Problema antigo, Bairro Santo Antônio vira lago quando chove
As chuvas fortes que atingiram Campo Grande na quarta-feira (3) e na quinta-feira (4) alagaram casas, comércios e ruas
Móveis perdidos, alimentos estragados e ruas intransitáveis. É a situação do bairro Santo Antônio, na região norte de Campo Grande, quando chuvas fortes atingem a cidade. Os moradores lidam com o problema há anos e acumulam prejuízos. Os bueiros e bocas de lobo, afirmam, nunca são limpos. Outra queixa é sobre a obra de duplicação da Avenida Júlio de Castilho, que, segundo eles, piorou a situação.
Renata Arakari, 39, vive na Rua Leônidas de Matos, uma das vias que alagam. Renata explica que a água desce do bairro Santo Amaro e não encontra escoamento. “Todo ano acontece a mesma coisa”, reclama. A pensionista e a família limparam a casa até às 2h. “Antigamente vinha até tampa de caixão para cá”, relata.
Enquanto mostrava a infiltração e os móveis estragados, Renata comenta que não tem condições de substituir os móveis. Ela afirma que os moradores sempre cobraram da administração municipal, mas a limpeza não é realizada.
“O pessoal coloca as casas para vender porque não quer mais. Quem tem casa para alugar não consegue. Tem índice alto de dengue e leishmaniose, o esgoto sobe e sai no banheiro. Nós fazemos empada, molhou todos os ingredientes”, conta. O prejuízo, avalia, supera os R$ 1 mil.
Confia o vídeo dos locais alagados no bairro Santo Antônio:
“É ruim porque não dá pra passar de carro. Ontem mesmo ficou um carro parado na rua”, contou a aposentada Elaine Aparecida Eloy, 51.
Manoel Martins Freire Filho, 53, tem uma loja de móveis no cruzamento da Avenida Júlio de Castilho com a Rua Presidente Vargas. A água entrou no local, inundou e molhou os móveis, segundo ele relatou. O comerciante calcula ter perdido R$ 3 mil. “O que for de móveis MDF prejudicou tudo. Todas as vezes acontece isso, depois que mexeram na Júlio de Castilho”, afirma.
O cozinheiro Cláudio Cesar Lopes, 29, acordou com os cachorros chorando, quase afogados no quintal. “Tive que colocar dentro de casa e olhar o fundo. Minha máquina centrífuga estava até a metade de água e acho que perdi. Minha varanda ficou toda enlameada”.
O militar aposentado Tomaz Jacquet, 65, vive na Rua Leônidas de Matos ao lado da filha, que viu todos os móveis, recém comprados, ficarem completamente molhados, alguns sem recuperação.
“Quando chove a água vai entrando, chega na sala e para tudo que é lado. O sofá está molhado, já era”, conta o militar. “Ficou pior depois que construiu o Atacadão, a água bate ali e não segue, ela se aglomera. Terreno é caro e pagamos IPTU (Imposto Predial e Territorial Urbano) altíssimo”, reclama.
A Rua Taquari vira um lago e ninguém consegue passar pelo local, além da água invadir comércios e casas. Funcionário de uma distribuidora de gás, Jodair Manetti, 60, afirmou que os trabalhadores ficam durante toda a tarde de quinta-feira limpando o local e retirando a água. “Esses bueiros devem estar todos entupidos”. Ele afirma que a água subiu cerca de 30 cm.
Sueli Barbosa e Edna Cavalcante vivem na Rua Afrânio Peixoto, onde é localizada a Escola Municipal Manoel Inácio de Souza. As crianças que estudam lá, contaram, ficam ilhadas quando o volume de chuva é grande, já que a via fica completamente alagada.
“Teve uma senhora que teve que levar uma criança da escola nas costas”, contou.
Confira a galeria de imagens: