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Capital

Moradores do Mandela enfrentam resistência de novos vizinhos

No Talismã, moradores dizem que área escolhida para transferência estava destinada à construção de praça

Por Silvia Frias e Idaicy Solano | 11/12/2023 12:41
Equipe da Águas Guariroba faz ligação de água no lote no Bairro José Tavares (Foto: Marcos Maluf)
Equipe da Águas Guariroba faz ligação de água no lote no Bairro José Tavares (Foto: Marcos Maluf)

As chuvas atrapalharam o andamento das obras nas áreas nos bairros José Tavares e Jardim Talismã destinada aos moradores da Favela do Mandela, que serão realocados após grande incêndio, ocorrido em novembro. Além da instabilidade climática, o projeto enfrenta resistência de moradores próximos de uma das áreas. No Talismã, teve até retirada das demarcações realizadas.

O incêndio ocorrido no dia 16 de novembro destruiu a maioria dos barracos erguidos na Favela do Mandela, no Bairro Isabel Garden. Na sexta-feira (8), a prefeita Adriane Lopes anunciou a construção das 187 moradias para essas famílias, sendo que 39 delas já têm previsão de começarem a ser transferidas na quinta-feira, 14 de dezembro, para o Bairro José Tavares.

Sandra não quer ir para abrigo e pretende se instalar no lote enquanto aguarda obra (Foto: Marcos Maluf)
Sandra não quer ir para abrigo e pretende se instalar no lote enquanto aguarda obra (Foto: Marcos Maluf)

Enquanto isso, na Favela do Mandela, o clima é de espera e angústia. A dona de casa Sandra Micaella dos Reis, 35 anos, faz parte da lista de 39 famílias a serem transferidas para área no José Tavares.

Hoje, ela está em uma das tendas montadas pelo Exército, depois que o fogo destruiu o barraco onde ela morava com os cinco filhos, com idades de 12 a 16 anos. O espaço também era dividido com filha de 19 anos, casada e que está grávida do primeiro filho.

“Organizando a gente ainda não está, vamos esperar o que vai dar no dia”, disse, explicando que, informalmente, soube que iria ser levada para Cras (Centro de Reabilitação de Assistência Social) antes da transferência final, para o Bairro José Tavares. Sandra já adiantou que não quer ir para abrigo e que prefere montar uma moradia provisória no mesmo lote onde a nova casa será construída. “Prefiro, porque, como que a gente passa Natal e Ano Novo e vai ficar no abrigo, a gente tem parente para cá [região do Mandela]”.

“Estou bem ansiosa, no escuro, porque a gente acha que é uma coisa, vai chegar lá, é outra coisa”, avaliou.

Tendas na Favela do Mandela, usadas desde o incêndio, no dia 16 de dezembro (Foto: Marcos Maluf)
Tendas na Favela do Mandela, usadas desde o incêndio, no dia 16 de dezembro (Foto: Marcos Maluf)

A angústia também é compartilhada pela atendente de telemarketing Hanna Carolina, 24 anos, que mora no Mandela com as filhas de 6 e 2 anos e vai ser transferida para o Bairro José Tavares. A exemplo da vizinha, não pretende ir para abrigo e quer ir direto para o lote, mesmo em moradia improvisada e espera que prefeitura dê um “kit inicial” para o barraco, enquanto a casa não é erguida.

Demarcações feitas no terreno no Bairro José Tavares (Foto: Marcos Maluf)
Demarcações feitas no terreno no Bairro José Tavares (Foto: Marcos Maluf)

Chuvas – O trabalho começou nas áreas destinadas aos novos moradores, porém, enfrenta transtornos.

No antigo campinho de futebol do Bairro José Tavares, as ligações de água já deveriam ter terminado na semana passada, mas as constantes chuvas atrapalharam o cronograma e, ainda hoje, equipe da concessionária está no local.

De acordo com assessoria da Emha (Agência Municipal de Habitação e Assuntos Fundiários), equipe da VBC Engenharia fez a marcação do desnível para iniciar o processo de aterramento.

Área escolhida no Jardim Talismã, também reivindicada por moradores para construção de praça (Foto: Marcos Maluf)
Área escolhida no Jardim Talismã, também reivindicada por moradores para construção de praça (Foto: Marcos Maluf)

Mas, por conta do atraso no José Tavares, em efeito cascata, houve atraso no início nas ligações de água na área escolhia no Jardim Talismã. Esta manhã a arquiteta Francielly Gimenes esteve no terreno e disse que a prefeitura já começou o trabalho de abrir ruas, marcação de lotes e topografia. Ainda hoje vão ser enviados os tijolos que serão usados na obra.

Antes disso, porém, é preciso executar o serviço de terraplanagem, para sanar os desníveis da área. Esse trabalho não tem prazo para acabar, mas, segundo a arquiteta, “o quanto antes”.

No Jardim Talismã, ainda há outro problema a ser resolvido: a resistência dos moradores, que reivindicam a construção de praça no lugar que, agora, foi destinado para transferência dos moradores da Favela do Mandela.

Hoje, a equipe da prefeitura descobriu que todo o trabalho de demarcação realizado pelos engenheiros do setor fundiário havia sido desfeito, com a retirada dos piquetes topográficos. Agora, o trabalho precisa ser refeito.

No sábado, moradores do Jardim Talismã chegaram a fazer protesto pelas ruas do bairro, pedindo a construção da praça. A reportagem entrou em contato com a prefeitura para tratar do projeto reivindicado e aguarda retorno para atualização do texto.

Protesto realizado por moradores do Jardim Talismã, no sábado (Foto: Direto das Ruas)
Protesto realizado por moradores do Jardim Talismã, no sábado (Foto: Direto das Ruas)

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