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Capital

Mulher recusa imunização e diz que não quer filha "vacinada por viado"

Caso de homofobia aconteceu nesse sábado (21) no polo de vacinação do Albano Franco

Nyelder Rodrigues | 21/08/2021 21:52

O ano é 2021, mas a cabeça de alguns ainda parece parada no tempo, onde abusos e ofensas eram comuns e admitidas socialmente, com naturalidade. A homofobia é um problema ainda no dia a dia de muitas pessoas, acontecendo até na fila da vacina contra a covid-19 em Campo Grande, nesse sábado (21).

Gustavo Lima, cirurgião dentista de 27 anos e em residência multiprofissional em saúde da família, atua sempre nos fins de semana como vacinador no polo do Pavilhão Albano Franco, um dos mais movimentados da Capital.

Contudo, nesse, ele teve uma surpresa desagradável: uma das pessoas na fila, acompanhando a filha, se recusou a ser vacinada por ele alegando que não queria a filha "vacina por esse tipo de gente, um viado".

Postagem feita por Gustavo no Instagram conta tudo pelo que passou hoje (Foto: Reprodução)
Postagem feita por Gustavo no Instagram conta tudo pelo que passou hoje (Foto: Reprodução)

"Olha, foi bem difícil e ainda estou bem abalado. A gente não espera que isso vai acontecer. Acordar para ir trabalhar e lá, isso tudo acontecer. Faz oito meses que aplico as doses ali e hoje acontece isso. Foi à tarde, por volta das 15h", explica Gustavo. "Até olhei bem nela para ver se conhecia, mas nunca vi".

A agressora de Gustavo dirigia o carro com a filha ao lado e, quanto ele aplicava o imunizante no carro da frente, perceber uma confusão logo atrás. "Ela jogou todos os documentos no chão e fez uma bagunça, mas depois admitiu o porquê daquilo. Ela passou reto e foi embora sem a vacina".

O cirurgião dentista conta que ficou imóvel, sem reação alguma diante do absurdo que viu acontecer com ele. "Sinto muito também pelas pessoas que passam por isso. Tive o privilégio de nunca ter passado por isso antes, mas agora foi a minha vez. A gente sabe que acontece, mas nunca espera com a gente", reflete.

Atordoado e anestesiado são alguns dos adjetivos que a vítima usa para descrever como se sentiu após a situação toda ocorrer. "Ao mesmo tempo também fiquei com medo a cada carro que chegava. Pensava, será que essa pessoa vai achar ruim se eu for atendê-la? Vai comentar as mesmas coisas que aquela mulher?".

Outro post feito nos stories do Instagram por Gustavo (Foto: Reprodução)
Outro post feito nos stories do Instagram por Gustavo (Foto: Reprodução)

Vítima de homofobia, Gustavo recebeu a garantia de sua superior imediata no Albano Franco que as câmeras de segurança do local serão verificadas para que a placa do veículo seja encontrada e, assim, ele consiga ir até a Polícia Civil denunciar o caso, encontrado a pessoa que o ofendeu.

"Já conversei com minha mãe bastante e resolvemos que vamos dar continuidade nisso. Depois que você sofre começa a pensar em muitas coisas. Isso não se faz com ninguém", afirma. Em suas redes sociais, Gustavo também comentou a situação e revelou que o carro da mulher era um Toyota Corolla branco.

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