ACOMPANHE-NOS     Campo Grande News no Facebook Campo Grande News no X Campo Grande News no Instagram
NOVEMBRO, SÁBADO  23    CAMPO GRANDE 32º

Capital

Morre dentista vítima de homofobia na fila da vacina

Gustavo sofreu homofobia por mulher que recusou vacina por conta da orientação sexual dele

Thailla Torres | 14/10/2021 08:15
Tânia, mãe de Gustavo, ao lado dele em dia de vacina. À época, ela desabafou: "Não podemos deixar o crime permanecer". (Foto: Reprodução Facebook)
Tânia, mãe de Gustavo, ao lado dele em dia de vacina. À época, ela desabafou: "Não podemos deixar o crime permanecer". (Foto: Reprodução Facebook)

O cirurgião dentista Gustavo Lima, de 27 anos, vítima de homofobia que comoveu o País no mês de agosto, foi encontrado morto na madrugada desta quinta-feira (14). Gustavo, que lutava contra a depressão há anos, foi encontrado pelo irmão Adriano Lima, 34, na casa em que vivia com os pais, no Bairro Rita Vieira.

“Perdi a minha vida, perdi tudo o que eu tinha, se alguém tivesse a oportunidade de ter um irmão como ele, eu queria que todo mundo tivesse um pouco do Gustavo”, declarou o irmão ao Campo Grande News.

A mãe, muito abalada, não conseguiu falar com a reportagem. Foi ela quem deu força ao filho para denunciar a homofobia na fila da vacina, em Campo Grande.

Gustavo era residente da UBS do Coophavilla II e voluntário dos pontos de vacinação contra a covid-19 em Campo Grande. No dia 21 de agosto, no drive do Albano Franco, uma mulher recusou o atendimento dele, alegando que a filha adolescente não seria vacinada "por esse tipo de gente: um viado".

O caso virou manchete, foi discutido pela Câmara Municipal, Assembleia Legislativa e acabou repercutindo pelo Brasil.

“Aquilo deu uma reviravolta maior na vida dele, começou a tomar mais remédios, se sentiu muito triste. Mas ele sempre foi alguém que batalhou muito na vida, que lutou por muita gente. Por isso, ele voltou a trabalhar, voltou a vacinar, voltou a estudar e buscou forças para seguir em frente”, descreve Adriano.

Amigos e irmão lembram de Gustavo sorrindo. (Foto: Reprodução redes sociais)
Amigos e irmão lembram de Gustavo sorrindo. (Foto: Reprodução redes sociais)

Hoje, nas redes sociais, amigos e familiares lamentam a morte do profissional da saúde que, mesmo em meio aos desafios e ao crime de homofobia cometido contra ele, não abandonou a profissão

Adriano diz que a família também prestou todo apoio necessário a Gustavo, mas não houve tempo de reverter a depressão. “Infelizmente, ele não resistiu”, diz. “O que fica é o melhor irmão, um grande amigo, um grande profissional e um orgulho para a família”, concluiu o irmão.

Gustavo era formado pela Universidade Federal de Mato Grosso do Sul.

Em Campo Grande, o Grupo Amor Vida (GAV) presta um serviço gratuito de apoio emocional a pessoas em crise através dos telefones (67) 3383-4112, (67) 99266-6560 (Claro) e (67) 99644-4141 (Vivo), todos sem identificador de chamadas. Ligue sempre que precisar!

Horário de funcionamento das 07:00 às 23:00, inclusive, sábados, domingos e feriados. Informações também pelo site (clique aqui).

Nos siga no Google Notícias