Professores de MS lotam avenida para pedir valorização da educação pública
Mobilização de nível nacional reuniu mais de 9 mil pessoas na Avenida Afonso Pena, na manhã de hoje (23)

Milhares de professores e trabalhadores da educação de Mato Grosso do Sul lotaram a Avenida Afonso Pena, na região central de Campo Grande, na manhã desta quarta-feira (23), em ato por valorização da escola pública, realização de concursos e contra a precarização do ensino.
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Cerca de 9 mil professores e trabalhadores da educação realizaram uma manifestação em Campo Grande (MS) nesta quarta-feira (23), ocupando a Avenida Afonso Pena, em defesa da educação pública. O protesto, que faz parte da 26ª Semana Nacional de Promoção e Defesa da Educação Pública, reivindica o cumprimento do Piso Nacional do Magistério, a realização de concursos públicos e o fim da terceirização do ensino. Segundo a Fetems, 49% dos professores da rede estadual são temporários, situação que compromete a qualidade do ensino. A manifestação contou com participantes da capital e do interior, incluindo caravanas de diversas cidades. O movimento, organizado pela CNTE e coordenado pela Fetems e ACP, continuará com ações programadas até segunda-feira (29), incluindo visitas às câmaras municipais e uma campanha de doação de sangue.
A concentração começou às 9h, na Praça do Rádio Clube, e a manifestação seguiu em caminhada pela Rua 13 de Maio, com carro de som, faixas, camisetas temáticas e palavras de ordem que tomaram o centro da Capital. Segundo estimativa da GCM (Guarda Civil Metropolitana), cerca de 9 mil pessoas participaram do ato e ocuparam as ruas.
O protesto integra a 26ª Semana Nacional de Promoção e Defesa da Educação Pública, organizada nacionalmente pela CNTE (Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação) e realizada no Estado com coordenação da Fetems (Federação dos Trabalhadores em Educação de MS) e ACP (Sindicato Campo-grandense dos Profissionais da Educação Pública).
“É uma semana com várias agendas. Hoje à tarde, teremos audiência pública na Assembleia Legislativa para discutir o Plano Nacional de Educação, que precisa de revisão urgente para garantir qualidade e equidade”, destacou o presidente da ACP, Gilvano Bronzoni. “E hoje, aqui em Campo Grande, recebemos caravanas de várias cidades. Vamos às ruas para mostrar que a luta pela educação pública é coletiva”, completou.

Entre as principais reivindicações estão o cumprimento do Piso Nacional do Magistério - ainda ignorado por muitos gestores, segundo os sindicatos -, a realização de concursos públicos em todas as esferas e o fim da terceirização da educação, apontada pelos manifestantes como uma ameaça à qualidade do ensino.
“O recurso público é da população e deve ser investido por meio do serviço público. Terceirizar é concentrar na mão de poucos, com remuneração inferior, falta de estabilidade e condições precárias de trabalho”, pontuou Bronzoni. Segundo ele, a defesa da escola pública passa também pela valorização dos profissionais administrativos, da educação especial e da formação cidadã, “que não cabe em modelo gerido por interesses privados”.
A vice-presidenta da Fetems, Deumeires Morais, lembrou que o problema da falta de concursos compromete o funcionamento da rede. “Temos um concurso vigente, mas não é suficiente. Hoje, 49% dos professores da rede estadual são temporários. Isso afeta a qualidade do ensino, gera rotatividade e fragiliza a carreira. Queremos concursos em todos os municípios que tenham vagas, para garantir estabilidade e dignidade”, disse.
Manifestantes - Entre os manifestantes, o professor Leonardo Dias chamou atenção ao usar um nariz de palhaço durante o ato. A escolha do adereço, explicou, simboliza como os profissionais se sentem diante do descaso com a educação.
“É uma forma de mostrar que estamos sendo tratados como palhaços. Não respeitam o piso nacional, o piso dos administrativos está parado no Congresso. Estamos sendo desvalorizados. O ano que vem é eleitoral, e precisamos votar em quem realmente representa a educação”, comenta Leonardo.

O professor aposentado Roque Gonçalves, de 72 anos, também foi às ruas para reivindicar direitos. “Não tem outra maneira de resolver, se não for através do manifesto. A gente não está contente com muita coisa que está acontecendo.”
Ele relata estar aposentado há 18 anos, após ter atuado por 37 anos em sala de aula. Nesse tempo, afirma ter notado a perda de direitos, como parte do plano salarial, especialmente no caso dos professores convocados.
“A gente tem que continuar lutando por isso. E os convocados perderam muito mais. Eles perderam 34%. Acho que um dos motivos de ter pouca gente aqui hoje é isso: os convocados estão revoltados e não quiseram vir, porque foram os que mais perderam. Aí culpam o nosso sindicato, culpam a Fetems. Mas o que a gente lutou para ter foi o possível”, diz Roque.

A paralisação também contou com a adesão de profissionais da educação de municípios do interior. De Amambaí, a 351 km da Capital, Gilney Chaves da Silva saiu às 4h da manhã para participar. Servidora da rede municipal há 11 anos, ela atua na recepção de uma escola pública e afirma que o movimento é necessário para exigir respeito.
“Queremos mais educação com educação, mais respeito. Falta estrutura, pessoal nas escolas, salário digno. Ultimamente somos tratados como máquinas. A educação está perdendo a essência, e isso reflete na forma como a sociedade trata os profissionais da escola”, afirmou Gilney.
Programação - De acordo com a Fetems, a mobilização da 26ª Semana Nacional continua com ações ao longo da semana. Na quinta-feira (24), estão previstas visitas de representantes sindicais às câmaras municipais para dialogar com vereadores sobre as pautas da educação.
Na sexta-feira (25), a agenda inclui uma campanha de doação de sangue, como gesto de cidadania. A programação se encerra na segunda-feira (29), com um debate entre estudantes sobre os desafios e o futuro da escola pública no Brasil.
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