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Capital

PM que revistou prima de major preso em operação diz que foi ameaçada de morte

Major aposentado da PM, Gilberto Luiz, negou ter ameaçado a policial, afirmando que apenas exigiu respeito

Por Viviane Oliveira | 23/08/2024 12:20
Fachada do Presídio Militar Estadual, na Rua Indianápolis, no Jardim Noroeste (Foto: arquivo / Campo Grande News)
Fachada do Presídio Militar Estadual, na Rua Indianápolis, no Jardim Noroeste (Foto: arquivo / Campo Grande News)

Em maio deste ano, uma soldada da PM (Polícia Militar), de 32 anos, denunciou o major aposentado da Polícia Militar, Gilberto Luiz dos Santos, conhecido como “Major G. Santos”, preso desde dezembro do ano passado na Operação Sucessione, por ameaça de morte.

A policial, que no dia dos fatos fazia a revista das visitantes femininas, disse que o preso exigiu tratamento diferenciado à família e a agrediu verbalmente. Na ocasião, Gilberto estava no Presídio Militar Estadual, localizado no complexo penitenciário, na Rua Indianápolis, no Jardim Noroeste, em Campo Grande.

Ao ser ouvida no Inquérito Policial Militar, a PM contou que passava pelo corredor do bloco administrativo, quando se deparou com o major questionando outro militar sobre quem havia perguntado à sua prima (visitante) se carregava bebida alcoólica na bolsa.

O PM disse que não havia sido ele, pois quem fazia a revista nas mulheres e nos pertences era a colega, apontando para a soldada. Foi neste momento, conforme a policial, que o major foi em sua direção e com uma postura intimidadora, apontou o dedo para o seu rosto falando que "na próxima visita, se você perguntar novamente aos meus familiares se estão trazendo bebida, eu te mato".

“Me ameaçou de morte, me humilhou, exigiu um tratamento diferenciado a sua família, me agrediu verbalmente, só não me agrediu fisicamente devido às filmagens do corredor. Foi violento, misógino, desrespeitoso, abusivo e usava a própria patente para me intimidar", declaração da policial que consta em trecho do inquérito policial militar.

Conforme a soldada, sem acreditar no que estava acontecendo, ainda perguntou ao major se era uma brincadeira. Situação que deixou o interno mais nervoso. Foi neste momento que, segundo depoimento da policial, o major se aproximou e disse: "que está na polícia há mais de 30 anos e já matou muitas pessoas na rua e com ela não seria diferente".

Major Gilberto Luiz dos Santos é da reserva remunerada da PM desde 2017 (Foto: Reprodução)
Major Gilberto Luiz dos Santos é da reserva remunerada da PM desde 2017 (Foto: Reprodução)

Respeito - O major negou ter ameaçado a policial, afirmando que apenas exigiu respeito. Ele contou que no dia da visita, no período da tarde, a sua prima reclamou da forma que foi tratada, ao ser questionada sobre o volume por baixo da blusa.

Ainda segundo o major, mesmo não encontrando nada, a policial continuou a insinuar que a visitante poderia estar portando bebida alcoólica. Ele disse que, ao questionar a policial sobre o constrangimento que sua prima informou ter passado durante o procedimento da visita, a soldada se exaltou, tirou o aparelho celular do bolso da farda e começou a filmar o chamando de “preso imundo”.

Após a análise das peças, pela Corregedoria da Polícia Militar foi concluído que não houve crime de ameaça, mas havia ficado evidente a prática de desacato à militar por parte do major e a existência de transgressões disciplinares por ambos os militares por terem travado discussão em tons desrespeitos.

Porém, o MPMS (Ministério Público de Mato Grosso do Sul) pediu arquivamento. “Não só pela insuficiência de provas, mas especialmente pela versão isolada da suposta vítima de ter sido ameaçada e/ou desacatada no exercício da função, mostra-se incabível deflagrar ação penal contra o major Gilberto Luiz do Santos por carência de justa causa para futura ação penal”. A Justiça acolheu o parecer do Ministério Público e determinou o arquivamento do procedimento.

Prisão - O major Major G. Santos, da reserva remunerada, que também era lotado na Assembleia Legislativa, no gabinete do deputado estadual Roberto Razuk Filho, o Neno Razuk (PL), foi preso em dezembro do ano passado em operação que investiga o jogo do bicho em Campo Grande.

Dois meses antes da operação, o major havia sido foi encontrado com a “turma do baralho”, em imóvel do bairro Monte Castelo, onde foram apreendidas 700 máquinas para a coleta de apostas do jogo do bicho.

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