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Capital

Professora morreu de dengue seis meses após retornar do Japão

Michel Faustino e Alan Diógenes | 08/05/2015 17:08
Ainda abalado, aposentado acredita que houve descaso no atendimento de sua mulher que morreu por conta da dengue. (Foto: Fernando Antunes)
Ainda abalado, aposentado acredita que houve descaso no atendimento de sua mulher que morreu por conta da dengue. (Foto: Fernando Antunes)
Professora aposentada não resistiu a doença e morreu no HU (Foto: Facebook/reprodução)
Professora aposentada não resistiu a doença e morreu no HU (Foto: Facebook/reprodução)

“Prestativa, carinhosa, ativa e muito alegre”, é assim que ela sempre será lembrada, diz o marido da professora aposentada, Amélia Atsuko Guenka da Silva, 67 anos. Amélia faleceu na segunda-feira (04), cerca de seis meses após retornar de uma temporada de três anos no Japão, vítima da dengue. É o primeiro óbito por conta da doença registrado na Capital. Outros quatro já foram confirmados no Estado e quatro estão sob investigação.

Ainda abalado, o aposentado Pedro Oliveira da Silva, 71, conversou com o Campo Grande News e a todo momento fez questão de enaltecer as qualidades de sua “amada”. “Ela era uma pessoa muito boa, sempre ajudava a todos”, diz.

Mãe zelosa, de três filhos, a aposentada se dispôs a viajar para o Japão auxiliar o mais velho e passou três anos por lá.

“Ela foi para ajudar o meu filho com os netos. Por lá ela trabalhou até de atendente para contribuir financeiramente. A pedido do meu filho, ela voltou”, lembrou.

O aposentado lembra que Amélia estava feliz e os dois planejavam viajar no dia em que ela começou a sentir os primeiros sintomas da doença. “Seria a primeira viagem que faríamos juntos desde de que ela voltou do Japão”, completou.

Segundo Pedro, eles embarcariam no dia 01 de maio para Três Lagoas (MS), mas no dia 30 de abril Amélia começou a passar mal. Segundo ele, a esposa começou a sentir dor de cabeça, tontura, febre e então eles decidiram procurar a Unidade de Saúde do bairro Coronel Antonino.

A aposentada recebeu o atendimento primária, teve uma amostra do sangue coletada e o médico a liberou e pediu que ela retornasse três dias depois, no dia 02 de maio. Ao retornar no dia 02, um novo exame foi solicitado e mesmo com dores, febre e ânsia de vômito a aposentada foi novamente liberada, sendo pedido para que ela retornasse no dia 04.

No dia em questão, Amélia já acordou com muita dor e vomitando sangue. Ela teve que ser levada para a Unidade de Saúde por uma viatura do SAMU (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência). A aposentada deu entrada na unidade por volta das 05h30 e às 10h o seu estado de saúde se agravou. Com isso, ela precisou ser transferida para o Hospital Universitário, dando entrada por volta das 11h.

No mesmo dia, por volta das 18h, a aposentada não resistiu e morreu. Aos familiares, o médico informou que ela teve três paradas cardíacas e veio a óbito por conta de uma úlcera, o que é contestada.

“Minha mulher estava bem de saúde, não tinha nada. Eles falaram que era úlcera, mas desde o início era dengue. E eu acho que ocorreu um descaço. Porque ficamos nessa vai e volta um monte de vezes até acontecer o pior. Eu acredito que precisa de mais humanização no atendimento, sem essa de porque não tem salário maior não atende direito. E quem sofre é o paciente que chega lá, o médico nem olha na cara e manda embora para casa. Isso poderia ser evitado se a realidade não fosse essa”, desabafou.

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