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Capital

Na Capital, 71% das pessoas presas em flagrante em quase 2 anos são negras

Percentual se refere às pessoas que passaram por audiência de custódia, para verificar legalidade da prisão

Izabela Cavalcanti | 20/11/2022 16:39
Polícia penal no presídio da Gameleira, em Campo Grande (Foto: Henrique Kawaminami)
Polícia penal no presídio da Gameleira, em Campo Grande (Foto: Henrique Kawaminami)

Em Campo Grande, das 4.878 pessoas que passaram por audiência de custódia, em quase dois anos, 3.486 se autodeclararam negras, sendo 634 pretas e 2.852 pardas. O número representa 71,5% desses presos, de março de 2021 a outubro de 2022. Os dados são da Defensoria Pública de Mato Grosso do Sul, por meio de levantamento feito pelo Nucrim (Núcleo Institucional Criminal), em alusão ao Dia da Consciência Negra, neste domingo (20).

“Alguns números chamaram a atenção e merecem reflexão, valendo registrar que as audiências de custódia fornecem um relevante panorama da porta de entrada no sistema prisional. Em outras palavras, é um importante 'termômetro' do  encarceramento”, pontua o coordenador do núcleo, defensor público Gustavo Henrique Pinheiro.

Conforme estimativa do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), Mato Grosso do Sul tem cerca de 2.839.188 de habitantes. Deste total, a PNAD (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios) de 2020/2021 mostrou que 43% se autodeclararam como brancos 49,6% como pardos e 6,1% como pretos.

“Esperamos que a data de 20 de novembro, que marca o dia da Consciência Negra, em um futuro próximo, mais do que um dia de luta, seja também lembrada como uma data de celebração. Até lá, a música escrita por Marcelo Yuka, ‘Todo camburão tem um pouco de navio negreiro’, interpretada pela banda O Rappa, nos soa como um importante alerta”, destaca o coordenador do Nucrim.

De acordo com a Defensoria, não é possível chegar a uma conclusão definitiva sobre a causa da maior taxa de encarceramento de negros. No entanto, existem algumas hipóteses, como por exemplo, a possibilidade de que o maior encarceramento da população negra se deva não em razão de sua cor, mas, sim, em razão de sua condição socioeconômica.

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