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Capital

Para evitar dois júris, defesa de réu por matar Sophia também desiste de recurso

Advogados de Christian Leitheim entendem que cliente deve enfrentar jurados junto com mãe da vítima

Por Anahi Zurutuza | 03/07/2024 19:40
Christian Campoçano Leitheim, 27, e Stephanie de Jesus da Silva, 25, réus pela morte de criança de 2 anos durante audiência (Foto: Juliano Almeida/Arquivo)
Christian Campoçano Leitheim, 27, e Stephanie de Jesus da Silva, 25, réus pela morte de criança de 2 anos durante audiência (Foto: Juliano Almeida/Arquivo)

Numa estratégia para evitar que Christian Campoçano Leitheim, de 27 anos, enfrente corpo de jurados sozinho, a defesa do padrasto acusado de espancar a enteada até a morte em janeiro do ano passado desistiu do recurso contra a sentença que o mandou a júri popular.

O pedido de desistência foi protocolado nesta quarta-feira (3), dois dias depois que advogadas de Stephanie de Jesus da Silva, 25, a mãe que também é ré pela morte da filha, Sophia Ocampo, aos 2 anos e 7 meses, renunciaram ao direito de recorrer da mesma decisão e pediram que o processo fosse desmembrado, de modo que o julgamento da acusada fosse logo marcado.

Na peça processual, os advogados Pablo Arthur Gusmão Buarque, Renato Cavalcante Franco, Willer Souza Alves de Almeida e Arianne Dryelle de Siqueira justificam que “o recorrente poderá, a qualquer tempo, sem a anuência do recorrido ou dos litisconsortes, desistir do recurso”.

Já em nota enviada à reportagem, os defensores de Christian dizem entender que júri do cliente ao lado de Stephanie será mais justo. “A defesa discorda que o julgamento ocorra em separado, pelo menos, pelos motivos lá expostos. Isto porque, o fato que deu causa ao julgamento é situação a que ambos respondem e na qualidade de corréus. Portanto, o julgamento único, de ambos, perante o mesmo Conselho de Sentença, é crível, pois se trata, como dito de um mesmo fato para quem será atribuída a devida responsabilização, se assim ocorrer ‘na medida de suas culpabilidades’”.

Os advogados também justificam que a desistência do recurso acelerará o andamento do processo, já que um dos argumentos dados pela defesa de Stephanie para o desmembramento da ação era que a cliente estava sendo prejudicada com o atraso na marcha processual, presa preventivamente desde janeiro do ano passado sem ser considerada culpada ou inocente.

“Em relação ao posicionamento daquela defesa técnica, a defesa de Christian respeita e corrobora que existem prejuízos causados. Porém, a ambos. Não apenas a um deles, tal como a demora na realização de julgamento e a situação da prisão preventiva que se arrasta no tempo, sem a devida revisão, por exemplo”, diz o texto enviado ao Campo Grande News.

A acusação – Na tarde do dia 26 de janeiro do ano passado, Sophia deu entrada na UPA do Coronel Antonino, no norte de Campo Grande, já sem vida. Inicialmente, a mãe, Stephanie, que foi até lá sozinha com a garota nos braços, sustentou versão de que ela havia passado mal, mas investigação médica encontrou lesões pelo corpo, além de constatar que a morte havia ocorrido cerca de quatro horas antes da chegada ao local.

O atestado de óbito apontou que a menininha morreu por sofrer trauma raquimedular na coluna cervical (nuca) e hemotórax bilateral (hemorragia e acúmulo de sangue entre os pulmões e a parede torácica). Exame necroscópico também mostrou que a criança sofria agressões há algum tempo e tinha ruptura cicatrizada do hímen – sinal de que sofreu violência sexual.

Para a investigação policial e o MP, a menina foi espancada até a morte pelo padrasto, depois de uma vida recebendo “castigos” físicos.

Para mandar o casal a júri, o juiz Aluízio Pereira dos Santos trouxe na sentença trecho do depoimento do perito Fabrício Sampaio Morais de Paiva para grifar a crueldade aplicada contra a vítima. Veja:

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Versões – Stephanie alega que não viu Christian batendo em Sophia, mas atribui a morte da filha ao ex-companheiro. “Quando eu saí, ele já estava com ela no colo, desacordada. Ele deitou ela no colchão e fez massagem cardíaca, respiração boca a boca nela. Mas, eu estava tão desesperada que eu não sabia o que fazer, que eu não me toquei na hora o que estava acontecendo”, relatou no dia 5 de dezembro.

Já Christian alega que dormiu o dia todo sob efeito de drogas e álcool. Disse que foi despertado pela mulher. “Quem me acordou foi a Stephanie falando que a Sophia não estava bem. Quando eu vi, ela já estava com a boca roxa e convulsionando”.

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