para ninguém chamar a polícia pois daria um jeito no cadáver.
A polícia ainda encontrou marcas de queimaduras no corpo da vítima, como se tivessem tentado queimar o cadáver para esconder os restos mortais.
Com a reconstituição, a polícia pretende entender quem de fato participou e como participou do assassinato. Pois o filho disse que somente ele presenciou as agressões a Aguinaldo, mas em depoimento a mulher confirmou que viu toda a ação.
Além de Cruel havia outro homem no local e depois teria chegado também a esposa do suspeito no local.
A data da morte também não coincide. No relato a mulher conta que a morte ocorreu no dia 27 de fevereiro, porém o laudo necroscópico apontou que Aguinaldo teria morrido no dia 25, dois dias antes.
Na época, Leonel, não chegou a ser preso, vindo a ser detido dia 8 de fevereiro de 2021 por pensão alimentícia. Interrogado ele negou todos os fatos em que seu nome foi citado, inclusive disse que não era faccionado, nem usava apelido de Cruel.
A polícia agora irá pedir também a prisão preventiva de Leonel. Quando a mãe e filho, essa definição vai depender do resultado de laudos da reprodução simulada.