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Capital

Pai diz que colombiano tratou Matheus “como se fosse um animal”

O velório de Matheus acontece desde as 9h, no Cemitério Parque de Campo Grande

Viviane Oliveira e Bruna Marques | 01/03/2022 11:29
Pais de Matheus durante o velório do filho. (Foto: Henrique Kawaminami)
Pais de Matheus durante o velório do filho. (Foto: Henrique Kawaminami)

“Literalmente foi um assassinato. O pior de tudo é que ele [o colombiano que causou o acidente] tratou meu filho como se fosse um animal, não deram assistência nenhuma para ele”, lamentou Israel Graciano da Rocha, 65 anos, durante o velório do filho, Matheus Frota da Rocha, 27 anos.

O rapaz morreu em acidente de trânsito ocorrido no começo da manhã de ontem (28). Carlos Hugo Naranjo Alvarez, de 32 anos, condutor da Mercedes-Benz que causou o acidente, fugiu sem prestar socorro e foi preso horas depois em Rochedo.

Israel e a esposa, Ivonete Frota da Rocha, 51 anos, são de Cuiabá, Mato Grosso, e tiveram que fazer uma vaquinha para conseguir viajar às pressas e chegar a tempo de participar do velório do filho. Matheus morava há cerca de três anos em Campo Grande e trabalhava como mecânico de motos.

Segundo o pai, devido à pandemia não pôde estar com o filho nos dois últimos anos, mas falava todos os dias com Matheus pelo celular. “No fim do ano passado, minha esposa veio para cá e ficou 33 dias com ele. Quando estava aqui, ela compartilhou comigo todos os momentos que passou com ele. Meu filho era muito alegre, extrovertido e feliz. Onde ele estava tinha piada. Quando me mandava áudio, me chamava de gurizão e sempre dizia: ‘Como você está? Deus abençoe seu dia, sua vida, um beijo, pai. Fica com Deus'”, relembrou Israel.

Flávio, irmão mais velho de Matheus, contou que estava em Jardim quando recebeu a notícia da morte de Matheus. (Foto: Henrique Kawaminami) 
Flávio, irmão mais velho de Matheus, contou que estava em Jardim quando recebeu a notícia da morte de Matheus. (Foto: Henrique Kawaminami)

O motorista contou que Matheus nasceu em Campo Grande, mas a família se mudou para o Mato Grosso ainda quando o rapaz era pequeno. Aos 24 anos, o jovem veio passear e resolveu ficar na cidade para morar. “Quando recebi a notícia da morte dele, na hora, me desesperei. Aqui tem muitas pessoas de moto morrendo. Ele já tinha comentado sobre isso comigo”, contou.

Sobre a nora, Samira Ribeiro dos Santos, 19 anos, esposa de Matheus, que também ficou ferida no acidente, Israel comemorou o fato dela estar grávida. “Agora, ficou um pedacinho do nosso filho. Vamos ajudá-la em tudo o que precisar. Vamos dar muito amor para essa criança”. A jovem continua internada na Santa Casa recebendo atendimento médico e não corre risco de morte.

Clamando por justiça, a cozinheira Ivonete Frota da Rocha, 51 anos, mãe da vítima, relembrou os momentos em que passou com o filho no fim do ano passado. “Ele estava cheio de sonhos, ia montar a oficina dele, nem acredito. Esse homem [o motorista] vai ter que pagar pelo que fez. Ele tirou a vida de um rapaz de 27 anos”, disse.

O irmão mais velho da vítima, Flávio Correia da Rocha, 38 anos, estava trabalhando numa fazenda de Jardim, quando recebeu a notícia dada pela esposa. “Todo mundo foi pego de surpresa”, lamentou.

Da esquerda para a direita, estão Flávio, Israel e Ivonete com uma conhecida da família ao lado. (Foto: Henrique Kawaminami)
Da esquerda para a direita, estão Flávio, Israel e Ivonete com uma conhecida da família ao lado. (Foto: Henrique Kawaminami)

Ele disse que de domingo para a segunda, Matheus dormiu com a esposa na casa da sogra, porque o pneu da moto havia furado. No outro dia, após o conserto, ele seguia para deixar a mulher em casa e depois ir para o trabalho, quando aconteceu o acidente. Quanto ao motorista que causou a colisão, Flávio não sabe se ele será punido ou não. “A nossa legislação é falha em muitas coisas”, afirmou.

O velório de Matheus acontece desde as 9h, no Cemitério Parque de Campo Grande, localizado na Avenida Senador Filinto Muller, nº 2603, com sepultamento agendado para as 16h30 de hoje.

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