No hospital referência, enfermagem teme déficit e falta de material de protecão
“Existe material, mas não vai durar muito tempo”, afirma diretor do Conselho de Enfermagem
Na linha de frente do atendimento de pacientes com novo coronavírus (Covid-19), a enfermagem do HR(Hospital Regional) Rosa Pedrossian, unidade de referência para tratamento da doença, se preocupa com a falta de material de proteção e com um cenário velho conhecido: déficit de profissionais.
De acordo com o diretor-presidente do Coren-MS (Conselho Regional de Enfermagem), Sebastião Júnior Henrique Duarte, o setor de costura confecciona máscaras de tecido e TNT para os profissionais.
“O hospital está se adequando às recomendações do Ministério da Saúde. Existe material, mas não vai durar muito tempo e o Estado está se mobilizando para conseguir mais materiais. O grande problema é não ter onde comprar. Até instituições privadas não estão encontrando”, afirma Sebastião Júnior.
Segundo ele, o HU (Hospital Universitário) de Campo Grande também produz máscaras de tecido. “Mas não é recomendada para quem está em contato direto”, diz o presidente do Coren.
Conforme o conselho, o déficit na enfermagem do HR é discutida na Justiça por meio de ação civil pública. Já foram chamados 50 enfermeiros e aberto processo seletivo para 40 técnicos de enfermagem. “Mas precisava , no mínimo, de 100 técnicos porque o déficit é de 197 profissionais”, afirma Sebastião Júnior.
No sábado, o Comitê de Emergência do Hospital Regional lançou campanha em busca de doação de materiais de trabalho: máscaras, luvas e óculos de proteção. O HR tem 350 enfermeiros e cerca de 500 técnicos de enfermagem.
Ainda no fim de semana, o governo divulgou ontem (dia 22) que não falta material no Hospital Regional Rosa Pedrossian e detalhou quantitativos de equipamentos de proteção individual comprados.
Contudo, na mesma nota, a SES (Secretaria Estadual de Saúde) confirmou que há campanha de estímulo para doação de máscaras N95, luvas de procedimento (P, M e G), touca descartável, aviamentos (linha, punho para avental, elástico tipo cordão de 205 mm, tecidos (TNT gramatura 80, tricoline, napa), arame de amarração (gravatinha) e fraldas para adulto. As doações podem ser entregues no quartéis do Corpo de Bombeiros, em Campo Grande.
Localizado no bairro Aero Rancho, em Campo Grande, o HR transferiu pacientes e montou tenda no estacionamento para atender casos de Covid-19.
Mato Grosso do Sul começou a segunda-feira com 21 casos confirmados de coronavírus. No dia 14 de março, eram dois pacientes com teste positivo em Campo Grande. Desde a semana passada, há o clamor do isolamento social para que as pessoas fiquem em casa. A estratégia tenta conter a curva de crescimento de casos.